revoluciomnibus.com








Gilberto Gil 1972-1974

gil
engendra
em gil rouxinol

caetano veloso
gilberto misterioso
araçá azul
1973

         

     páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA





     1972

     
                            Londres 1971                      Back in Bahia 1972                             Sampa 1974                       1973-1974 - 1998

   
retrospectivos 1968/69

      
retro-retrospectos: 1963, back in Bahia fundando as bases, 1963/1966, de Bahia a Sampa demo-nstrando as bases



                                       

Cores vivas

    eu penso em nós

    pobres mortais

    quantos verões

    verão nossos

    olhares fãs

    fãs desse

    céu tão

    azul

                   Gilberto Gil a Glauber Rocha  


A instigante evolução permanente de Gilberto Passos Gil Moreira

                              
Com José Afonso entre neves e parques back in London e na capa do compacto duplo do cantautor português de 1970

trecho de Gilberto Gil back in London 1969-1972

De brechó, mas roupa tinindo de nova, jaquetão e mochila saídos do almoxarifado do glorioso British Army onde só fizeram escala sem ser desembalados entre a fábrica e os mercados de Camden e de Portobello, belo, numa rua insolitamente buliçosa aos sábados de manhã num bairro dormente, mais que adormecido, junto a Notting Hill Gate.

- Hi, Guil!!

Um espeto igual a Ed, ar de marinheiro mediterrâneo esquálido, fauces róseo-púrpuras, o cara ultra-famoso, Stephen Georgiou, filho do dono de um restaurante grego das redondezas a que deram a alcunha de Cat - Cat Stevens, bate no ombro de Gilberto Gil, que se dá com gregos e troianos no mundo do rock, franzino também após alguns meses de macrobiótica e reflexão sobre a prisão num quartel do Rio de Janeiro a que foi parar não porque roubou ou matou e a distância a que foi projetado no exílio forçado. Reflete horas a fio sentado sobre uma esteira de tatame e só fala quando, após longas sequências de dedilhamento e acordes, num paciente estudo de violão, como que perdendo a paciência grita mas eu tenho que dominar esses dois dedos!, querendo dizer separar o mais possível o mindinho do anelar para explorar ao máximo o potencial da mão na execução do que agora, mais que um meio de vida, é uma arma de resistência aos fantasmas da dúvida que o assaltam, longe da terra em que, ao ser obrigado a abandonar, lançou o seu maior sucesso popular, Aquele Abraço de despedida, temendo que seja a da própria carreira.

Gil acaba de lançar em vinil a necessária aposta numa carreira internacional a partir de Londres, com uma tocante versão solo de Can’t Find My Way Home, que Steve Winwood lançou no lendário LP do Blind Faith e de que fez a mais perfeita tradução do sentimento em relação ao difícil momento político que o seu país, sob ditadura militar, e existencial que ele, no exílio, vivem: Desça do seu trono e esqueça o seu corpo, alguém tem de mudar.

 

Um dia Ed telefonou a John Walters, ex-trompetista do Alan Price Set, que fez muito sucesso em meados da década, e produtor de Top Gear, o programa de John Peel na Radio 1 da BBC.

- Hi ya John,  I’m  a  brazilian youngster  just mad about John Peel’s work, I’m  in  London  for a brief  journey  and  would  love  to  introduce  ya  both  to some outrageous brazilian fellow who  plays  lots of good music, like a gorgeous solo version of  Can’t Find My Way Home, would  ya like to hear it?  Man, it’s the prettiest thing that ever came out of the rock scene in Brazil!

- Oh, yeah... Brazil, then... I’da... 

- Ok,   so   would   you   like   to   make  an  appointment  with me to show the stuff and see if Peel would like to play it too?

     - Right, would you care to show up  here  at the Broadcasting House next Saturday at 2 p.m.? Tell the attendant to call me.

- Oi, John, sou um jovem brasileiro que curte demais o trabalho de John Peel, estou em Londres de passagem  e  adoraria apresentá-los a um brasuca arrasador que  faz  música de alto nível, como uma esplêndida versão solo de Can’t Find My Way Home, você gostaria de ouvi- la? Olha, é a coisa mais linda que já se fez na cena rock brasileira!

- Oh, sim... Brasil, então... Eu... é...

- Ok, então,  gostaria  de  marcar  um  encontro  comigo  para  eu  lhes mostrar a coisa e ver se Peel gostaria de tocá-la?

  - Certo,  você  se  importaria  de  vir à Broadcasting  House  sábado  às duas da tarde? Diga ao contínuo para  me chamar. 

 
Gilberto Gil com Gal Costa em um banco de jardim londrino no exílio

em que mergulha em si do mar da Bahia a Portobello Road e prossegue o estudo do violão de mais de vinte anos, vive in loco e numa digressão a Nova York a explosão de novidades sonoras em curso e nomeadamente do funk jazz ao rock na gênese do jazz-rock e do rap seminal dos Last Poets que irá explorar em irmanação da tradição jorgebeniana de um samba irmão do soul pré-mas-já-funk e misto de maracatu. Maracatu Atômico, Three Mushrooms. Funda em paralelo com Jorge Ben uma das correntes interculturais mais vibrantes da música popular brasileira do final do século XX.


 da webpage revoluciomnibus.com\Música do Brasil de Cabo a Rabo
CHICO
.ROQUE.ANDE ROL    
QUE FESTA DE ARROMBA!

       DEPOIS DE LONDRES

       
                                                    1973 com o parceiro Chico Buarque (Cale-se1) e no palco da Phono 73

   Pai médico, mãe professora de cidadezinha do interior baiano, Gil cresceu em Ituaçu ouvindo Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro irradiados pelo serviço público de alto-falantes, por todo o Brasil, de pequenos municípios a favelas como as do Rio de Janeiro, a Rádio Nacional alternativa para os que não tinham para escutar nem o rádio fanhoso do vizinho.

Jóia e Qualquer Coisa são gêmeos (saíram ao mesmo tempo) mas não univitelinos.

Jóia acústica.

Qualquer Coisa eletroacústica.

As duas faces de Caetano Veloso dos anos 1970 a 1990 em 1975.

Jóia toda natura. O homem natural. A paisagem natural. A nudez (da pintura da capa censurada, o que fez com que Jóia se tornasse sem querer o segundo álbum quase branco de Caetano Veloso).

A abrir, em Minha Mulher, com o exímio acompanhamento em dedilhado rendilhado de Gilberto Gil. 

E por acaso – todo o disco tem esse clima de acontecência por acaso, como de resto muitas canções de Gilberto Gil, que acontecem quando e como menos se espera – o lado B de Jóia começa com Pipoca Moderna da Banda de Pífanos de Caruaru, sertão de Pernambuco, com letra de Caetano Veloso, que abre 2222, de Gil em 1972, só instrumental.

...


Cálice – Gilberto Gil-Chico Buarque

        Chico Buarque-Gilberto Gil

       Quem fez a letra e quem fez a música? Ambos, juntos? Muito provavelmente Gil fez mais a música e Chico mais a letra. Nada disso, a música foi feita na cobertura da Lagoa de Chico Buarque, donde o monstro da Lagoa e bebida amarga era a Fernet que tomavam enquanto compunham a quatro mãos, frente a frente, o... spiritual de Semana Santa, em um sábado de Aleluia, um escreveu uma estrofa, o outro outra, contou Gilberto Gil sobre o clássico da celeuma da Phono 73, em que o cale-se foi censurado com o corte dos microfones.

   O festival revelou um repertório excelente. Só por exemplo: Filhos de Gandhi e Ladeira da Preguiça, as duas de Gil, a segunda em duo com Elis, a primeira reunião Gil&Jorge, que depois renderia um duplo LP

+ Gilberto Gil pós-exílio em Londres Back in London

        Em 1973 Gil pré-anunciava a chegada do samba duro e da timbalada levando para o terreiro midiático nacional os blocos de afoxé de Salvador, de onde Gal & Bethânia traziam também o encantamento místico mais belo e profundo através de Caymmi, que acabara de lançar sua oração só com batuque, voz e violão (elas ali estão com o excelso acompanhamento de Dominguinhos do Acordeon).

   Filhos de Gandhi celebra a lei áurea dos blocos de afoxé, que através dele são levados ao conhecimento do resto do país, e prenuncia Refavela, LP de Gilberto Gil lançado quatro anos depois, e Um Canto de Afoxé Para o Bloco do Ilê, de Caetano Veloso, de outros tantos anos adiante.

   A oração de Gil e a participação de Naná – cujo LP Amazonas, recém-lançado pela Phonogram, foi apenas mais uma vítima do regime de jabaculê & preconceito vigente no pedaço – são marcos de uma abertura do mercado à música afro-brasileira além-samba. Batucada assim não se ouvia em disco desde Batmacumba, lançada por Gil e Caetano em 1968.
Duplo Sentido, Doente Morena, O Compositor Me Disse, Ladeira da Preguiça, Eu Preciso Aprender A Só Ser, Meio de Campo

   Essa foi a fase de maior relaxamento de Gilberto Gil, que buscava explorar novas formas de canção e intensificar o diálogo com a música e os seus instrumentos, após longo e intenso estudo da voz (em modulações e improvisos ou scats) e do violão. Essa fase, em que revela através de Bethânia e Elis ou quase nem revela Duplo Sentido, Doente Morena, O Compositor Me Disse, Ladeira da Preguiça, Eu Preciso Aprender A Só Ser e Meio de Campo, está muito bem documentada no LP Gilberto Gil Ao Vivo, gravado no TUCA, em São Paulo, e dela são outros bons instantâneos Lugar Comum, feita em parceria com João Donato, recém-retornado dos EUA, e João Sabino, com quem mantém fascinante diálogo sobre música e visão atrás da serra, Cachoeiro de Itapemirim.

    É uma fase de intensificação do diálogo de Gil com a música e com os músicos, nomeadamente com o suingue danado do baixista Rubão Sabino. Em que ele também se revela excelente produtor com o LP Jorge Mautner, que reuniu uma banda de rock, samba e samba-rock de fazer tremer o chão, o teto e as paredes em Cinco Bombas Atômicas ou Guzzy Muzzy. Gil iria repetir a façanha anos depois com um não menos injustamente negligenciado Domingo Menino Dominguinhos. E num estudo do samba-choro e samba de breque em que alterna interpretações suas de clássicos dos anos 1930-40 com gravações originais do paulista Germano Mathias.

    Ao estrelato com as façanhas da Tropicália e o sucesso de Aquele Abraço seguiu-se o choque térmico da redução a 0 das suas perspectivas na profissão ao ser coagido a começar de novo do exílio em Londres, o que por outro lado deu-lhe a liberdade de ouvir com tempo e ouvidos livres a música em circulação nos epicentros do movimento musical pop internacional, já transformado em pouco mais que uma miríade de etiquetas pela indústria do disco mas ainda assim – ou por isso mesmo - em plena ebulição. E um terreno que, com o approach à guitarra e outro instrumental eletrônico, vem ao encontro das suas intenções no momento – abrir o leque harmônico do samba ao funk: o jazz-rock do mestre da trilha sonora de Blow Up de Antonioni, que nos créditos do filme de 1966 assina Herbert Hancock. Miles Davis. Por aí.

    Quando Herbie grava Headhunters, o funk-padrão made by Hancock, desde o disco de regresso, 2222, com a impecável assistência harmônica e de tempero rítmico de Lanny Gordin, Bruce Henry e Tuti Moreno, Gil já virara fera nas levadas do samba-funk, como outra vez em João Sabino com Rubâo e Tuti

  pra ver o sol nascer aqui na terra atrás da serra Cachoeiro de Itapemirim

  o sol nascer João Sabino eu imagino quando era menino eu via assim

  - estava comendo banana pro santo
  - pra quem?

  - pro santo

  - pra quem?

  - pro santo

  - pra quem?

  - pro santo espírito senhor pai do filho do

        espírito santo filho do espírito santo filho

  de uma localidade de

 

    Na sequência de Ao Vivo e Jorge Mautner Gil despoleta Gil&Jorge, que no fundo é o corolário de suas pesquisas em torno das origens do samba e de outros ritmos afro-brasileiros e sua junção com o jazz ou o funk a partir do samba misto de maracatu de Jorge Ben, realiza Refazenda, no fundo talvez corolário dessa fase de análise dos (i)limites da canção e, de passagem, da função de corpo e intelecto na postura existencial, com um re-mergulho nas origens nordestinas com pinta de agreste e aromas de vasto mar, e com um dos parceiros na empreitada com Mautner, o guitarrista Roberto de Carvalho, no comando de ataque da banda, o disco ao vivo Refestança, ao lado de Rita Lee Jones, sua grande parceira na fase do desbunde da Tropicália nos Mutantes.


          Em De Leve (versão de Get Back, mais gozada mas como mil e uma versões que se faziam à época da JG em meio mundo) Gil e Rita Lee fazem também uma visita a esse passado.

    Na passada Gil envolve-se no projeto Doces Bárbaros, a primeira reunião dos quatro novos baianos Gil, Gal, Cae e Bethânia desde o ponto de partida em Salvador em Nós Por Exemplo, no Teatro Vila Velha. Palco do show e disco de despedida de Gil e Caetano antes da partida para o exílio, Barra 69, no Teatro Castro Alves Gil e Caetano fizeram com Gal um de seus grandes shows e discos ainda de regresso, Temporada de Verão.

    Na introdução da versão de O Sonho Acabou, do seu show no Temporada de Verão, Gil presta tributo a Donga e João da Bahiana, pais do samba pela mistura das batucadas do Recôncavo Baiano com as jongadas e congadas bantos do Rio e Minas Gerais. Do som do samba ao fim do sonho contracultural. Em Doces Bárbaros o tributa um dos pais do rock, Chuck Berry Fields Forever, em que desenvolve o mesmo raciocínio inter-étnico-racial e de fronteiras espaço-temporais. Dos campos de algodão e da cana-de-açúcar, séculos 19 e 20, aos de Chuck Berry. Aos de morangos ingleses dos Beatles e do seu exílio involuntário em meados do século, onde cantava versões de Up from the skies e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, de Hendrix e The Beatles. E ao futuro, que pela sua visão já estava implantado no início do último quarto do século do jazz, do samba, do cinema e do rock: Rock and roll, capítulo I, versículo 20, siculo 20, século 21. Hoje.


HOJE, meio século depois, siglo 21.


                                                                                                                                                       

Não é acaso que enquanto Gilberto Gil retoma gravações em estúdio em 1973 na Phonogram no Rio de Janeiro Caetano Veloso grava num estúdio de São Paulo gilberto misterioso, que Gil abriu o seu disco de regresso com Pipoca Moderna da Banda de Pífanos de Caruaru e Caetano irá abrir o lado B de Jóia, que abre com acompanhamento de Gilberto Gil ao violão em Minha Mulher, com Pipoca Moderna que garbosamente letrou, e que Gil esteja repassando Iansã, um dos mais poderosos hard-rocks brasileiros, que ambos assinam e que só se irá ouvir em estúdio por Gil em 1998 no disco Cidade do Salvador lançado em CD em formato que seria de duplo álbum (LP) graças aos auspícios do garimpador Marcelo Froes que junta uma série de gravações já sobejamente conhecidas pelos fãs porque lançadas na época em discos compactos, de duas, três ou quatro faixas, e não mais, pérolas de mais um período muito frutuoso de sua carreira, em que, como Caetano, lança as sementes da obra vindoura.

Caetano vai corajosa e brilhantemente quase solitário às raias do experimentalismo sonoro, letra e música, e Gil do mesmo modo aparece livre, leve e solto & quando ocorre muito experimental (às raias em Pocalipi) com sua usina de samba-bossa ou levada de Caymmi e samba-funk, exímio engendrador e burilador, entre scats e modulações vocais de grandiosa fluidez e plasticidade, lembrando até Nina Simone numa época que já é marcada no Brasil pelo mal da falta de FICHA TÉCNICA e que criou uma brecha em documentação histórica e que faz com que a gente viva um permanente blindfold test tentando sacar quem é quem no arranjo e acompanhamento, com Aloísio Milanês e quem sabe Antonio Perna Froes nos teclados, Fredera ou Frederico ou Frederyko do Som Imaginário, guitarra, Moacyr Albuquerque e Rubens Rubão Sabino, baixo, e Tuti Moreno e Chiquinho Azevedo, título de uma das canções de Gil do período, bateria e percussao. Outro transfer entre Gil e Caetano é a presença em espírito do diretor musical e violonista(-BAASE!) de Transa, de Caetano, gravado em Londres, e não mencionado (como os restantes músicos) na capa do disco, o que leva Jards Macalé andar muito zangado com os baianos todos: Gil usa Tuti e Bruce Henry, baixo, dois terços do Jards Macalé power trio do antológico - letra, música e execução instrumental - primeiro bolachão de Macau, A base rítmica com que Gil deu também muita solidez a 2222.

Duplo Sentido, Doente Morena, O Compositor Me Disse, Ladeira da Preguiça, Eu Preciso Aprender A Só Ser, Meio de Campo

As letras às vezes manifestos (Oriente, O Sonho Acabou, Expresso 2222 e mesmo Back in Bahia só em 2222) possuem catadupas de descrições estonteantes e de sublimes associações de imagens (metáforas metas fora, meta fora) e ideias com qualidades específicas da narração cinemática e/ou cinematográfica com carga atômica de intimismo intimista e intimidatório, entre as estupendas alegorias de Jorge Mautner distingue-se a luminescente arte do parceiro de Macalé em Hotel das Estrelas, Duda Machado, o co-autor com Gil da acapachante Doente Morena. Do mesmo modo seu Duplo Sentido, que de algum modo remete a uma sua outra preciosidade da por assim dizer fase tropicalista, Luzia Luluza.
O grande narrador dessa e de Procissão, Domingo no Parque, Ele falava nisso todo dia, por assim dizer amadurece. Suas letras brotam de sucessivas sinapses de transe poético, como a música, com grandes sacadas de associação de ideias e sons entre sentimentos e lugares ou vice-versa em estilo de crônica, deambulação metafísica, sugestas fenomenológicas, em um espírito assonante&paronomástico em que, como no caso do parceiro ocasional Chico Buarque, letra e música interagem em sucessões de assonâncias & paronomásias ditadas como que por automatismo, e não é por acaso que nessa época Gilberto Gil disse em entrevista à revista Pop que a música é a melhor alternativa para quem não gosta de matemática. O compositor me disse... Êêê!
Tradição aqui, voz e violão, que muitos de seus cultores sempre preferirão: despida da purpurina eletrônica do samba-funk giliano no alvor da década de 1980 em Realce, quando foi revelada, entre Earth Wind & Fire e o brilho das carrapetas de Lincoln Olivetti.
 



 

 


Engendrador, burilador da música do futuro desde Salvador, em 1963, quando em aparições na TV baiana chama a atenção do estudante de filosofia Caetano Veloso, até a véspera da explosão de seu talento raro em 1966, em gravações comerciais ou demotapes de um ou uma multidão de estilos em engendramento. Gravações reveladas no século XXI, haja Deus.


 




  

     




 




                                                           capa Rogério Duarte
                                   1974
                                                              produção Gilberto Gil
                                                                           bateria percussao Tuti Moreno
                                                                                 violão bandolim Nelson Jacobina
                                                                 baixo Rodolfo Grani Jr.
                                                                                        bateria percussão Chiquinho Azevedo
                                                                                   guitarra teclados Roberto Carvalho
                                                         violão Gilberto Gil
                                                                                voz violão violino Jorge Mautner

MARACATU ATÔMICO HIP JORGE MAUTNER 3 COGUMELOS

Jorge Mautner, autor de letras de três faixas de Gilberto Gil 1971, entre elas Three Mushrooms, poeta e filósofo hip do Kaos e de Fragmentos de Sabonete, é um dos criadores mais citados por Gilberto Gil no período, com versões delirantes de O relógio quebrou, Maracatu Atômico e Herói das Estrelas, estas duas em parceria de Jorge com Nelson Jacobina.
Natural que Gil fosse o produtor do seu primeiro disco de estúdio e assinasse o texto de capa:

Desafinado foi um manifesto da alma do homem da história daquele tempo - Brasil, anos 50. Tropicália foi um manifesto da alma do homem da história daquele tempo - Brasil, anos 60. Maracatu Atômico é um manifesto da alma do homem da história deste tempo - Brasil, anos 70. 50, 60, 70, e assim por diante, caminho do corpo universal, o espírito de Deus. O elepê de Jorge Mautner tem treze músicas, dele ou de parceria com Nelson Jacobina, um garoto dos sonhos cariocas, da aventura de Ipanema. (...) Jorge canta tudo com aquele jeito de século XIX e XXI. (...) Ataulfo Alves se deliciaria com Matemática do Desejo. Os sambas são todos lindos e Ginga de Mandinga, de parceria com o baixista Rodolfo Grani Jr., é uma serpenteira que se desenrola enrolando todo mundo. De João Gilberto a Herbie Hancock. Os rocktosos Guzzy Muzzy, Rock da TV, Cinco Bombas Atômicas e Salto no Escuro me fazem pensar que afinal pinta uma banda aqui tocando e soando como os Rolling Stones e assim mil anos de distância dos Rolling Stones, pra frente ou pra trás. (...) Para uma terra que tem Jorge Ben tinha que pintar Jorge Mautner.  

O tema aqui é Gil mas nesse tempo de Gil tem também muito Ben e muito Mautner, artista hip, na onda desde 1959, quando lançou Kaos. Em Londres, onde fez parcerias com Gil, filmou um Super-8 com Caetano Veloso chamado O demiurgo.
De origens judias austríacas, donde o violino (mas não o seu suingue bem local), entre a metafísica e a ficção científica ou vice-versa viaja com humor, vigor e audácia do hiperrealismo (Cinco Bombas Atômicas, Herói das Estrelas, Maracatu Atômico) ao real e o surreal da alma do homem daquele tempo (O relógio quebrou, Rock da TV, Pipoca à meia-noite) ou vice-versa em quadros hilários misturando blues e samba na mesma faixa.
Junta-se desta vez a Tuti Moreno um Rodolfo Grani Jr. q como se dizia antigamente sobra no bolachão em pulsação de quebradas e serpenteios que são a marca ritmica de Jards Macalé (1971), 2222 (1972), Gilberto Gil Ao Vivo (1974) e por exemplo em Meio de Campo de Cidade do Salvador. Repicando e repinicando keith-richards-&-nickhopkins-ianamente nas quebradas na guitarra no piano e órgão Roberto Carvalho revela a competência com que montou a usina sonora de sucessos de Rita Lee.

                                                                                                                

The Three Mushrooms
Gilberto Gil-Jorge Mautner

The first mushroom
Makes room for my mind
To get inside the magic room
Of Dionisius' house

Time is over
War is over
I am safe and sound
I live and love
I drink and eat
I can leap and bound
Now I am dying all my life away
As well as I am being reborn
Day after day

The second mushroom
Makes room for my body
To get inside the tragic room
Of Dionisius' house

Time is on
War is all
I am busy and sad
From mists of pain
I rise and fall
Like an endless rain
Now I am doing what I have to do
Fulfilling all my will of conquest
Moon after moon

The last mushroom
Makes room for the unknown
I get inside the secret room
Of an unthinkable house
In which I feel the grace
In which I get to be the space
From which I see the Earth
Exploding into a light
That the last mushroom aroused

The last mushroom
Atomic mushroom


 
 






 



   TROPICALIA DE CABO A RABO                 TROPICALIA DE CABO A RABO

Gilberto Gil também ditava as suas em depoimentos-entrevistas, mas dizia sobretudo por música, letra e música ou em parcerias históricas com Torquato Neto e José Carlos Capinan. Caetano Veloso escrevia e recitava manifestos. E era o próprio manifesto. Um poço de contradições aparentes.         

 

 

Mutantes (1968-1969), Novos Baianos (1972-74), Macalé-Wally Sailormoon (Salomão) (1972-74), Jorge Mautner (1974) e o guitarrista Lanny Gordin em gravações de C. Veloso e G. Gil são boas expressões do clima q também havia por aqui, quando Arembepe ternou-se o símbolo de desbunde (o termo é daqueles anos).
Tropicália, of course – contracultura brasileira: de Oswald de Andrade e a antropofagia a Vicente Celestino -, nela incluindo Teatro Oficina de São Paulo (diretor José Celso Martinez Correia), Glauber Rocha e Hélio Oiticica (artes plásticas), entre outros produtores de várias áreas.

Caetano Veloso não gostava do termo tropicalismo, por implicar com ismos. Tropicália foi nome transplantado por Luís Carlos Barreto da exposiçáo de instalações de Hélio Oiticica no MAM do Rio de Janeiro em 1967 para a cuca dos tropicalistas que batizou o movimento, que em verdade não era movimento de nada: havia de fato uma patota de altíssimo gabarito – Caetano, Gil, Mutantes, Tomzé, Torquato Neto, José Carlos Capinan, Gal Costa - com ela passou com muita força Jards Macalé e o jovem Waly Sailormoon (Salomão), saudado por Gal em Meu nome é Gal (Roberto Carlos-Erasmo Carlos) em 1969 ou Barra 69 - e por extensão Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzella (arranjadores, jovens maestros da área de música de concerto) e Lanny Gordin, guitarrista, filho de um inglês de Hong Kong. A de Lanny parece estória de pirata. Como ele conta, sua lenda parece ter terminado num banho de ácido lisérgico (LSD).
Rogério Duarte também foi citado como entre um lado e outro da linha mas sua piração pode ter sido paranoia por dura de prisão Barra 69, era dos milicos.
Na sequência de tantos momentos épicos na cultura brasileira no século XX – poetas e escritores muito bons, da dimensão de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, as linhas de Niemeyer, Bandeira, João Cabral, hélas! Villa Lobos, Pixinguinha, Brasília, Bossa Nova... a Tropicália acabou por ser – até Caetano Veloso gravar Odara, em 1976, em plena ditadura, dedurado pela oposição ao regime, a esquerda br, no que foi então chamado patrulhamento ideológico – a expressão brasileira do desbunde da contracultura. Eles influenciaram muita gente. Não era só música, canção, mas postura / visão além na vida e na cultura. Como manifesto de pretensões: Tropicália ou Panis et circenses – o latinório errado.
Lá a guerra do Vietnã, aqui ditadura. Tropicália visão crítica bem-humorada (festiva? Sim, nesse plano o mundo era a um tempo muito trágico - a matança africana, a guerra do Biafra, Bangla Desh - e festivo, muita, muita novidade, o homem aluna - e no Brasil. NO Brasil a Tropicália é postura up to date / nova / inovadora / atualizada / sintonizada / antenada com o mundo em matéria de sons e imagens físicas e poéticas.
Dá para vê-la como Versão atualizada do modernismo, iconoclasta e autocrítica.
Uma práxis radical. Tudo somado, porque muito bem tocada o resultado é de longuíssima duração: entre Lanny Gordin e Mutantes eles produziram pop de alto padrão.

    O TURBILHÃO

versão brasileira com tradução simultânea dos bons (e maus) humores de lá de fora e daqui ”do lado de dentro“ (dos muros) como dizia Torquato Neto, que andou frequentando o hospício D. Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.

Contemporânea de fenômenos revolucionários (conquista espacial, satélites de comunicação, desenvolvimento tecnológico – Lunik 9 e Cérebro Eletrônico, de G. Gil –, mal-estar pelo estado de abundância e muita carência, guerra e crescente tecnocracia), no plano interno era reflexo e refletia movimento análogo em outras áreas e artes, no Brasil com a Tropicália uma minoria da juventude gerou uma explosão de alto impacto que se manifestava também em outros campos artísticos, refletindo-se e refletindo as propostas revolucionárias (evolucionárias) de cada uma delas, artes plásticas - ver, para sentir o clima Hélio Oiticica:

cinema (Glauber Rocha e uma plêiade de superoitos superoiteiros e longas que cuspiam e escarravam na narrativa linear, do chamado underground ou undigrudi ou udigrudi – nomes da época - e Teatro Oficina (O Rei da Vela, de Oswald de Andrade). Onda de vanguarda em plena ditadura, contribuiu para o seu imediato recrudescimento (a entrada no período mais duro) com o AI-5 em dezembro de 1968.

Esse mesmo tipo de abordagem da realidade e leitura da vida era feito no pop-rock e vertentes musicais populares em todos os quadrantes. Zappa faz relato detalhado, etapa após etapa, é o cronista sardônico tipo Crumb e Shelton do pesadelo do sonho americano. Toda a canção da época, do hemisfério norte ao sul, foi crônica daqueles dias – nego metia o bedelho em tudo, relatava, alertava, comentava e opinava. O curioso é que em nenhum outro lugar houve ao mesmo tempo tantos postulados teóricos, políticos (e de costumes) e existenciais, em música, em catadupa, aplicados à vestimenta e à vestimenta musical: as guitarras distorcidas e estridentes de Sérgio Batista (Mutantes) e Lanny Gordin, ins-pirados nos ases nascentes da guitarra, de Clapton a Hendrix, seus mestres, quase assumiam dimensão política. Gilberto Gil, que segundo Caetano Veloso (Verdade Tropical, 1997), ao tomar contato com Jimi Hendrix se rende incondicionalmente ao brinquedo, participou numa passeata contra a guitarra elétrica um ano antes de a adotar para sempre. Primavam, como os congêneres do Hemisfério Norte, pelo fora do comum e pela informalidade.

Há de início recados políticos explícitos, como Soy loco por ti, América e críticas ao estilo de vida moderno (Ele falava nisso todo dia, Gilberto Gil). Nas vésperas do AI-5, vestido de roupas hipermodernas, plastificadas, injuriado com a eliminação de um festival de concurso de Questão de Ordem, apresentada por G. Gil com os Mutantes, à frente do mesmo trio Caetano Veloso usou a apresentação de uma criação sua inspirada em pichação do Maio de 68 em Paris (É proibido proibir) para botar discurso inflamado contra o quadradismo, a caretice estética e o gosto padrão, fosse qual fosse, dado, orientado, imposto, estatuído, estabelecido - crítica de cultura e da civilização e grito pela abertura da mente a outras esferas de visão e raciocínio. Como lá fora.

O laboratório experimental de ideias e de sons, colhidos das ou sugeridos pelas mais variadas fontes – Gil chegou a exibir seu instrumental de sacadas dos anos em que trabalhou no departamento de publicidade e marketing de uma multinacional de produtos de higiene corporal – expunha permanentemente questões de ordem estética, reflexões sobre o gosto padrão dominante no Brasil (brega: Coração Materno, de Vicente Celestino e outros momentos como Mamãe não chore, Caetano-Torquato Neto) ou o descompasso entre o tempo das sofisticadas dissonâncias da bossa nova e o das estridências da guitarra – porque ”as notas dissonantes se integraram ao som dos imbecis“, “chega de saudade” (Saudosismo, C. Veloso) e desfecha guitarrada a fechar.

Desbunde e deboche: em Objeto Semi-Identificado, de G. Gil e Rogério Duarte com o maestro R. Duprat: “eu gosto mesmo é de comer com coentro uma moqueca, uma salada, cultura, feijoada, lucidez, loucura” (...) “a cultura, a civilização só me interessam enquanto sirvam de alimento, enquanto sarro, prato suculento (...), informação”. 

O modernismo atacou da mesma forma iconoclasta o beletrismo e uma visão limitada e opressora / colonizada da identidade nacional.

Tropicalismo é uma forma antropofágica de relação com a cultura. Devoramos a cultura que nos foi dada para exprimirmos nossos valores culturais. Não tem nada a ver com as doces modinhas nem surgiu para promover o xarope Bromil. A estrutura desse programa se assemelha ao ritual de purificação e modificação e utiliza para isso as formas mais fortes de comunicação de massa tais como missa, carnaval, dramalhão, candomblé, teatro, cinema, sessão espírita, poesia popular, Chacrinha, inauguração, discurso, demagogia, sermão, orações, ufanismo, revolução, transplante, saudosismo, regionalismo, bossa nova, americanismo, turismo, getulismo.
Torquato Neto e José Carlos Capinan - Vida, Paixão e Banana do Tropicalismo 1967-1968 - programa de TV

encontros e reencontros - contexto

 1965-1966: depois de protagonizarem Nós por exemplo em Salvador quatro jovens baianos afluem no sul-maravilha. Maria Bethânia é convidada a substituir Nara Leão no show Opinião, com Zé Ketti e João do Vale, em Copacabana, e tem por escorte o inseparável mano Caetano Veloso. Se enturma com o violonista Jards Macalé, que também dá as caras em Opinião, a quem apresenta Guilherme Araújo, regressado ao Rio de Janeiro de um estágio de produção de TV na Radiotelevisione Italiana. Gilberto Gil segue para São Paulo para trabalhar no departamento de marketing e publicidade da multinacional Gessy Lever. No chamado eixo Rio-São Paulo de então, pós-golpe militar de 1964, o domínio entre jovens cabeça é da dita esquerda festiva, a da UNE (União Nacional de Estudantes) e do seu Centro Popular de Cultura (CPC) marxista-leninista-ó-trotskista que agrega pessoal do novo teatro tupiniquim que encena Opinião e logo depois Arena conta Bahia, com o trio Gil-Bethânia-Caetano sob direção de Augusto Boal, em São Paulo. O protesto contra a ditadura militar nascente é A TÔNICA nas artes em geral e, na música popular, entre os incuráveis jovens discípulos da sempre revolucionária bossa nova, impera a música de protesto, que pela sua influência incurável pintava como uma BN nacionalizada, passe a expressão, que depois o distinto chamou Bossa 2. Nessas, Caetano se agrega a Gil em São Paulo e a eles se juntam Guilherme e Gal, ops, então ainda Maria da Graça, que desce da Bahia escoltada por Waly Salomão, entrementes Sailormoon. Não se esqueçamos da absorção pela patota dos bardos José Carlos Capinan, de Candeias, no Recôncavo Baiano, Tomzé, de Irará, na Bahia, e Torquato Neto, da tristeresina piauense, e que por obra e graça de Guilherme, segundo Caetano Veloso, Maria da Graça, que entretanto divide um LP com Caetano Veloso (Domingo), desponta como Gau, melhor, Gal, por conta sabe de quem: France Gall, a famos´ssima parceira de Serge Gainsbourg em Poupée de cire, poupée de son! Isso mesmo. Junte-se-lhe uma pitada de Beat Boys e Mutantes por influência, na contrrramão da históriaaa, da Jovem Guarda e a manhã tropical inicia. O desbunde, o caos legal.


Para uma contra cultura da usura
TROPICÁLIA TRIPS CÁLIDOS NO PAÍS DOS MUTANTES

Nós por exemplo - Salvador, Teatro Vila Velha, 1964: Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tomzé

Arena conta Bahia - Sâo Paulo, 1965, direção: Augusto Boal, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil

No ano de 1967 Gil começa a trilhar novos caminhos. O fenômeno da contra cultura, o psicodelismo e o som dos Beatles agitam o mundo e o levam a repensar o seu trabalho musical.

as guitarras distorcidas e estridentes de Sérgio Batista (Mutantes) e Lanny Gordin, ins-pirados nos ases nascentes da guitarra, de Clapton a Hendrix, seus mestres, quase assumiam dimensão política. Gilberto Gil, que segundo Caetano Veloso (Verdade Tropical, 1997), ao tomar contato com Jimi Hendrix se rende incondicionalmente ao brinquedo, participou numa passeata contra a guitarra elétrica um ano antes de a adotar para sempre. Primavam, como os congêneres do Hemisfério Norte, pelo fora do comum e pela informalidade.

Assumem o subdesenvolvimento brasileiro, aproveitam elementos estrangeiros e reinterpretam-nos segundo uma ótica antropofágica (...) adotam uma atitude de questionamento de costumes e comportamentos que ultrapassam a própria música.

Gilberto Gil viu sua prisão de dois meses em 1968 / 1969 como uma sanção ao meu pensamento, à minha atitude, era uma coisa toda contra os limites de expressão da minha condição psíquica.

Há de início recados políticos explícitos, como Soy loco por ti, América e críticas ao estilo de vida moderno (Ele falava nisso todo dia, Gilberto Gil). Nas vésperas do AI-5, vestido de roupas hipermodernas, plastificadas, injuriado com a eliminação de um festival de concurso de Questão de Ordem, apresentada por G. Gil com os Mutantes, à frente do mesmo trio Caetano Veloso usou a apresentação de uma criação sua inspirada em pichação do Maio de 68 em Paris (É proibido proibir) para botar discurso inflamado contra o quadradismo, a caretice estética e o gosto padrão, fosse qual fosse, dado, orientado, imposto, estatuído, estabelecido - crítica de cultura e da civilização e grito pela abertura da mente a outras esferas de visão e raciocínio. Como lá fora.

Se vocês forem em política tão bons como são em estética, estamos fritos - ofegante Caetano no palco do Tuca.

CONTRACULTURA                  TROPICÁLIA

É proibido proibir        C'est interdit d'interdire

vai além dos males políticos e prospecta a razão desses males, quase que só por impulso mas por manha já

CONTRACULTURA

E  A  MANHà TROPICAL  SE  INICIA

TROPICÁLIA

indignado com a eliminação da peça concorrente no festival de G. Gil, uma Questão de Ordem, Caetano Veloso banca um comício contra o quadradismo, a caretice estética, uma crítica ao gosto padrão das elite e o do público médio, seja qual for, dado, imposto, estatuído, orientado, crítica de cultura e civilização para um outro lugar

o modernismo atacou da mesma forma o beletrismo e a visão equivocada colonizada opressora da identidade nacional. Numa fase posterior Oswald de Andrade, o blagueur, foi militante do PCB, a que renunciou acusando pesado o estalinismo nomeadamente do dedo-duro Jorge Amado, quando passou a postular contra o patriarcalismo.

Odara despoletou o polícia que todos temos na cabeça e a sanha das patrulhas ideológicas, hoje no poder ou pouco + ou - . Provocação q é bom neca.Esse mesmo tipo de abordagem da realidade e leitura da vida tinha de montão no pop-rock e vertentes musicais populares em todos os quadrantes. Curioso é que em nenhum teve ao mesmo tempo - e bem vistas as coisas em permanência - a colocação de um postulado teórico aplicado em letra e música e na vestimenta musical, e vestimenta pessoal, as guitarras retorcidas de Sérgio Dias Batista e Lanny Gordin, estudo aplicado dos ases da guitarra em parada, de Clapton a Hendrix - e a guitarra era a bandeira de uma outra dimensão, se quiser, política.

South America is my name, world is my name, my size


   

Gal Costa, Guilherme Araujo, Gilberto Gil e nariz de Dominguinhos em filme de Fernando Assis Pacheco em Cannes, MIDEM, 1973

    Guilherme Araujo: impulso e apoio básico e transcendental no sobe e desce da polêmica


https://www.youtube.com/watch?v=tLuzTt0V928&t=415s

COROLÁRIO COLIRIUM CONTEXTUALIAÇÃO CLIMA

na batata em documentário UMA NOITE EM 67 que enquadra, reproduz e recria 40 anos depois o conteúdo desta webpage bolada a partir da mesma congeminação apenas seis anos depois desses acontecimentos seminais e q em 1973-74 já pareciam pre-história mas q rolou por bem mais q uma noite em 67: Chico Buarque: Roda Viva, Caetano Veloso: Alegria Alegria, Gilberto Gil: Domingo no parque, Edu Lobo: Ponteio. III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, Teatro Paramount, São Paulo.

youtube: Uma noite em 67 



James Anhanguera na revista semanal Cinéfilo, de Lisboa, 18-24 de outubro de 1973

               


os poetas desfraldam a bandeira

 
 
Gilberto Gil e Sandra Gadelha BACK IN lONDON

 
Gilberto Gil no palco no Circo Massimo, na via della Conciliazione, na região do Vaticano, e na escadaria de Piazza di Spagna, em Roma,
durante o megaevento Bahia de Todos os Sambas na estate romana de 1983 no documentário homônimo de Leon Hirzsman e Paulo Cesar Saraceni


 
Autogozador e crítico em 1968, acadêmico de factu em 2022-04-10


MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABO

fontes bibliográficas e obras de consulta

    ciberzine http://revoluciomnibus.com/LOGO.jpg& narrativas de james anhanguera
http://revoluciomnibus.com/Música%20do%20BR%20I%20Indice%20H.htm

A Divina Comédia dos Mutantes – Carlos Calado, São Paulo, Editora 34, 1994
Anos 70 Novos e Baianos – Luiz Galvão, São Paulo, Editora 34, 1997
Balanço da Bossa & Outras Bossas Augusto de Campos, São Paulo, Editora Perspectiva, 5ª ed., 1993
Balanço da Bossa Nova – Júlio Medaglia in Balanço da Bossa & Outras Bossas – Augusto de Campos, São Paulo, Editora Perspectiva, 5ª ed., 1993
Caetano Veloso – Esse Cara – Héber Fonseca, Rio de Janeiro, Editora Revan
Caetano – Por Que Não? – Gilda Korff Diegues e Ivo Lucchesi, Rio de Janeiro, Editora Leviatã Publicações, 1996
Caetano Veloso – Un Cantautore Contromano – Marco Molendini, Roma, Stampa Alternativa, 1994
Corações Futuristas – notas sobre música popular brasileiraJames Anhanguera , Lisboa, A Regra do Jogo, Edições, 1978
Contracomunicação – Décio Pignatari , São Paulo, Editora Perspectiva, 1971
De Como a MPB Perdeu a Direção e Continuou na Vanguarda –Gilberto Mendes, in Balanço da Bossa & Outras Bossas Augusto de Campos, São Paulo, Editora Perspectiva, 5ª ed., 1993
Fragmentos de Brilhante – colagens de belezas & tristezas do Brasil e da MPB – James Anhanguera, Lisboa, edição do autor/Pau Brasil, 1979
Geração em Transe – Memórias do Tempo do Tropicalismo – Luís Carlos Maciel
Música Popular Brasileira José Eduardo Homem de Mello, São Paulo, Editora Melhoramentos/Edusp, 1976
O Palco de Gilberto Gil – A Invenção dos Espaços –   Gilda Korff Diegues e Ivo Lucchesi, Rio de Janeiro, Editora Revan
Os Últimos Dias de Paupéria (Do Lado de Dentro)Torquato Neto, Editora Max Limonad, 2ª ed. revista e ampliada, Rio de Janeiro, 1982
Tropicália – Alegoria, Alegria – Celso Favaretto, São Paulo, Kairos, 1979
Caetano Veloso - textos, notas, estudos de Paulo Franchetti e Alcyr Pécora, Literatura Comentada, Abril Educação, São Paulo, 1981
Gilberto Gil - textos, notas, estudos de Fred de Góes, Literatura Comentada, Abril Educação, São Paulo, 1982

 


Música  do Brasil de Cabo a Rabo é um livro com a súmula de 40 anos de estudos de James Anhanguera no Brasil e na América do Sul, Europa e África. Mas é também um projeto multimídia baseado na montagem de um banco de dados com links para múltiplos domínios com o melhor conteúdo sobre o tema e bossas mais novas e afins. Aguarde. E de quebra informe-se sobre o conteúdo e leia trechos do livro Música do Brasil de Cabo a Rabo, compilado a partir do banco de dados de James Anhanguera.

MÚSICA DO BRASIL DE CABO A  RABO

Você já deve ter visto, lido ou ouvido falar de muita história da música brasileira da capo  a coda, mas nunca viu, leu ou ouviu falar de uma como esta. Todas as histórias limitam-se à matéria e ao universo musical estrito em que se originam, quando se sabe que música se origina e fala de tudo. Por que não falar de tudo o que a influenciade que ela fala sobretudo quando a música  popular brasileira tem sido quase sempre um dos melhores veículos de informação no  Brasil? Sem se limitar a dicas sobre formas musicais, biografia dos criadores  e títulos de   maior destaque. Revolvendo todo o terreno em que germinou, o seu mundo e o mundo do  seu tempo, a cada tempo, como fenômeno que ultrapassa - e como - o fato musical em si. 

Destacando sua moldura
      
nessa janela sozinho olhar a cidade me acalma

dando-lhe enquadramento
           
estrela vulgar a vagar, rio e também posso chorar

... histórico, social, cultural e pessoal.
  Esta é também a história de um aprendizado e vivência pessoal.

De um trabalho que começou há mais de meio século por mera paixão infanto-juvenil, tornou- se matéria de estudo
e reflexão quando no exterior, qual Gonçalves Dias, o assunto era um meio de estar perto e conhecer melhor a própria
terra distante e por isso até mais
atraente. E que como começou continuou focado em cada detalhe por paixão.
                                                                               
CONTINUA AQUI


CORAÇÕES FUTURISTAS nunc et semper AQUI


MÚSICA DO BRASIL  DE  CABO A RABO
MÚSICA DO BRASIL
 
DE  CABO A RABO

                                                   ÍNDICE DOS CAPÍTULOS 
capítulos, seções de capítulos com trechos acessíveis a partir dos títulos, em azul DeLink


     O LIVRO DA SELVA

    Productos Tropicaes E Abertura em Tom Menor

    1. O BRASIL COLONIZADO
        raízes & influências Colônia e Império
 
  

       1. A  Um Índio   1. B Pai Grande    1.C  Um Fado 

       2. TUPY NOT TUPY formação de ritmos e estilos urbanos suburbanos e rurais
                                                Rio sec. 19-sec. 20 - Das senzalas às escolas de samba

    Os Cantores Do Rádio   ESTreLa SoBE 

  CARMEN MIRANDA DE CABO A RABO

  fenômeno da cultura de massa do século XX                  

  4. BOSSA NOVA do Brasil ao mundo

    Antonio-Carlos-Jobim-Tom-Jobim .html 

5. BOSSA MAIS NOVA o Brasil no mundo  

6. TROPICALIA TRIPS CÁLIDOS    e a manhã tropical se inicia


Detalhe de cenário de Rubens Gershman para montagem de O Rei da Vela, Teatro Oficina, 1967

 O LIVRO DE PEDRA

  PARA LENNON & McCARTNEY 
  VIDA DE ARTISTA crise e preconceito = inguinorãça

  CAETANO VELOSO

  CENSURA: não tem discussão. Não            
 
POE SIA E MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
 
Milton Nascimento
 
O SOM É MINAS: OS MIL TONS DO PLANETA    
  MARIA TRÊS FILHOS

  (SEMPRE) NOVOS BAIANOS        
  NORDESTONTEM NORDESTHOJE

 
RIO &TAMBÉM POSSO CHORAR  
      Gal Costa Jards Macalé Waly Sailormoon Torquato Neto  Lanny Maria Bethânia
  Conversa de Botequim
  FILHOS DE HEITOR VILLA-LOBOS
 
INSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTAL Sax Terror     
  SAMBA(S)
BLEQUE RIO UM OUTRO SAMBA DE BREQUE        
  FEMININA

  MULHERES & HOMENS NO EXÍLIO o bêbado exilado & a liberdade equilibrista

  ANGOLA          
  ROCK MADE IN BRAZIL ou
 Quando a rapeize solta a franga

  LIRA PAULISTANA            
  CULTURA DA BROA DE MILHO

  LAMBADA  BREGANEJO AXÉ E SAMBAGODE
 
RIO FUNK HIP SAMPA HOP E DÁ-LE MANGUE BITE RAPEMBOLADA
  DRUM’N’BOWSSA            
  CHORO SEMPRE CHORO     
  INSTRUMENTISTAS
 & INSTRUMENTAL II   SAX TERROR  NA NOVA ERA
  ECOS E REVERBERAÇÕES DO SÉCULO DAS CANÇÕES
  
  DE PELO TELEFONE A PELA INTERNET

   MÚSICA DO BRASIL em  A triste e bela saga dos brasilianos
  
MÚSICA DO BRASIL  em ERA UMA VEZ A REVOLUÇÃO      

 

Elifas Andreato: capa do LP Confusão Urbana Suburbana e Rural de Paulo Moura


PAGINA INICIAL revoluciomnibus.com



MAPA DA MINA MAPPA DELLA MINIERA

meio século
de psicodelia
e bossa nona

bossa nova
The Beat
Goes ON

a fome
no mundo e
os canibais


as ditas
moles e as
ditaduras


Brasil de
Caminha a
Lula da
Silva

Brasil
a bossa e a
boçalidade

Miconésia
no Pindaibal

Brasil e
A
mer ica
Latina

  contracultura









história
do uso das
drogas

aldous
huxley

henry david
thoreau

ERA UMA VEZ
A
REVOLUÇÃO


poP!

Notícias
do
Tiroteio


Lusáfrica
brasileira

parangopipas
Maio de 68
 50 do 25 Rumo à
Estação Oriente

A triste
e bela saga
dos brasilianos

La triste
e bella saga
dei brasiliani


Deus e o
Diabo na Terra
da Seca

Música do
Brasil de Cabo
a Rabo

Maionese
a consciência
cósmica


    revoluciomnibus.com eBookstore

                          acesse a íntegra ou trechos de livros de james anhanguera online a partir         DAQUI

revoluciomnibus.com - ciberzine & narrativas ©james anhanguera 2008-2025
créditos autorais: Era Uma Vez a Revolução, fotos de James Anhanguera; bairro La Victoria, Santiago do Chile, 1993 ... A triste e bela saga dos brasilianos, Falcão/Barilla: FotoReporters 81(Guerin Sportivo, Bolonha, 1982); Zico: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior e seleção brasileira de 1982: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Edinho: Briguglio, Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Antognoni: FotoReporters 81, Guerin Sportivo, Bolonha, 1981.

 

E-mAIL


educação diversão desenvolvimento humano



facebook.com/ james anhanguera instagram.com/revoluciomnibus
- youtube.com/revoluciomnibus3128

TM

 

Carolina Pires da Silva
e
James Anhanguera


TM


















Rogério Duarte ou Rogério Caos holds a sua cria


páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA




















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA


Lanny Gordin

 

Rogério Duarte ou Rogério Caos holds a sua cria

 

páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA



páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

 Lanny Gordin


Rogério Duarte ou Rogério Caos holds a sua cria

 

páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.htm

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA




páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

Rogério Duarte ou Rogério Caos holds a sua cria


páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA







                    Lanny Gordin

Rogério Duarte ou Rogério Caos holds a sua cria

 

páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA




 páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA
















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

 
Lanny Gordin



páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA



páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

 

















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA
















 páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA


 















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

 



















 páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA

 















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA



















páginas associadas

CONTRACULTURA.html

VAPOR BARATO.html

DEPOIS DE LONDRES

GLAUBER ROCHA

TROPICÁLIA

CAETANO VELOSO

HELIO OITICICA