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       MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABO

       II    O LIVRO DE PEDRA

          RIO & TAMBÉM POSSO CHORAR  

CONVERSA DE BOTEQUIM 

Com Chico Buarque, Ketti, Noel Rosa, Maurício Tapajós, Hermínio Bello de Carvalho, Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Von Leithold e Von Rango, Beth Carvalho, Vera Fischer, João Ubaldo Ribeiro, João Bosco, Aldir Blanc além dos garçons Paiva do Jobi, Passarinho do Jóia, Armando Tavares do Braca e a tia Maria da Muda

Rio de Janeiro 2000



Pé sujo, botequim, birosca, boteco.  

 A “tasca” carioca é conhecida por mil nomes, entre eles os do dono ou de um garçom 

 “Bar do Manel” ou da tia Maria, monumentos da cidade maravilhosa... Ir ao ‘Jobi’ tornou-se quase tão importante para um grupo de turistas alemães, por exemplo, quanto conhecer o Cristo Redentor Os garçons são lendas vivas da cidade-síntese do Brasil. O famoso Paiva, do “Jobi”, no bairro do Leblon (Zona Sul), serviu o drinque a mais que fez a ex-Miss Brasil e atriz Vera Fischer bradar ao amanhecer: “Garçom! A conta e um salva-vidas!”  

Passarinho - ou “Pas-sa-!”, como é chamado pelos mais íntimos - é o nome do garçom que serve a aguinha de coco que Chico Buarque toma no bar “Jóia”, no Jardim Botânico,  um dos exemplos mais radicais de pé sujo carioca - e um dos mais “cult” -, após o cooper vespertino na Lagoa Rodrigo de Freitas.  

Vestem jalecos sujos, mas estão no segredo dos deuses, sendo às vezes verdadeiros oráculos e importante fonte de informação sobre a vida íntima das celebridades.



Porquê pé sujo?
Simplesmente porque, na maioria dos casos, são imundos
mesmo e, neles, pelo menos uma regra de civismo tem de ser esquecida: de papel a cigarro (no tempo em que podia fumar), tudo é jogado ao chão, que de tempos em tempos é varrido por um empregado que, no final do expediente, como num ritual de purificação, lança água de balde sobre os pés dos retardatários, sem o mínimo respeito até mesmo pelos mais “habitués” do local, só avisando em cima do ato: “Olha a água!” 



Os botequins cariocas são casas portuguesas, com certeza. Com as padarias e grande parte dos açougues  (talhos), são um espelho mais ou menos reluzente - a maioria, muito tosca, mas sempre vibrante - da capacidade empreendedora de pequenas famílias portuguesas, sobretudo minhotas e beirãs, cuja presença é mais marcante no Rio do que em qualquer outro ponto do Brasil. 

Michelangelo Caravaggio da Merisi  Vocação de Mateus

Sua história está em livros e canções, impregnada de lusitanidade, desde o berço, no morro da Cara do Cão, no sopé do Pão de Açúcar, onde Estácio de Sá fundou a cidade e pouco depois mandava destruir todas as garrafas de vinho, determinando assim o fecho das primeiras bodegas brasileiras de que se tem conhecimento. 

 Outro português de fama, o governador da antiga Província do Rio de Janeiro, Luiz Vahia Monteiro - a cujo apelido, o Onça, se deve a expressão bem brasileira (e de conversa de botequim) “nos tempos do Onça” - ficou na história dos botecos cariocas graças a uma atitude bem mais estranha: decretou, em 1730, que todas as bodegas da cidade tivessem um oratório com velas. Hoje, os oratórios iluminados ainda exibem imagens de Nossa Senhora de Fátima, de São Jorge ou São Miguel.


  detalhe da capa do LP Galos de Briga de João Bosco
Os botequins parecem eternos, como é imortal a música popular que produzem em profusão, sendo um dos seus maiores viveiros berçários. A qualquer instante, mas sobretudo nos fins de semana, grupos de sambistas juntam-se em volta das mesas, entre garrafas de cerveja - “e se houver motivo”, é mais um samba que nasce, como cantou Zé Ketti em “Diz que fui por aí”.



contracapa do disco do tênis de Lô Borges 1972

“Conversa de botequim”, um famoso samba de Noel Rosa, faz num monólogo o retrato falado do relacionamento do frequentador de um bar com o "seu garçom” nos anos 30: 

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa 
Uma boa média que não seja requentada 
Um pão bem quente com manteiga à beça 
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada 

Feche a porta da direita com muito cuidado 
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol 
Vá perguntar ao seu freguês do lado 
Qual foi o resultado do futebol 

Se você ficar limpando a mesa 
Não me levanto nem pago a despesa 
Vá pedir ao seu patrão 
Uma caneta, um tinteiro 
Um envelope e um cartão 

Não se esqueça de me dar palitos 
E um cigarro pra espantar mosquitos 
Vá dizer ao charuteiro 
Que me empreste umas revistas 
Um isqueiro e um cinzeiro 

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa 
Uma boa média que não seja requentada 
Um pão bem quente com manteiga à beça 
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada 

Feche a porta da direita com muito cuidado 
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol 
Vá perguntar ao seu freguês do lado 
Qual foi o resultado do futebol 

Telefone ao menos uma vez 
Para três-quatro-quatro-três-três-três 
E ordene ao seu Osório 
Que me mande um guarda-chuva 
Aqui pro nosso escritório 

Seu garçom me empresta algum dinheiro 
Que eu deixei o meu com o bicheiro 
Vá dizer ao seu gerente 
Que pendure esta despesa 
No cabide ali em frente 

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa 
Uma boa média que não seja requentada 
Um pão bem quente com manteiga à beça 
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada 

Feche a porta da direita com muito cuidado 
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol 
Vá perguntar ao seu freguês do lado 
Qual foi o resultado do futebol

 

Moreira da Silva, rei da conversa de botequim

Mais de 40 anos depois, a dupla de compositores Maurício Tapajós-Hermínio Bello de Carvalho fez um samba saudoso do “tempo bom” em que os botecos tinham - segundo os autores - mais alegria, registrando uma “mudança de conversa” no “tempo” dos botequins cariocas: 

Mudando de conversa 
onde foi que ficou  
aquela nossa amizade 
aquele papo furado  
todo fim de noite  
num bar do Leblon 
meu Deus do céu  
que tempo bom 
quanto chope gelado  
quanta correria 
meu Deus quem diria  
que isso iria se acabar 
e acabava em samba  
que é a melhor maneira  
de se conversar


Não há, na poesia brasileira, uma obra dedicada aos melhores bares tombados pela especulação imobiliária como o que Carlos Drummond de Andrade criou para o finado Hotel Avenida.  

Mas trechos da carreira de colegas ilustres como Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes estão intimamente ligados ao “escondidinho” - outra designação dos bares, normalmente muito escuros - “Vilarino”, próximo ao antigo Ministério da Saúde, Educação e Cultura, no centro da cidade. Nos anos 40 e 50, a “nata” dos escritores ali se reunia para beber, “beliscar” um petisco e conversar. O Vilarino é um dos mais históricos na música popular: ali Lúcio Rangel apresentou Vinícius de Moraes a Tom Jobim.


Bom de copo, como de música e poesia – e bota bom nisso tudo -, Vinícius de Moraes inscreveria na história outro reduto da boemia dos “anos dourados” (anos 1950, início dos 960), o bar “Veloso”, na esquina da antiga rua Montenegro, em Ipanema. Um dia, naquele bar, compôs com Tom Jobim uma elegia à “Garota de Ipanema” Helô Pinheiro. Hoje, o “Veloso” tem o nome da canção famosa em todo o mundo e a rua leva o nome de Vinícius de Moraes.
Tom Jobim no bar do Cobal do Leblon no início dos anos 1990 
foto: jornal O Globo, Rio de Janeiro
 “Quem sabe eu te encontro de noite no Baixo” Leblon: os bares não são personagens, mas dão vida a poemas e canções como a de Vinícius Cantuária também em elegia aos bares do Baixo nos anos 1870 e tantos/1980, já modernidade de um Rio de Diagonal Grill e Pizzaria Guanabara.

Quando o Rio era a capital do Brasil, o “Amarelinho” e o “Vermelhinho” da Cinelândia eram pontos de encontro obrigatórios de jornalistas, artistas, políticos e intelectuais.  

Localizavam-se estrategicamente próximo ao Teatro Municipal, na alameda onde se encontravam os melhores cinemas e entre as redações dos principais jornais da cidade, o Senado Federal e a Câmara de Deputados.  

Como que a copiar o guião da evolução do xadrês geopolítico internacional nos anos 90, há poucos anos o “Amarelinho” “engoliu” o “Vermelhinho”, um antigo reduto do “partidão”, o Partido Comunista Brasileiro (PCB).  

Brasília, a atual capital do país, não tem esquinas, nem botecos.


Cinelândia em Notorious, de Alfred Hitchcock, 1946

O primeiro botequim do Rio de Janeiro de que se tem notícia foi registrado em 1844 sob a pomposa designação de “À fama do café com leite”, mas ficou na história com o nome bem mais simplório de Café do Braguinha. A cerveja ainda não chegara ao Brasil, onde, apesar do calor, se bebia sobretudo vinho. Era a época das tabernas. Os alemães Von Leithold e Von Rango registraram no livro “O Rio de Janeiro visto por dois prussianos em 1819” uma polêmica em curso na época sobre a diferença entre café e botequim. 

“Confundia-se muitas vezes café com botequim”, anotam, acrescentando ser “provável que os termos se tenham transformado em sinônimos, porque nos botequins também se servia café”.  

Tudo foi misturado, a sul do Equador. Mas o café de saco dos botecos do Rio de Janeiro, no país que cultiva a planta que dá a bebida mais aromática, na virada do século XX para o XXI é um dos piores do mundo. No copo ou na xícara? - pergunta-se nalguns deles, num português abrasileirado. Mas em quase todos o café é servido no copo mesmo.

Os protagonistas do último grande fluxo emigratório português para o Brasil, nos anos 40 e 50, eram chamados de “galegos”. Dá-se à expressão - que caiu em desuso - um sentido pejorativo que possivelmente não tem, derivando de que muitos portugueses do Rio são oriundos das Beiras e da raia minhota e têm sotaque muito parecido com o dos imigrantes espanhóis, oriundos sobretudo da Galiza, e com os quais se confundem até hoje. De qualquer modo, tempos houve em que o botequim também era conhecido pelo nome de “bar do galego”.

Nada mais português de fato - caso se queira, galaico-português - e mais carioca que o botequim, nas suas incontáveis variações, que vão do café e do armazém de comestíveis, como o “Villarino”, ao mais típico botequim português, a “tendinha” - onde se serve todo o tipo de bebida, da ginjinha “com elas” portuguesa à cachaça (aguardente de cana), menos vinho e cerveja -, ao “bar e restaurante” e ao pé sujo propriamente dito.  

Os pés sujos oferecem também vinho em copo e em garrafa (nacional e importado) e licores, mas 99% do seu comércio tem a ver com comida e cerveja. Alguns, servem chope (imperial); outros, cerveja em garrafa - a “cerva”. Muita cerva. Os sete milhões de cariocas consomem quase um bilhão (bilião ou mil milhões) de litros de cerveja ao ano - uma média impressionante de mais de 140 litros por pessoa, o dobro do consumo brasileiro.


 A comida dos botecos preenche um capítulo à parte na cena das casas de pasto brasileiras. Antes, assentava exclusivamente em “instituições” portuguesas, como o “bolinho” (pastel) de bacalhau e o caldo verde. Entre o Minho ou as Beiras e o Rio, o pastel não sofreu alterações: salvo honrosas exceções, tem mais batata que fiapos do "fiel amigo”, como é comum nas “tascas” e pastelarias portuguesas. O caldo verde sofre de deficiências básicas: falta de couve portuguesa e de chouriço, substituídos no Rio por couve mineira e linguiça.  

Aos acepipes portugueses - além dos já citados, risoles (rissóis), empadas, sopa de legumes e até sardinhas assadas na brasa com pimentos -, juntaram-se pratos da cozinha tradicional brasileira (de origem portuguesa), como o cozido das quintas-feiras e a feijoada dos sábados. Os pés sujos são há muito uma versão bem típica dos “fast food” sem sanduíche, mas com pratos “comerciais” à base de feijão com arroz, filetes de peixe, ensopado de galinha ou bife e salada. Todo o boteco que se preze também serve caldinho de feijão. Em muitos pés sujos, o bacalhau pendurado no teto serve apenas de decoração.

Rancho da Goiabada

cardápio de João Bosco-Aldir Blanc: 

Os boias-frias  
quando tomam umas birita 
espantando a tristeza 
sonham com bife a cavalo 
batata frita e a sobremesa 
é goiabada cascão 
com muito queijo 
depois café, cigarro 
e o beijo de uma mulata 
chamada Leonor 
ou Dagmar



O ambiente dos botecos no Rio de Janeiro tresanda a samba batucado e chacoalhado de subdivisões rítmicas no tampo e no pé da mesa, na caixinha de fósforos, da chave de casa no casco da garrafa, no fecho da bolsa da dama ao lado que não raro é ela mesma o tema do samba que se faz improvisando quantas vezes sem acompanhamento ou acompanhado do sacramental violão e do sacramental cavaquinho, também de origem galega.






Heitor dos Prazeres Samba
Alguns botecos atraem clientela pela qualidade do seu chope e dos seus petiscos, como o “Bracarense”, no Leblon, cuja fama espalhou-se pela cidade nos últimos 20 anos do século XX.
Muitas “cabeças pensantes” cariocas frequentam regularmente o bar mais próximo de casa. Quase todo mundo os frequenta pelo menos de vez em quando. Como os cafés portugueses, seus primos pobres e muito distantes, os botequins de esquina - por isso também vulgarmente chamados por esse nome - são pontos de encontro obrigatório da vizinhança.

Aldir Blanc, que imortalizou um tempo de botecos (também com o bar mais perto depressa lotou, malandro junto com trabalhadorDe frente pro crime), e que imortalizou num samba o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho - o “irmão do Henfil” -, antes de este tornar-se famoso pelas suas campanhas pelos direitos civis, frequentou o bar da tia Maria, no bairro da Tijuca (Zona Norte), cuja verdadeira designação comercial é Café e Bar Brotinho.  

O bar da tia Maria é gerido pela beiroa (natural da Beira portuguesa) Maria do Rosário Cardoso dos Santos, de 77 anos, que só serve almondegas, pastéis de massa tenra ou vol-au-vent e ovos cozidos coloridos, mas ainda assim ele não deixa de ocupar lugar destacado no roteiro boémio do Rio.  

Ali se “concentra” o bloco Nem Muda Nem Sai de Cima, cuja madrinha é a sambista Beth Carvalho. Em Botafogo, onde mora, a cantora anima outro bloco carnavalesco, o Concentra Mas Não Sai, que no domingo de pré-carnaval se “concentra” e não sai das imediações da “Adega da Velha”.  

Ali se concentra também, nas segundas-feiras de carnaval, o Bloco de Segunda, assim chamado não só pelo dia em que desfila mas porque, para os seus frequentadores, é de segunda categoria, mesmo.


Autor do celebrado romance “Bom povo brasileiro”, João Ubaldo Ribeiro transitou, na última década do século XX, por três bares próximos à sua casa, no Leblon, e em cujos “papos” se inspira para elaborar as crónicas que publica semanalmente em vários jornais brasileiros. Hoje, “bate o ponto” no “Tio Sam”, que até há pouco tempo era também frequentado pelo ex-Presidente, general João Figueiredo - o que disse preferir o cheiro dos cavalos ao do povo. O típico bar carioca é, como a praia, a “cara” da democracia brasileira.
 

Localizado no bairro dos artistas e produtores, que vivem como abelhas em torno da sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, aos pés do Cristo Redentor, o bar “Jóia” era então o arquétipo do “pé-sujo” - comida sofrível, chope assim-assim e lavabos masculinos invariavelmente com defeitos que fazem com que o seu chão seja um de urina. Apesar disso, é “bem” frequentado, acabando por ser o epicentro da vida alegre e inteligente do bairro. Qual sociedade de cultura e recreio, é o ponto de concentração de um dos maiores blocos de carnaval cariocas, o Suvaco de Cristo, em que os moradores do bairro se divertem no domingo anterior ao carnaval.
Elifas Andreato detalhe capa LP Confusão Urbana Suburbana e Rural de Paulo Moura

A importância social do “boteco” e dos seus animadores ficou comprovada quando o comerciante português Armando de Pinho Tavares foi assassinado, em junho de 1997. 

 O crime comoveu os frequentadores do seu bar, o “Bracarense”, e repercutiu em toda a cidade, através dos principais jornais. 

O corpo de Armando Tavares, que tinha 54 anos, foi encontrado no assento ao lado do volante do seu carro às 4 horas da madrugada, após moradores da redondeza terem ouvido três tiros. 

Um dos tiros atingiu a cabeça do que era um dos personagens mais queridos da cidade. “Foi um tiro na cara do Rio”, disse um frequentador do bar. A cidade perdia um símbolo.


Armando Tavares, que tinha dois sócios portugueses no negócio, servia pessoalmente, 360 dias por ano, os bolinhos de aipim com camarão, as empadinhas e o chope que fizeram a fama do seu botequim. 

Fazer um bolinho de aipim igual ao do ‘Bracarense’ seria tão difícil quanto ter alguém como o Armando atrás do balcão, comentou uma sócia de outra famosa casa de comes-e-bebes do Leblon à época da sua morte.


Armando deixou o povoado (a aldeia) natal, no distrito de Aveiro, na adolescência, para fugir à guerra colonial e “fazer o Brasil”. “Alma malandra”, como escreveu um jornal carioca no seu obituário, trabalhou em vários bares até estabelecer-se em 1974 no Bracarense, um botequim fundado 25 anos antes por portugueses oriundos de Braga, claro. 

A alegria, o carinho, a atenção toda especial que as pessoas tinham lá, era mais que o melhor chope do Rio e um bolinho de bacalhau fantástico. Era sinônimo do dono - resumiu o cantor e compositor João Bosco. 

O Leblon e o Rio estão de luto, mas esse luto não vai passar em branco prometeu então João Ubaldo Ribeiro. Até hoje, no entanto, não se sabe quem matou Armando, o gerente do turno da noite que servia a “saideira” no “Braca”.  

 Armando bebeu o último copo com Narciso Rocha, um penafielense (de Penafiel) integrante de um duo de portugueses que transformou um pé-sujo do Baixo Leblon num dos melhores estabelecimentos de comes-e-bebes da cidade. Aberto das 10 horas da manhã “até o último cliente” (lá para as cinco ou seis da manhã...).


Elifas Andreato capa LP Confusão Urbana Suburbana e Rural de Paulo Moura

Com a morte dos fundadores e descendentes, os botequins do Rio começam a mudar de mãos, passando a ser geridos pelos migrantes nordestinos que para eles trabalhavam de sol a sol. Ainda assim, continuam a ser um dos melhores exemplos do sucesso de portugueses que sonharam um dia em “fazer o Brasil” - e fizeram.  

Gerentes de negócios rentáveis, mas que “dão duro” diariamente; alguns só tiram duas folgas por ano, no Natal e no Ano Novo, únicos dias em que os seus bares fecham -, tiveram filhos e transformaram-se em cidadãos cariocas exemplares, apesar do sotaque - ou até mesmo por causa dele. Famosos, nem que seja apenas até a esquina mais próxima.


Encafuados em espaços muito exíguos entre prédios e arranha-céus que não param de crescer, os botequins do Rio de Janeiro continuam a fazer história.
 

Pixinguinha no Bar Monteiro  foto Walter Firmo


MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABO
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Música  do Brasil de Cabo a Rabo é um livro com a súmula de 40 anos de estudos de James Anhanguera no Brasil e na América do Sul, Europa e África. Mas é também um projeto multimídia baseado na montagem de um banco de dados com links para múltiplos domínios com o melhor conteúdo sobre o tema e bossas mais novas e afins. Aguarde. E de quebra informe-se sobre o conteúdo e leia trechos do livro Música do Brasil de Cabo a Rabo, compilado a partir do banco de dados de James Anhanguera.

MÚSICA DO BRASIL DE CABO A  RABO

Você já deve ter visto, lido ou ouvido falar de muita história da música brasileira da capo  a coda, mas nunca viu, leu ou ouviu falar de uma como esta. Todas as histórias limitam-se à matéria e ao universo musical estrito em que se originam, quando se sabe que música se origina e fala de tudo. Por que não falar de tudo o que a influenciade que ela fala sobretudo quando a música  popular brasileira tem sido quase sempre um dos melhores veículos de informação no  Brasil? Sem se limitar a dicas sobre formas musicais, biografia dos criadores  e títulos de   maior destaque. Revolvendo todo o terreno em que germinou, o seu mundo e o mundo do  seu tempo, a cada tempo, como fenômeno que ultrapassa - e como - o fato musical em si. 

Destacando sua moldura
      
nessa janela sozinho olhar a cidade me acalma

dando-lhe enquadramento
           
estrela vulgar a vagar, rio e também posso chorar

... histórico, social, cultural e pessoal.
  Esta é também a história de um aprendizado e vivência pessoal.

De um trabalho que começou há mais de meio século por mera paixão infanto-juvenil, tornou- se matéria de estudo
e reflexão quando no exterior, qual Gonçalves Dias, o assunto era um meio de estar perto e conhecer melhor a própria
terra distante e por isso até mais
atraente. E que como começou continuou focado em cada detalhe por paixão.
                                                                               
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CORAÇÕES FUTURISTAS nunc et semper AQUI


MÚSICA DO BRASIL  DE  CABO A RABO
MÚSICA DO BRASIL
 
DE  CABO A RABO

                                                   ÍNDICE DOS CAPÍTULOS 
capítulos, seções de capítulos com trechos acessíveis a partir dos títulos, em azul DeLink


     O LIVRO DA SELVA

    Productos Tropicaes E Abertura em Tom Menor

    1. O BRASIL COLONIZADO
        raízes & influências Colônia e Império
 
  

       1. A  Um Índio   1. B Pai Grande    1.C  Um Fado 

       2. TUPY NOT TUPY formação de ritmos e estilos urbanos suburbanos e rurais
                                                Rio sec. 19-sec. 20 - Das senzalas às escolas de samba

    Os Cantores Do Rádio   ESTreLa SoBE 

  CARMEN MIRANDA DE CABO A RABO

  fenômeno da cultura de massa do século XX                  

  4. BOSSA NOVA do Brasil ao mundo

    Antonio-Carlos-Jobim-Tom-Jobim .html 

5. BOSSA MAIS NOVA o Brasil no mundo  

6. TROPICALIA TRIPS CÁLIDOS    e a manhã tropical se inicia


Detalhe de cenário de Rubens Gershman para montagem de Roda Viva, Teatro Oficina, 1967

 O LIVRO DE PEDRA

  PARA LENNON & McCARTNEY 
  VIDA DE ARTISTA crise e preconceito = inguinorãça

  CAETANO VELOSO

  CENSURA: não tem discussão. Não            
 
POE SIA E MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
 
Milton Nascimento
 
O SOM É MINAS: OS MIL TONS DO PLANETA    
  MARIA TRÊS FILHOS

  (SEMPRE) NOVOS BAIANOS        
  NORDESTONTEM NORDESTHOJE

 
RIO &TAMBÉM POSSO CHORAR  
      Gal Costa Jards Macalé Waly Sailormoon Torquato Neto  Lanny Maria Bethânia
      Conversa de botequim
  FILHOS DE HEITOR VILLA-LOBOS
 
INSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTAL Sax Terror     
  SAMBA(S)
BLEQUE RIO UM OUTRO SAMBA DE BREQUE        
  FEMININA

  MULHERES & HOMENS NO EXÍLIO o bêbado exilado & a liberdade equilibrista

  ANGOLA          
  ROCK MADE IN BRAZIL ou
 Quando a rapeize solta a franga

  LIRA PAULISTANA            
  CULTURA DA BROA DE MILHO

  LAMBADA  BREGANEJO AXÉ E SAMBAGODE
 
RIO FUNK HIP SAMPA HOP E DÁ-LE MANGUE BITE RAPEMBOLADA
  DRUM’N’BOWSSA            
  CHORO SEMPRE CHORO     
  INSTRUMENTISTAS
 & INSTRUMENTAL II   SAX TERROR  NA NOVA ERA
  ECOS E REVERBERAÇÕES DO SÉCULO DAS CANÇÕES
  
  DE PELO TELEFONE A PELA INTERNET

   MÚSICA DO BRASIL em  A triste e bela saga dos brasilianos
  
MÚSICA DO BRASIL  em ERA UMA VEZ A REVOLUÇÃO      



 


Elifas Andreato: capa do LP Confusão Urbana Suburbana e Rural de Paulo Moura

MAPA DA MINA MAPPA DELLA MINIERA

meio século
de psicodelia
e bossa nona

bossa nova
The Beat
Goes ON

a fome
no mundo e
os canibais


as ditas
moles e as
ditaduras


Brasil de
Caminha a
Lula da
Silva

Brasil
a bossa e a
boçalidade

Miconésia
no Pindaibal

Brasil e
A
mer ica
Latina

  contracultura









história
do uso das
drogas

aldous
huxley

henry david
thoreau

ERA UMA VEZ
A
REVOLUÇÃO


poP!

Notícias
do
Tiroteio


Lusáfrica
brasileira

parangopipas
Maio de 68
 50 do 25 Rumo à
Estação Oriente

A triste
e bela saga
dos brasilianos

La triste
e bella saga
dei brasiliani


Deus e o
Diabo na Terra
da Seca

Música do
Brasil de Cabo
a Rabo

Maionese
a consciência
cósmica

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