revoluciomnibus.com

almanaque das ideias cores e sons do maior movimento de juventude da história

 

o livro do rock & da contracultura

               e da eterna rebeldia

com relato inédito do antes durante e depois do 25 de Abril de 1974 em Portugal

EBOOK  À VENDA em Amazon.com

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                                    ciberzine & narrativas de james anhanguera 

           

Por dentro e por fora em Londres

Terra da Dama Eletroacústica

Medo, atraso e rock no grotão

Era uma vez a revolução

Droga Loucura e Vagabundagem

- Da Teoria à Prática ou Vice-Versa

Rumo às ilhas da Utopia  

Era uma vez as revoluções

 so listen to the rhythm of the gentle bossa nova

 narrativas de rock estrada e assuntos ligados

  

Cedo se apercebeu de que o remédio era cavalgar o tigre em que montara sem pensar muito no destino, cavalgar só para não ficar parado sobre a fera que a todo instante ameaça engoli-lo.

...

- Mas vem cá, tá tudo muito careta à nossa volta e os caretas desbundando tanto nas ondas mais vergonhosas que a gente até se retrai.

janelco vist para  a  contracultur opar culturcontr natura

 divertissement ilustrado, cronistória romanceada, docudrama

      

                         Trechos da versão PT BR - versão on-line

    Era uma vez a revolução  

                                                     Era uma vez a revolução

                                                                                          Lisboa, Porto, 1974-75

    Edgar Lessa está na Rádio Renascença de Lisboa – que proíbe qualquer alusão ao golpe – e passa a manhã e a tarde no Largo do Carmo, onde constata que o putsch não redundará numa revolta popular. Em poucos dias a rádio estará também no centro dos acontecimentos com a sua famosa ‘ocupação’ a 30 de Abril de 1974.

   Aos 20 anos o protagonista toma parte ativa em acontecimentos cruciais dos primeiros meses de agitação, acompanhando em close sobressaltos derivados da queda de braço nos bastidores políticos pelo controle do poder.

    Em poucos meses uma revista com que colabora fecha e é despedido da rádio sob a acusação de ‘extremismo’.

    Do centro às margens Ed entra em contato com segmentos que de uma maneira ou de outra contribuem para o alargamento do espectro político-existencial em que se desenvolvem os acontecimentos até 25 de novembro de 1975, quando acaba a ‘revolução’.

    Nunca é tarde: Portugal vive finalmente o seu Verão do Amor e a sua Revolução das Flores, muito embora sem pôr minimamente em causa valores, símbolos e instituições pacífica ou violentamente contestados ainda àquela época em sociedades mais avançadas.         

    

                                                                                                                                  capítulo 4 de                                              

                Por dentro e por fora em Londres

                Terra da Dama Eletroacústica  

                 Medo atraso e rock no grotão  

                  Era uma vez a revoluçã  

                Droga, Loucura e Vagabundagem

                          
                            

                          - Da Teoria à Prática ou Vice-Versa

 

                             Rumo às ilhas da Utopia  

                             Era uma vez as revoluções

so listen to the rhythm of the gentle bossa nova

 narrativas de rock estrada e assuntos ligados

    

                                  Era uma vez a revolução

                    Era uma vez a revolução

Acontecimentos imprevistos, inéditos, cada golpe é um golpe, e normalmente os putschen militares acontecem para impor, não derrubar ditaduras. Gestos inéditos desde a mãe de todas as revoluções, 1789, 1830, 1848, o daguerreótipo, o cinema, o automóvel, a rádio, a TV, a Bomba H, o Sputnik, a máquina de escrever Underwood, o barbeador elétrico, a guitarra elétrica, os sit-in contra o Establishment e a guerra do Vietnam, 1968. Gestos inéditos. Que se comete ou se vê em primeira mão absoluta. As calças e camisas justas ao corpo, floridas. Gravatas-babadores de nós enormes, floridas ou com padrões psicodélicos multicoloridos. Calças de boca-de-sino, a retomar uma tradição de marinheiros e fadistas. Os três acordes básicos dos blues amplificados e sustentados por baixo e bateria. O pedal wah-wah. Os sons de Hendrix. Sons de comoção, em que todo o corpo é tomado de um frêmito como de um choque de prazer, um orgasmo bem conseguido ou dar a primeira tragada num baseado de haxixe fresco ou sentir o ácido subindo devagarzinho e apossar-se do cérebro, todo ele, cosmos interno, conhecido ou indesvendável. Só desvelado talvez através de uma meditação de ioga. Pássaros de Fogo, Sagrações da Primavera, gimnopedias astrais.

 

Não é o meu primeiro golpe. 1o de abril, dia da mentira, dizem alguns milicos que agiam com boas intenções, acabar com a baderna do governo João Goulart, com raízes mais  profundas, mas segundo alguns porque, pressionado por todos os flancos, o presidente não era firme nos propósitos e não tinha pulso forte, um indeciso... Ou pela equação mais simples: para Washington, tempo de “pôr ordem” no quintal latino-americano. Tinha eu dez anos, recomendação de que a população não saísse de casa também houve, não houve aulas, fiquei frente à TV na hora dos desenhos animados a ver parte dos acontecimentos ao vivo, porque os estúdios de uma emissora ficavam quase em frente do Forte de Copacabana, onde estavam as tropas cujo comando mantinha-se leal ao governo constitucional, para mim nada daquilo tinha grande significado, mas de qualquer modo o clima era outro, da agitação quase permanente do governo que se diria de centro-esquerda, compelido a implementar um programa de ‘reformas de base’, para uma outra fase, que o clima no ar e as caras velhas dos altos oficiais sublevados já faziam pressentir opressora.

         Aqui não. Os sinais são de sentido oposto. Os comandantes operacionais, como Salgueiro Maia no Carmo, são jovens, e tudo neles leva a sentir serem gente como nós, decidida a pôr fim à opressão. Seja como for, orientados por quem? Sob que orientação? As pessoas nas ruas temerariamente a acompanhar lado a lado com os soldados a evolução dos acontecimentos, a vibrar pelo sucesso da insurreição e já a festejar a queda do regime que as manteve enjauladas toda a vida.

       A multidão, que conviveu o dia todo, tu cá tu lá, com o golpe em curso, pensa que agora é tudo cá c’a malta e quer seguir os soldados também na tomada da Bastilha, ops!, do quartel da GNR (Guarda Nacional Republicana, a "gendarmerie" portuguesa, uma espécie de PM), arrancar Thomaz e Caetano da prisão e justiçá-los a quente, como mereceriam, pelas atrocidades que promoveram ou de que foram cúmplices, quantas eleições fraudadas, quantos presos políticos mortos ou aleijados na tortura, quantos soldados mortos, 50 mil amputados, porque cá tivemos também um, dois, três Vietnàs.

O povo vibra, urra, quer a festa total, quando uma G-3 dispara em rajada contra o quartel. Quer, enfim, a revolução. A sua revolução.

O advogado de presos políticos, no caso, nada faz de original. Subir uma guarita, empunhar o megafone e discursar, agachado, cai não cai, à populaça, ainda vá. Mas não aponta com o braço para a frente, ou seja, para trás dele, para onde ela deveria avançar em caso de tomada da Bastilha, o quartel, como quer, e por isso impulsionara Salgueiro Maia a destroçá-lo com rajadas e sobre as ruínas ocupá-lo. Fazer terra arrasada do QG da GNR e abrir um vácuo até o Castelo de São Jorge.

A anarquia, sim... Não seria esse o inexorável passo a seguir? Não tenho instrumentos e sequer é hora para teorias. Tudo o que me acontece, desde que comecei a trabalhar em rádio e a publicar em jornais, isto aqui e agora, é só isso: happening, uma sequência de happenings, impulso primal da vida.

O advogado de presos políticos Francisco Sousa Tavares imita Camille Desmoulins fazendo o contrário de Desmoulins, tentando evitar que a população se precipite para a Bastilha. Uma ducha d’água fria cai sobre o meu entusiasmo ao aperceber-me de que, apesar de muita gente ainda se sobrepor à sua voz amplificada aos gritos de desce daí, carago! quem é que te encomendou o sermão?!, o eficaz orador do Tribunal da Boa Hora  leva a sua de vencida. Tenho só 20 anos, é um tremendo bringdown, sinto intensa frustração de jeune gen enragé que quer é ver o bota-abaixo e o resto que se exploda, vê-se depois, uma desilusão bestial, no mau sentido, ao ver que ele não se concretiza.

Já a turba serenara quando, quase noite, abre-se o portão do quartel e sai um chaimite levando escondidos os hierarcas derrubados para o quartel da Pontinha.

...

 

    

  Não terá havido outra sessão espírita mais concorrida. Por mim só participei no ensaio de uma outra meses antes com Antônio Castro, quando numa das suas fases de digressão por ramos bizarros da atividade humana, por princípio ou natureza curiosa e despreconceituosa, numa tarde quase sem notícias ele me convidou a ir até um estúdio da Renascença quase sem serventia para ver se o espírito de Pessoa, que nasceu ali ao lado no Largo de São Carlos, se manifestava.

  - Mas como é que ele poderá manifestar-se? A mesa está fincada no chão e não há aqui nenhum objeto através do qual ele possa dizer alguma coisa! – protesto.

  - Sei lá, pá. Vais ver que faz mover esta caneta ou as folhas de papel – retruca Antônio, fazendo o possível para não cair na gargalhada. – Fernando Pessoa! Se o senhor está a ouvir-me – contém o riso - por favor manifeste-se de algum modo... sei lá, faça mover a folha de papel. Poeta, está a ouvir-me? (Pausa) Parece que não. Parece que não correm bons fluidos para que ele se manifeste por aqui. Será por causa desse crucifixo na parede? – e explode na risada inevitável, com que se encerra a tentativa de comunicação.

  Aqui, muito pelo contrário, sem que aparentemente alguém tenha feito qualquer chamada o tráfego está congestionado toda santa noite, com os ‘fregueses’ ocupando a linha tão logo ela fica livre, o primeiro é um antigo colega de escola primária de Lourenço Pires Gomes, que nem está à mesa, depois o meu padrinho, ainda vivo no Brasil, e que menciona nomes tipicamente ‘brasileiros’ de familiares de que ninguém jamais ouviu falar (telepatia?), enfim, o mais divertido, uma chamada para Muriel direto do além.

  Diz que é um fuzileiro naval morto em combate na Guiné, o que num primeiro momento dá tom altamente dramático ao ambiente em volta da mesa, que caso se estivesse numa mansarda de um prédio residencial faria um inferno da noite do vizinho de baixo.

  Muriel pergunta-lhe onde se conheceram.

  - Na Acrópole – soletra o fuzileiro no Morse de abecedário por saltos da mesa.

  - Acrópole?! Queres dizer os gregos no Cais do Sodré ou a Acrópole de Atenas?!

  À mesa ou no colchonete os presentes explodem em gargalhada, mas logo retomam o ar sério quando o falecido martela furibundo a base da pia e o tampo improvisado.

  - DE ATENAS!

  Muriel lembra-se de que quando visitou as ruínas na colina havia um grupo de portugueses fardados de um vaso de guerra ancorado no porto.

  - Eu estava com um vestido azul ou cor de laranja?

  - Azul.

  - É verdade - diz ela ao pessoal em volta. – Eu estava com este vestido aqui – explica, chamando a atenção para uma peça reduzidíssima de algodão que lhe realça as formas perfeitas.

  Procura-se nos arquivos uma informação sobre a morte do soldado que não é encontrada, o que não chega a ser contraprova de nada porque os boletins de guerra do Ministério da Defesa estão longe de ser fidedignos.

... 

          

       Nunca comi lá. No bom sentido. No mau sentido, sim, uma vez. Ou fui comido. Mau sentido porque a coisa correu mesmo mal, a ponto de muito depois ter sabido por fonte próxima que era ‘ruim de cama’. Coisa que, à época, ainda me deixava mal.

         Bakunin na câmera e Muriel no som, Nagra a tiracolo, uma mão acertando o volume de entrada, a outra segurando a girafa do microfone, cigarro na boca, fone nos ouvidos, um vestido leve até o meio das coxas ou uma saia de cigana, blusas de malha muito decotadas, com dois fios de alça realçando os belos seios sem sutiã, tamancas de sola grossa, uec! uec! uec! no Sindicato dos Jornalistas, ela vota, não, não vota, não é jornalista, voto sim, e quem és tu para dizer o contrário, Bakunin na câmera e Muriel no som na passeata dos SUV, em todo lugar, onde quer que fosse, depois de petiscos e beliscos na Trindade ou numa outra esplanada a altas horas, mesa internacional socialista-ó -situacionista-ó-anarquista, a vida aqui mudou muito, o governo pensa até em sobretaxar estabelecimentos comerciais a partir da meia-noite para coibir a gastança e a farrança noite fora, que só serve para arregimentar marginais, depois das atividades ativistas cervejinha e Gatão gelados nas esplanadas até quase o amanhecer, cabarés rumam à falência – o Cantinho em autogestão e onde as putas já não trabalham como tal mas como passadoras de drogas - numa dessas noites, na sequência de outras antes, encanto-me pelo seu rebolado, boca de Mick Jagger, voz de Nico, sim, a musa de Andy Warhol, meio rouca e sensual do cansaço e dos cigarros e numa dessas, garrafas de Gatão vêm e vão e eu, contra o que é hábito, uma cantada e uma mão aqui e ali, pois ela também se insinua mas, fingindo a recatada, o que queres tu, o que é que tu queres, olha este gajooo, um beijo no pescoço e um aiii de quem gostou mas ao mesmo tempo afastando as mãos até que, tarda madrugada tarde, em grupo, sem Bakunin na câmera pela segunda vez desde a mesa pé de galo, Bakunin com quem também dividia a câmara de leito, e ala para a Cidade da Praia e da sala desaparece, amanhece, encontro-a sozinha no quarto vazio azul bebê, quarto da criança de Dora que não o ocupa, fazendo o quê? – nada, estou muito cansada e acho que vou dormir aqui, insinuo-me, ela que é que queres, jogo-me sobre ela e o mesmo jogo, coquette, vai não vai, que é que queres, hum? e tiro o fio-alça do seu ombro e baixo a blusa e, oh desilusão! os que eu pensava belos seios dela não são grandes demais mas o suficiente para, pelo peso, já terem descaído, aos 23 anos, e que belos seios foram, e vai os dois despidos sobre a cama nua, ela já murmurando mon amour, vien, vien mon chou, quase não enteso com aquelas reminiscências de Bruxelas, Paris, amanhece em Lisboa dia lindo e nós ali, nada, ejaculatio praecox, uma pena, que pena, adormeço.

 

...

 

        Vigília política após o primeiro banho eleitoral televisivo. Incompreendido por crítica e público quando fez uma no mínimo bizarra montagem de Galileu Galilei com o antigo Grupo de Teatro Oficina, hoje Comunidade Oficina Samba, e escorraçado pelos da sua classe Zé Celso Martinez Correa decidiu ir a Moçambique registrar o nascimento de uma outra nação. Filmou a chegada de Samora Machel a Lourenço Marques, recepcionado pelos Marimbeiros de Zavala, os melhores takes de O Parto, que está sendo exibido pela RTP no primeiro aniversário do 25. O filme passa e a gente passando roupa.

        - A vitória do PS, tudo bem, já define alguma coisa, mas com maioria relativa não se vai a lugar nenhum. Vai ter de governar com o PC, não há outra. Viva a revolução, viva a baderna!

        - Revolução?!

        Para mim não há ‘processo revolucionário em curso’. Dê no que der, ditadura do proletariado ou democracia de fachada, vai dar no mesmo, pois como já li muito por aí a revolução, a acontecer, não se fará só pela via política.

        - E vai se dar por qual via, tás maluco ou quê?!

       - Tou maluco e quê. A verdadeira luta não é política mas a que visa acabar com a política, lá dizia o velho Norman O. Brown. Só entendo a revolução no sentido da democracia direta, o que segundo historiadores não existia nem mesmo na polis grega, ou então de sublevação ou supressão do Estado, numa revolução permanente com o objetivo de acabar com a política, o que parece um contra-senso, porque como se organizaria a coisa? Numa miríade de comunas com um comitê coordenador? Na ditadura do proletariado é claro que não dá para acreditar. É uma outra forma de ditadura do Estado e de quem o representa. Sergei Eisenstein, no calor da revolução e anos mais tarde, em Alexandre Nevski e Ivan o Terrível, mostrou para quem quis ou soube ver que no fundo a Rússia fundou-se e foi sempre gerida sob mão de ferro – e estes últimos sessenta anos seriam afinal uma sequência disso, sob a fachada do coletivismo, da sovietização. A menos que se entenda revolução também no sentido que os fascistas ou os militares no Brasil deram à expressão, da mudança pela mudança não importa com que sinal, revolução de direita, o que de tão risível leva a que os contestatários da ditadura brasileira a chamem de a Redentora. Prefiro então delirar com a idéia neo-grouchomarxista do YIPPIE!, segundo a qual revolução é por natureza o êxtase, a festa, manifestação do grito primal, instintivo, de liberdade, a verdadeira vida, em que o partido só pode ser um party, órgão difusor da baderna, como Abbie Hoffman e Jerry Rubin pretenderam fazer do seu Party Internacional da Juventude. Uma piada, mas dadas as alternativas possíveis o melhor mesmo é brincar, porque a questão não é mudar a sociedade mas criar uma paralela.

        - Em Marte, talvez...

       - Foi o ponto a que chegou Paul Kantner ao criar o Jefferson Starship, depois de ter apoiado toda a sorte de revolucionários, mesmo da chamada Nova Esquerda neo-marxistó-marcusiana: brincar com a idéia de que uma sociedade alternativa só poderia ser criada em outro planeta ou galáxia. Vira e mexe e voltamos ao mesmo, impensável para mim até a tão pouco tempo: Proudhon e o conceito de ‘revolução integral’, segundo o qual, em face de um mundo em dissolução, é necessário partir para uma remodelação total das idéias e dos corações. Como operá-la? Como acabar com a cultura da neurose, contra natura, e impor o princípio do prazer sobre o da realidade, drop out, fazer do corpo o mais possível instrumento de prazer, sair para outro mundo desta história de martírios, regredir ou evoluir para a desintegração de instituições como a família monogâmica patriarcal para escapar ao desastre, como prognosticou Marcuse sem no entanto dar-nos a receita. Aqui, ó – vou ao quarto e pego um dos meus livros de consulta.

         - Do famoso manifesto Woodstock Nation, de Abbie Hoffman: ‘A revolução política leva a que as pessoas desejem outras revoluções em vez de fazer a sua. A revolução cultural leva as pessoas a mudarem o seu modo de vida e a agir de maneira revolucionária em vez de criticar a maneira como os outros se comportam. A perspectiva cultural gera ‘foras-da-lei’, a política produz organizadores.

        - Tudo muito bonito, mas que da mesma forma não leva a nada...

        - Um sonho. Lá dizia o pacifista Lanza Del Vasto logo após o 68, que se arribou a um ponto de tal modo decepcionante que alguns chegam a desejar a revolução, a desordem perpétua, em que ao menos se viveria a salvo de uma ordem cinzenta, monótona. Idéias estapafúrdias, talvez, de que em Portugal não houve e não há a mínima ressonância, a não ser de um certo modo antigo nas pichações anarquistas, também porque de repente a esta altura já não fazem nenhum sentido, além do plano literário. Fazer primeiro a revolução do indivíduo e da cultura para dinamitar a estrutura política, a ver se poderíamos de algum modo escapar da democracia de fachada, da mera descentralização político-econômica, e como aceitar democracia sem uma participação direta de todos nas decisões, sem ficar à mercê de poderosos lobbies de manipulação da opinião pública mais as suas maiorias silenciosas? Nossa geração perdeu o trem do tempo do bota-abaixo e parece não haver como retomar qualquer coisa do gênero, tipo fazer de uma passeata um verdadeiro espetáculo de cor e alegria, brincar como Ginsberg de tentar fazer o Pentágono levitar. Ou como dizia outro que tal, Ron Laing, no belo A Política da Experiência e a Ave do Paraíso: se somos incapazes de saber o que se passa fora do campo da nossa experiência, como posso embarcar em políticas voluntariosas para mudar um mundo que não sei como é? Que revolução é esta que não muda nada, em termos de mentalidade e de relacionamento das pessoas, baseando-se na mesma atitude hipócrita de manutenção de valores caducos que ninguém está interessado em rediscutir? O princípio básico enunciado por tudo quanto é força política por aqui, com a exceção da direita e de grupelhos de extrema-esquerda, é o da consolidação da democracia e da justiça social, mas há muito mais a fazer também, embora se diga não ser prioridade, muito pelo contrário, porque o uso diluviano de drogas, por exemplo, combate-se com métodos pidescos e acabou-se. A Gloriosa degenera até acabar em Napoleão, na política como na cátedra, em relação à qual também nem se cogita uma remodelação, em termos de estrutura da Academia e de currículos. Os estudantes expulsaram os dedos-duros & durões, que serão provavelmente substituídos por dedos-duros & durões de outras causas, mas sempre dedos-duros & durões e possivelmente mais burros. Ninguém põe em causa o ensino das apostilas sebentosas de caretice, estreitristeza de visão. Direito da Família?! Oitenta páginas de decoreba e acabou-se. Quem vai pôr em causa o Direito de Família e o Código Penal?

        - Pôr em causa nada, vais é ser governado por comitês de fábricas e ponto – encerra o outro na galhofa. – Esse filme do Zé Celso é uma merda!... Toma aí, fuma que só te faz bem.

      A primavera de 75 é radiosa mas curta, porque o Verão quente se antecipa sem dar margem à utopia.

...  

 

 

     

      Combinamos com Leda e Lauro ir ver Made in USA de Godard numa sessão da meia-noite do Londres. Tudo em ordem após mais um dia tranquilo.

      Eloísa passou-o no quarto a consultar o I Ching e tirando e lendo cartas do Tarô e Assim Falou Zaratustra, que trouxe da casa dos pais, que passou a visitar uma vez por semana e de onde também traz algumas provisões. Abasteci-a também com A Montanha Mágica, que aguarda a vez sobre a mesa de cabeceira debaixo de um exemplar de Sidharta que roubamos na Livraria Bertrand.

      Início da noite. Após tomar notas para um artigo encontro-a chorando na cama.

      - O que se passa? Por que estás assim?

      - Uma enorme dor de cabeça – responde entre soluços.

      - Dor de cabeça? Você nunca teve dor de cabeça antes, por que será?

     - Não sei – e olha-me com os olhos vermelhos, a cara banhada em lágrimas e ar de angústia.

      - Nunca vi ninguém chorar como um pivete por causa de uma dor de cabeça. Quer que eu vá comprar um analgésico?

     - Não, isto passa logo. Não é a primeira vez que me sinto assim. Há de passar.

         Mas não passa. Passa o tempo e ela na mesma, prostrada na cama, os olhos vermelhos, rosto banhado em lágrimas, ar de aflição.

        Me distraio assistindo um filme de Cukor com Katharine Hepburn. No intervalo, volto ao quarto.

      - Se é só uma dor de cabeça vou comprar um analgésico.

       - Não é só dor de cabeça...

      O telefone toca. Lauro propõe irmos a casa de Leda para ‘animar a cabecinha’ antes do cinema.

      - Ótimo – mando. – Godard deve ter feito o filme com uma tijolada tremenda, porque é uma loucura. A ver se dessa vez o assimilo melhor, porque da outra não deu para aguentar o ritmo da montagem e os diálogos e letreiros. Até já.

              - Lauro e Lê estão a convidar-nos para irmos lá antes do cinema. Uma boa, não? Temos de sair mais cedo.

              - Eu não vou ao cinema. Vai tu. Depois me contas. Hão de passar outra vez.

              - Conto?! Aquilo é inenarrável. Só com o plano de découpage do Godard na mão é que se poderá descrever alguma coisa. Vá, vamos lá! Já lhe passou a dor de cabeça?

              Aproximo-me da cama e passo a mão nos seus cabelos lisos e depois no cachaço.

      - Deixa-me! – reage com um repelão. – Vai ao cinema e quando voltares já estou boa.

       - Não. Por mim nem vou ao cinema. Para todos os efeitos já vi o filme e dá para ver de novo em outra ocasião. Mas o que é que você está sentindo, afinal?

      Senta-se na cama, põe a cabeça entre as pernas, depois ergue-a, a chorar aos prantos e a apertá-la.

      - É uma pressão... uma pressão enorme na cabeça... não dá para explicar...

      - Mas sente alguma dor?

      - Não é bem dor. Quer dizer, não sinto assim dor física. Só uma pressão que parece que a cabeça vai estourar e eu vou endoidar.

      - Mas por quê?

      - Não sei.

      - É alguma coisa em relação a mim, a nós?

      - Não. Não é nada em relação a nós.

      - Então, em relação a quê?

      - Não sei, não posso dizer. Vai um pouco até à sala, vê um pouco de televisão ou faz qualquer outra coisa e espera um pouco. Daqui a nada já estou boa.

     Grandes festas no filme de Cukor, uma comédia que lamento não estar assistindo com Eloísa do princípio ao fim. O filme acaba. Desligo a TV. Em silêncio sob a luz do abajur pensando no que fazer. O telefone toca três vezes, pára de tocar, volta a tocar de novo outras três vezes, pára e recomeça outra vez. Lauro e Leda também estão a par do código. Já são onze horas, vamos atrasar-nos, está tudo pronto, estão a chegar ou quê?

      Vou ver. Eloísa continua angustiada, os olhos como duas tochas, apoiando a cabeça deitada sobre um braço.

      - Já são onze horas, vamos lá.

      - Não vou, já te disse! Vai tu com eles! – responde, agora furiosa.

      - Eloísa, mas o que é que você tem?!

      - Nada que te diga respeito.

      Desaustino e vou até à sala e volto.

      - Vá, querida, levante-se, passa uma água no corpo, toma uma ducha e vem. Vai perder Made in USA, que nunca viu?! Uma cinéfila não pode deixar de ver o filme!

      - Não vou, não vou e não vou e põe-te já daqui pra fora – diz erguendo-se e me empurrando porta fora, até quase fechá-la, mas ponho um pé na frente e empurro-a contra ela e, ao ouvir barulho na da rua, entro e fecho a porta à chave.

      - Afinal, se não há nenhum problema entre nós está tudo bem...

      - Está tudo mal! – grita a jovem descabelada. Põe as mãos na cara e inclina-se sobre as pernas estendidas. – Tudo mal! Tu-do! – e recomeça a chorar, com mais intensidade.

      - Mas por quê está mal? Explica-me – parece um disco riscado sobre dois compassos com o mesmo acorde.

      Toca o telefone e Ivan logo atende. Abro a porta e Ivan estende-me o bocal. Desfaço a combinação com Lauro e volto ao quarto. Made in USA? Muito mad in Lisboa!

      Entro e fecho a porta.

      - Mas afinal, o que se passa? Diz-me ao menos o que se passa!

      Ela muda. Acerto um murro na porta, mando a mão fechada na parede e um chute na cômoda da tia.

     Batem à porta.

      - Ed! Ed! Abre a porta! Vais matar a garina!

      - Não é nela que estou batendo!

     - Mas vê lá, não vás acabar também com o quarto da minha tia, pá, toma cuidado!

      A um passo de perder o controle, com o que me resta de calma sento-me na cama, agarro-a com cuidado pelos braços e imploro:

      - Ok, se não sou eu, qual é o motivo de tanta angústia, tanta fúria?

      Ela chora como nunca vi uma mulher chorar antes fora das telas.

      - São os meus pais. O meu pai! O meu pai fez-me sempre a vida negra, desde pequena não me deixava fazer nada e se fazia alguma coisa de que não gostava me enchia de porrada. Foi assim até começar a namorar o Artur, aos 14 anos, e o meu pai a controlar cada passo meu a ponto de nem me deixar sair. Proibia-me e se desobedecesse batia-me. E a minha mãe, que toda a vida se sujeitou à sua truculência e ignorância, sempre a apoiá-lo, ajudando-o a reprimir-me, a castigar-me. Foi uma tortura toda a minha vida ali. Passado um tempo do nosso namoro já era o Artur que me batia.

       - Batia?! Por quê?

       - Sei lá. Por ciúmes, por nada, enfim. Quando finalmente consegui romper com ele, após seis anos, o que encontro? Um homem atrás do outro que só quer comer-me por trás, como se fosse um castigo, uma maldição. Acho os homens, as pessoas todas, este sistema de merda, um horror, queria entrar noutra, desaparecer, eclipsar-me daqui. Estou aqui para obedecer ou levar porrada... ou no cu....

      - Mas não eu!

      - Sim, tu não...

       (Ao menos até aqui – brinco comigo mesmo para relaxar um pouco. Bataille diria que a queixa é uma súplica...)

       Deve finalmente ter-se apercebido de todo o ridículo porque aqui chegados ri-se e diz, apertando-me com carinho e pondo a cabeça de lado em meu ombro seco:

       - Desculpa-me, vá. São águas passadas, espero.

       - Também eu. É a primeira vez que me deparo com alguém tão traumatizado.

   Mad-e in Lisbon acaba à hora em que deve ter acabado Made in USA, uma meia-noite de terror. She’s leaving home à portuguesa. Em vez de um três por quatrozinho moderno sempre o mesmo fado. E o medo de um mundo tão violento e limitativo transforma-se talvez em medo de que tanto à-vontade e liberdade possa acabar como um sonho. O que mais? Vou à janela, olho o Técnico sem vivalma e só iluminado num ou noutro ponto por um poste isolado e não sei o que pensar.

  ...  

 

 

       Passará muito tempo até saber a causa do destrambelhamento, quando, apesar de todos os abusos – porque de um trauma desses ninguém escapa de uma vez por todas –, ao menos a expressão facial estará livre das contorções de mentecapto. Guerra que nunca mais acabas... Carlini Sampaio esteve em Nambuangongo, meu amor, no início da pista Holden Roberto, que vinha do Congo e servia de linha de abastecimento da FNLA, na fronteira da região do Soyo e Cabinda, onde as tropas portuguesas e das FAPLA enfrentaram o diabo.

       Após o mar de lenços brancos de despedida no Cais de Alcântara, quem chega a Luanda ou Lobito tem direito a uma semana ou duas de ‘refresco’ de uísque, groselha ou capilé antes de ir para uma das frentes de guerra. Uma companhia pode voltar com menos um quarto dos soldados ou mais.

      Nambuangongo, um aquartelamento num vale, quem houvera de pensar...

      Mas antes rebobino a fita e ponho-a rodando no ponto em que estou no banco giratório de balcão do Metro e Meio e dou voltas até quase me estatelar no chão de tanta bebida enquanto Carlini Sampaio executa uma pianada cabriolante chickcoreana, malwaldriana, budpowelliana, hancockiana, keithjarrettiana e... mozartiana. Meia-noite, uma da manhã, Carlini dá ‘cobertura’ à estréia absoluta da filha de um famoso comediante como cantante. Dá-lhe umas fora de brincadeira, meios tons, quartos, acelera e desacelera o compasso inesperadamente, brincando com a menina que não está preparada para a carreira.

      Nambuangongo, palavra macia, sertão doce, foi o fim da picada para Carlini, entre o milharal do quimbo que a tropa em missão de soberania ‘protegia’, situado ao lado. Também ele conseguiu permissão para morar fora do aquartelamento.

      Com minha bolsa de tiracolo com o último modelo de gravador portátil Philips e cassetes, estamos na sua cuba na Rua das Trinas e ao chegar, enquanto Carlini destapa a garrafa de brandy e dá-lhe uma, ouve isso aqui que gravei de um documentário de um retornado ou coisa que o valha que passou na RTP-2, no mínimo uma dezena de teclados de madeira dos Marimbeiros de Zavala, que parece de uma riqueza tímbrica superior à de Stevie Wonder em Songs In The Key Of Life, cada uma na sua melodia fazendo um compósito harmônico de cipoal timbrístico, e colado de chofre

      auatata, auatata, auatata ngoa mussengue

  e eu o que quererá isso dizer e os tambores

      pam-pam-pam-pam-pam-pam-pam – pá

      pam-pam-pam-pam-pam-pam-pam - pá

 em seis por oito e o virtuose: aaaah!

      Tomado de entusiasmo catártico põe-se a marcar da forma mais viva num bongozinho marroquino: - Isso é de um ritual de fertilidade da região onde estive!

      A dois passos do Mayombe e de Cabinda, onde todos lutavam contra todos.

      - Imagina tu. Construíram o aquartelamento num baixio ao lado da pista Holden Roberto. Os efeenelás vinham pejados de munição e para aliviar um pouco a carga despejavam-na sobre nós, tás a ver? E o que é que se podia fazer em tamanha desigualdade de condições? Disparar de baixo para cima? Nem pensar... Olha, um dia dá-me na cuca e digo vou mas é pro forno da cozinha, tás a ver, um túnel enorme – e com quem é que dou de trombas? Com o chefe do aquartelamento, que também se tinha refugiado lá, porque a única coisa a fazer era procurar abrigo. Estava-se ali só para dizer que havia uma bandeira portuguesa hasteada ao lado de um quimbo, domas? Um inferno! E lá fui eu morar no quimbo. Tinha levado um violão porque decidi aprender a tocá-lo durante a comissão e quando estava lá a harpejar vinha-me o soba e ficava da porta a domar com ar de maravilhamento mas sem querer intrometer-se, tás a perceber? Era um gajo incrível, sempre vestido com um casaco de oficial do exército, um louco. Convidava-o a entrar, mas ele neca. Até que um dia lá entrou com ar intimidado mas no fundo a brincar e começou a fazer-me perguntas sobre o violão, eu na minha, ele muito interessado e uma pergunta puxa a outra me pede que lhe dê o violão e eu ok, dou-te o violão se me mostrares onde fica a plantação de boi!

       - Boi?! – fez a querer demonstrar admiração.

       - Sim boi, liamba!

       - Ah, liamba! Sei muito bem o que é liamba, meu, mas nós não temos cá disso, não temos nenhuma plantação de liamba porque não queremos cá disso.

     - Qual é a tua, meu, tás a querer cantar-me o fadinho ou quê? Então não haviam de ter uma plantaçãozita? Disse-lhe: se me mostrares a plantação eu dou-te o violão. E ele nada. Até que um dia diz-me para acompanhá-lo. A plantação estava atrás de um milharal de todo tamanho. Em resumo, não aprendi a tocar violão na comissão!

   ...  

            

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Da Teoria à Prática ou Vice-Versa

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E S P E C I AL

Terra da Dama Eletroacústica

 versão integral do capítulo a partir daqui

ELOÍSA  OU  A MAIS NOVA HELOÍSA 

  OU  ELOITH E O DESTINO

trechos dos capítulos Era uma vez a revolução e  Droga, Loucura e Vagabundagem  que compõem um romance dentro da crônica histórica romanceada a partir daqui

 

VAGABUNDAGEM

um tema fora de moda

   

 

 

Jack Kerouac termina seu livro de crônicas Lonesome Traveler / Viajante Solitário (1960) com o ensaio O Vagabundo Americano em Vias de Extinção. Aquele vagabundo americano -

 

trechos dos capítulos Era uma vez a revolução e  Droga, Loucura e Vagabundagem  que compõem um romance dentro da crônica histórica romanceada sobre a era posterior a Jack Kerouac em que ainda foi possível vagabundear pelas estradas fora em trips interiores e exteriores antes do fechamento das fronteiras ao turismo existencial ou "sem propósito" ou "a despropósito" - a partir daqui

 

E S P E C I AL

relato inédito DO 25 de abril

Enquanto crescíamos havia muita gente que acreditava que ainda iria viver num mundo totalmente diferente. Hoje em dia parece que tudo aquilo sequer existiu.

Quem jamais ousará de novo acreditar na regeneração da humanidade?

com dados exclusivos de fatos marcantes que o precederam e sucederam dos palcos da história - cafés, casas de espectáculos, repartições, quarteis, meandros políticos, comunicação social (directo da Rádio Renascença) e submundo

1970-1975          2010-2015

40 anos esta noite

25 de Abril de Cabo a Rabo

relato inédito com dados exclusivos de fatos marcantes que precederam e sucederam a queda da ditadura portuguesa 1928-1974 com a cronologia em insights originais dos antecedentes do maior acontecimento da história portuguesa no último meio século, da madrugada dos filhos da madrugada, do chamado PREC (Período Revolucionário em Curso) e do retorno à "normalidade", a uma outra realidade. Ao mesmo fado?   

DAQUI  Primavera Marcelista 

DAQUI   último semestre do regime

DAQUI  a partir da madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974

  

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huxley  na fome do mundo

 Rumo às ilhas da Utopia – Da Teoria à Prática ou Vice-Versa

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              1968  

os muros proclamam um velho ideal de cidade e cidadania 

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 50 anos do último disco  

       da  trilogia básica de jimi hendrix

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as ditas moles e as ditaduras - leitura associada  -  dossiê    A Fome no Mundo e os Canibais sobre opressão

  50 anos de Flower Power 


 


condensação do apêndice  Rumo às ilhas da Utopia – Da Teoria à Prática ou Vice-Versa     a partir   DAQUI

                 MÚSICA DO BRASIL  DE CABO A RABO  

 

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