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1972
Londres 1971
Back in Bahia 1972
Sampa
1974
1973-1974 - 1998
retrospectivos 1968/69
retro-retrospectos: 1963, back in Bahia fundando
as bases, 1963/1966, de Bahia a Sampa
demo-nstrando as bases
Cores
vivas
eu penso em nós
pobres mortais
quantos verões
verão nossos
olhares fãs
fãs desse
céu tão
azul
Gilberto Gil
a Glauber Rocha
A
instigante evolução permanente de Gilberto
Passos Gil Moreira
Com José Afonso entre neves e parques back in London e na capa
do compacto duplo do cantautor português de 1970
trecho de
Gilberto
Gil back in London 1969-1972
De brechó, mas roupa tinindo de nova,
jaquetão e mochila saídos do almoxarifado do
glorioso British Army onde
só fizeram escala sem ser desembalados entre a
fábrica e os mercados de Camden e de Portobello,
belo, numa rua insolitamente buliçosa aos sábados
de manhã num bairro dormente, mais que adormecido,
junto a Notting Hill Gate.
- Hi, Guil!!
Um espeto igual a Ed, ar de marinheiro
mediterrâneo esquálido, fauces róseo-púrpuras, o
cara ultra-famoso, Stephen Georgiou, filho do dono
de um restaurante grego das redondezas a que deram
a alcunha de Cat - Cat Stevens, bate
no ombro de Gilberto Gil, que se dá com gregos e
troianos no mundo do rock, franzino também após
alguns meses de macrobiótica e reflexão sobre a
prisão num quartel do Rio de Janeiro a que foi
parar não porque roubou ou matou e a distância a
que foi projetado no exílio forçado. Reflete horas
a fio sentado sobre uma esteira de tatame e só
fala quando, após longas sequências de
dedilhamento e acordes, num paciente estudo de
violão, como que perdendo a paciência grita mas
eu tenho que dominar esses dois dedos!,
querendo dizer separar o mais possível o mindinho
do anelar para explorar ao máximo o potencial da
mão na execução do que agora, mais que um meio de
vida, é uma arma de resistência aos fantasmas da
dúvida que o assaltam, longe da terra em que, ao
ser obrigado a abandonar, lançou o seu maior
sucesso popular, Aquele
Abraço de despedida,
temendo que seja a da própria carreira.
Gil acaba de lançar em
vinil a necessária aposta numa carreira
internacional a partir de Londres, com uma tocante
versão solo de Can’t Find My
Way Home, que Steve Winwood lançou
no lendário LP do Blind Faith e de que fez a mais
perfeita tradução do sentimento em relação ao
difícil momento político que o seu país, sob
ditadura militar, e existencial que ele, no
exílio, vivem: Desça do seu
trono e esqueça o seu corpo, alguém tem de mudar.
Um dia Ed telefonou a John Walters,
ex-trompetista do Alan
Price Set, que fez muito
sucesso em meados da década, e produtor de Top Gear,
o programa de John Peel na Radio 1 da
BBC.
|
- Hi ya John,
I’m a brazilian youngster just
mad about John Peel’s work, I’m
in London for a brief
journey and would love
to introduce ya both to some
outrageous brazilian fellow who
plays lots of good music, like a gorgeous
solo version of Can’t Find My Way Home, would ya like
to hear it? Man, it’s the prettiest thing
that ever came out of the rock scene in Brazil!
- Oh, yeah... Brazil,
then... I’da...
- Ok,
so would you
like to make
an appointment with me to show the
stuff and see if Peel would
like to play it too?
- Right, would you care to show up
here at the Broadcasting House
next Saturday at 2 p.m.? Tell the
attendant to call me.
|
- Oi, John, sou um
jovem brasileiro que curte demais o trabalho de
John Peel, estou em Londres de passagem
e adoraria apresentá-los a um brasuca arrasador
que faz música de alto nível, como
uma esplêndida versão solo de Can’t
Find My Way Home, você gostaria de ouvi- la?
Olha, é a coisa mais linda que
já se fez na cena rock brasileira!
- Oh, sim... Brasil, então... Eu...
é...
- Ok, então, gostaria
de marcar um encontro
comigo para eu lhes mostrar
a coisa e ver se Peel gostaria de tocá-la?
-
Certo, você se
importaria de vir à Broadcasting
House sábado às duas
da tarde? Diga ao contínuo para me
chamar.
|
Gilberto Gil com Gal Costa em um
banco de jardim londrino no exílio
em
que mergulha em si do mar da Bahia a Portobello Road e
prossegue o estudo do violão de mais de vinte anos, vive in
loco e numa digressão a Nova York a explosão de novidades
sonoras em curso e nomeadamente do funk jazz ao rock na
gênese do jazz-rock e do rap seminal dos Last Poets que irá
explorar em irmanação da tradição jorgebeniana de um samba
irmão do soul pré-mas-já-funk e misto de maracatu. Maracatu
Atômico, Three Mushrooms. Funda em paralelo
com Jorge Ben uma das correntes interculturais mais
vibrantes da música popular brasileira do final do século
XX.
da webpage revoluciomnibus.com\Música
do Brasil de Cabo a Rabo
CHICO
.ROQUE.ANDE
ROL
QUE FESTA DE ARROMBA!
DEPOIS
DE LONDRES
1973
com o parceiro Chico Buarque (Cale-se1) e no palco
da Phono 73
Pai médico, mãe
professora de cidadezinha do interior baiano, Gil cresceu em
Ituaçu ouvindo Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro irradiados
pelo serviço público de alto-falantes, por todo o Brasil, de
pequenos municípios a favelas como as do Rio de Janeiro, a
Rádio Nacional alternativa para os que não tinham para escutar
nem o rádio fanhoso do vizinho.
Jóia e Qualquer Coisa são gêmeos (saíram
ao mesmo tempo) mas não univitelinos.
Jóia acústica.
Qualquer Coisa eletroacústica.
As duas faces de Caetano Veloso dos anos 1970 a 1990 em
1975.
Jóia toda natura. O homem natural. A paisagem natural. A
nudez (da pintura da capa censurada, o que fez com que Jóia
se tornasse sem querer o segundo álbum quase branco de
Caetano Veloso).
A abrir, em Minha Mulher, com o exímio
acompanhamento em dedilhado rendilhado de Gilberto Gil.
E por acaso – todo o disco tem esse clima de
acontecência por acaso, como de resto muitas canções de
Gilberto Gil, que acontecem quando e como menos se espera – o
lado B de Jóia começa
com Pipoca Moderna da Banda de Pífanos
de Caruaru, sertão de Pernambuco, com letra de Caetano Veloso,
que abre 2222, de Gil em 1972, só instrumental.
...
Cálice – Gilberto Gil-Chico Buarque
Chico Buarque-Gilberto
Gil
Quem
fez a letra e quem fez a música? Ambos, juntos? Muito provavelmente Gil fez mais a música e Chico mais a letra. Nada
disso, a música foi feita na cobertura da Lagoa de Chico
Buarque, donde o monstro da Lagoa e bebida amarga era a Fernet
que tomavam enquanto compunham a quatro mãos, frente a frente,
o... spiritual de Semana Santa, em um sábado de
Aleluia, um escreveu uma estrofa, o outro outra, contou
Gilberto Gil sobre o clássico da celeuma da Phono 73, em que o
cale-se foi censurado com o corte dos microfones.
O festival
revelou um repertório excelente. Só por exemplo:
Filhos
de Gandhi
e
Ladeira da Preguiça, as duas de Gil, a segunda em duo com Elis, a primeira
reunião Gil&Jorge, que depois renderia
um duplo LP
+ Gilberto Gil pós-exílio em Londres Back
in London
Em
1973 Gil pré-anunciava a chegada do samba duro e da
timbalada levando para o terreiro midiático nacional os
blocos de afoxé de Salvador, de onde Gal & Bethânia
traziam também o encantamento místico mais belo e profundo
através de Caymmi, que acabara de lançar sua oração só com batuque, voz e violão
(elas ali estão com o excelso acompanhamento de Dominguinhos
do Acordeon).
Filhos
de Gandhi celebra a lei áurea dos blocos de afoxé, que
através dele são levados ao conhecimento do resto do país, e
prenuncia Refavela, LP de Gilberto Gil lançado
quatro anos depois, e Um Canto de Afoxé Para o Bloco do
Ilê, de Caetano Veloso, de outros tantos anos adiante.
A oração de Gil e a participação de Naná – cujo LP Amazonas,
recém-lançado
pela
Phonogram, foi apenas mais uma vítima do regime de jabaculê
& preconceito vigente no pedaço –
são marcos de uma abertura do mercado à música
afro-brasileira além-samba. Batucada assim não se ouvia em
disco desde Batmacumba,
lançada por Gil e Caetano em 1968.
Duplo Sentido, Doente Morena, O Compositor Me Disse, Ladeira da Preguiça, Eu Preciso Aprender A Só Ser, Meio de Campo
Essa foi a fase de maior relaxamento de Gilberto
Gil, que buscava explorar novas formas de canção e
intensificar o diálogo com a música e os seus instrumentos,
após longo e intenso estudo da voz (em modulações e
improvisos ou scats) e do violão. Essa fase, em que
revela através de Bethânia e Elis ou quase nem revela Duplo Sentido, Doente
Morena, O Compositor Me Disse, Ladeira da
Preguiça, Eu Preciso Aprender A Só Ser e Meio de
Campo, está muito bem documentada no LP Gilberto
Gil Ao Vivo, gravado no TUCA, em São Paulo, e dela são
outros bons instantâneos Lugar Comum, feita em
parceria com João Donato, recém-retornado dos EUA, e João
Sabino, com quem mantém fascinante diálogo sobre
música e visão atrás da serra, Cachoeiro de Itapemirim.
É uma fase de
intensificação do diálogo de Gil com a música e com os
músicos, nomeadamente com o suingue danado do baixista Rubão
Sabino. Em que ele também se revela excelente produtor com o
LP Jorge Mautner, que reuniu uma banda
de rock, samba e samba-rock de fazer tremer o chão, o teto e
as paredes em Cinco
Bombas Atômicas ou
Guzzy Muzzy. Gil iria repetir a façanha anos depois com um não menos injustamente
negligenciado Domingo Menino Dominguinhos. E num
estudo do samba-choro e samba de breque em que alterna
interpretações suas de clássicos dos anos 1930-40 com
gravações originais do paulista Germano
Mathias.
Ao estrelato com as façanhas da Tropicália e o sucesso de Aquele Abraço seguiu-se o choque
térmico da redução a 0 das suas perspectivas na profissão ao ser coagido a começar de novo do exílio em Londres, o que por outro
lado deu-lhe a liberdade de ouvir com tempo e ouvidos
livres a música em circulação nos epicentros do movimento
musical pop internacional, já transformado em pouco mais
que uma miríade de etiquetas pela indústria do disco mas
ainda assim – ou por isso mesmo - em plena ebulição. E um
terreno que, com o approach à guitarra e outro
instrumental eletrônico, vem ao encontro das suas
intenções no momento – abrir o leque harmônico do samba ao
funk: o jazz-rock do mestre da trilha sonora de Blow Up de Antonioni, que nos
créditos do filme de 1966 assina
Herbert Hancock.
Miles Davis. Por aí.
Quando Herbie grava Headhunters, o funk-padrão
made by Hancock, desde o disco de regresso, 2222,
com a impecável assistência harmônica e de tempero rítmico
de Lanny Gordin, Bruce
Henry e Tuti Moreno, Gil já virara fera
nas levadas do samba-funk, como outra vez em João Sabino com Rubâo e Tuti
pra ver o sol
nascer aqui na terra atrás da serra Cachoeiro de Itapemirim
o sol nascer João
Sabino eu imagino quando era menino eu via assim
-
estava comendo banana pro santo
-
pra quem?
- pro santo
- pra quem?
- pro santo
- pra quem?
- pro santo espírito senhor pai do filho do
espírito
santo filho do espírito santo filho
de uma localidade de lá
Na sequência de Ao Vivo e Jorge
Mautner Gil despoleta Gil&Jorge, que no fundo
é o corolário de suas pesquisas em torno das origens do
samba e de outros ritmos afro-brasileiros e sua junção com o
jazz ou o funk a partir do samba misto de maracatu
de Jorge Ben, realiza Refazenda, no fundo talvez
corolário dessa fase de análise dos (i)limites da canção e,
de passagem, da função de corpo e intelecto na postura
existencial, com um re-mergulho nas origens nordestinas com
pinta de agreste e aromas de vasto mar, e com um dos
parceiros na empreitada com Mautner, o guitarrista Roberto
de Carvalho, no comando de ataque da banda, o disco ao vivo
Refestança, ao lado de Rita
Lee Jones, sua grande parceira
na fase do desbunde da Tropicália nos Mutantes.
Em De
Leve (versão de Get
Back,
mais gozada mas como mil e uma versões que se faziam à época
da JG em meio mundo) Gil e Rita Lee fazem também uma visita
a esse passado.
Na
passada Gil envolve-se no projeto Doces Bárbaros, a primeira
reunião dos quatro novos baianos Gil, Gal, Cae e Bethânia
desde o ponto de partida em Salvador em Nós Por Exemplo, no Teatro Vila
Velha. Palco do show e disco de despedida de Gil e Caetano
antes da partida para o exílio, Barra
69,
no Teatro Castro Alves Gil e Caetano fizeram
com Gal um de seus grandes shows e discos ainda de regresso, Temporada de Verão.
Na
introdução da versão de O Sonho Acabou, do seu show no Temporada de Verão, Gil presta tributo a Donga e João da
Bahiana, pais do samba pela mistura das batucadas do
Recôncavo Baiano com as jongadas e congadas bantos
do Rio e Minas Gerais. Do som do samba ao fim do sonho
contracultural. Em Doces
Bárbaros
o
tributa um dos pais do rock, Chuck
Berry Fields Forever, em que desenvolve o mesmo raciocínio inter-étnico-racial e de
fronteiras espaço-temporais. Dos campos de algodão e da
cana-de-açúcar, séculos 19 e 20, aos de Chuck Berry. Aos de
morangos ingleses dos Beatles e do seu exílio involuntário
em meados do século, onde cantava versões de Up from the skies e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, de Hendrix e The Beatles. E ao futuro, que pela sua visão já
estava implantado no início do último quarto do século do
jazz, do samba, do cinema e do rock: Rock
and
roll, capítulo I, versículo 20, siculo 20, século 21. Hoje.
HOJE, meio século
depois, siglo 21.
Não
é acaso que enquanto Gilberto Gil retoma gravações em
estúdio em 1973 na Phonogram no Rio de Janeiro Caetano
Veloso grava num estúdio de São Paulo gilberto
misterioso, que Gil abriu o seu disco de regresso com
Pipoca Moderna da Banda de Pífanos de Caruaru e
Caetano irá abrir o lado B de Jóia, que abre com
acompanhamento de Gilberto Gil ao violão em Minha Mulher,
com Pipoca Moderna que garbosamente letrou, e que
Gil esteja repassando Iansã, um dos mais poderosos
hard-rocks brasileiros, que ambos assinam e que só se irá
ouvir em estúdio por Gil em 1998 no disco Cidade do
Salvador lançado em CD em formato que seria de duplo
álbum (LP) graças aos auspícios do garimpador Marcelo Froes
que junta uma série de gravações já sobejamente conhecidas
pelos fãs porque lançadas na época em discos compactos, de
duas, três ou quatro faixas, e não mais, pérolas de mais um
período muito frutuoso de sua carreira, em que, como
Caetano, lança as sementes da obra vindoura.
Caetano vai corajosa e brilhantemente quase solitário às
raias do experimentalismo sonoro, letra e música, e Gil do
mesmo modo aparece livre, leve e solto & quando ocorre
muito experimental (às raias em Pocalipi) com sua
usina de samba-bossa ou levada de Caymmi e samba-funk,
exímio engendrador e burilador, entre scats e modulações
vocais de grandiosa fluidez e plasticidade, lembrando até
Nina Simone numa época que já é marcada no Brasil pelo mal
da falta de FICHA TÉCNICA e que criou uma brecha em
documentação histórica e que faz com que a gente viva um
permanente blindfold test tentando sacar quem é quem
no arranjo e acompanhamento, com Aloísio Milanês e quem sabe
Antonio Perna Froes nos teclados, Fredera ou Frederico ou
Frederyko do Som Imaginário, guitarra, Moacyr Albuquerque e
Rubens Rubão Sabino, baixo, e Tuti Moreno e Chiquinho
Azevedo, título de uma das canções de Gil do período,
bateria e percussao. Outro transfer entre Gil e Caetano é a
presença em espírito do diretor musical e
violonista(-BAASE!) de Transa, de Caetano,
gravado em Londres, e não mencionado (como os restantes
músicos) na capa do disco, o que leva Jards Macalé andar
muito zangado com os baianos todos: Gil usa Tuti e Bruce
Henry, baixo, dois terços do Jards Macalé power trio do
antológico - letra, música e execução instrumental -
primeiro bolachão de Macau, A base rítmica com que Gil deu
também muita solidez a 2222.
Duplo Sentido, Doente Morena, O Compositor Me Disse, Ladeira da Preguiça, Eu Preciso Aprender A Só Ser, Meio de Campo
As
letras às vezes manifestos (Oriente, O Sonho
Acabou, Expresso 2222 e mesmo Back in
Bahia só em 2222) possuem catadupas de
descrições estonteantes e de sublimes associações de
imagens (metáforas metas fora, meta fora) e ideias com
qualidades específicas da narração cinemática e/ou
cinematográfica com carga atômica de intimismo intimista e
intimidatório, entre as estupendas alegorias de Jorge
Mautner distingue-se a luminescente arte do parceiro de
Macalé em Hotel das Estrelas, Duda Machado, o
co-autor com Gil da acapachante Doente Morena. Do
mesmo modo seu Duplo Sentido, que de algum modo
remete a uma sua outra preciosidade da por assim dizer
fase tropicalista, Luzia Luluza.
O grande narrador dessa e de Procissão, Domingo
no Parque, Ele falava nisso todo dia, por
assim dizer amadurece. Suas letras brotam de sucessivas
sinapses de transe poético, como a música, com grandes
sacadas de associação de ideias e sons entre sentimentos e
lugares ou vice-versa em estilo de crônica, deambulação
metafísica, sugestas fenomenológicas, em um espírito
assonante&paronomástico em que, como no caso do
parceiro ocasional Chico Buarque, letra e música interagem
em sucessões de assonâncias & paronomásias ditadas
como que por automatismo, e não é por acaso que nessa
época Gilberto Gil disse em entrevista à revista Pop
que a música é a melhor alternativa para quem não gosta de
matemática. O compositor me disse... Êêê!
Tradição aqui, voz e violão, que muitos de seus
cultores sempre preferirão: despida da purpurina
eletrônica do samba-funk giliano no alvor da década de
1980 em Realce, quando foi revelada, entre Earth
Wind & Fire e o brilho das carrapetas de Lincoln
Olivetti.
Engendrador, burilador da música
do futuro desde Salvador, em 1963, quando em aparições na TV
baiana chama a atenção do estudante de filosofia Caetano
Veloso, até a véspera da explosão de seu talento raro em 1966,
em gravações comerciais ou demotapes de um ou uma multidão de
estilos em engendramento.
Gravações reveladas no século XXI, haja Deus.
capa Rogério Duarte
1974
produção Gilberto Gil
bateria percussao Tuti Moreno
violão bandolim Nelson Jacobina
baixo Rodolfo Grani Jr.
bateria percussão Chiquinho Azevedo
guitarra teclados Roberto Carvalho
violão Gilberto Gil
voz violão violino Jorge Mautner
MARACATU ATÔMICO HIP JORGE
MAUTNER 3 COGUMELOS
Jorge Mautner, autor de letras de
três faixas de Gilberto Gil 1971, entre elas Three
Mushrooms, poeta e filósofo hip do Kaos e de Fragmentos
de Sabonete, é um dos criadores mais citados por
Gilberto Gil no período, com versões delirantes de O
relógio quebrou, Maracatu Atômico e Herói
das Estrelas, estas duas em parceria de Jorge com Nelson
Jacobina.
Natural que Gil fosse o produtor
do seu primeiro disco de estúdio e assinasse o texto de capa:
Desafinado foi um manifesto da
alma do homem da história daquele tempo - Brasil, anos 50. Tropicália
foi um manifesto da alma do homem da história daquele tempo
- Brasil, anos 60. Maracatu Atômico é um manifesto
da alma do homem da história deste tempo - Brasil, anos 70.
50, 60, 70, e assim por diante, caminho do corpo universal,
o espírito de Deus. O elepê de Jorge Mautner tem treze
músicas, dele ou de parceria com Nelson Jacobina, um garoto
dos sonhos cariocas, da aventura de Ipanema. (...)
Jorge canta tudo com aquele jeito de século XIX e XXI. (...)
Ataulfo Alves se deliciaria com Matemática do Desejo.
Os sambas são todos lindos e Ginga de Mandinga, de
parceria com o baixista Rodolfo Grani Jr., é uma serpenteira
que se desenrola enrolando todo mundo. De João Gilberto a
Herbie Hancock. Os rocktosos Guzzy Muzzy, Rock
da TV, Cinco Bombas Atômicas e Salto no Escuro
me fazem pensar que afinal pinta uma banda aqui tocando e
soando como os Rolling Stones e assim mil anos de distância
dos Rolling Stones, pra frente ou pra trás. (...)
Para uma terra que tem Jorge Ben tinha que pintar Jorge
Mautner.
O
tema aqui é Gil mas nesse tempo de Gil tem também muito Ben
e muito Mautner, artista hip, na onda desde 1959, quando
lançou Kaos. Em Londres, onde fez parcerias com Gil,
filmou um Super-8 com Caetano Veloso chamado O demiurgo.
De origens judias austríacas, donde o violino (mas não o seu
suingue bem local), entre a metafísica e a ficção científica
ou vice-versa viaja com humor, vigor e audácia do
hiperrealismo (Cinco Bombas Atômicas, Herói das
Estrelas, Maracatu Atômico) ao real e o surreal
da alma do homem daquele tempo (O relógio quebrou, Rock
da TV, Pipoca à meia-noite) ou vice-versa em
quadros hilários misturando blues e samba na mesma faixa.
Junta-se desta vez a Tuti Moreno um Rodolfo Grani Jr. q como
se dizia antigamente sobra no bolachão em pulsação de
quebradas e serpenteios que são a marca ritmica de Jards
Macalé (1971), 2222 (1972), Gilberto Gil
Ao Vivo (1974) e por exemplo em Meio de Campo
de Cidade do Salvador. Repicando e repinicando
keith-richards-&-nickhopkins-ianamente nas quebradas na
guitarra no piano e órgão Roberto Carvalho revela a
competência com que montou a usina sonora de sucessos de
Rita Lee.
The Three Mushrooms
Gilberto Gil-Jorge Mautner
The
first mushroom
Makes room for my mind
To get inside the magic room
Of Dionisius' house
Time is over
War is over
I am safe and sound
I live and love
I drink and eat
I can leap and bound
Now I am dying all my life away
As well as I am being reborn
Day after day
The
second mushroom
Makes room for my body
To get inside the tragic room
Of Dionisius' house
Time is on
War is all
I am busy and sad
From mists of pain
I rise and fall
Like an endless rain
Now I am doing what I have to do
Fulfilling all my will of conquest
Moon after moon
The last mushroom
Makes room for the unknown
I get inside the secret room
Of an unthinkable house
In which I feel the grace
In which I get to be the space
From which I see the Earth
Exploding into a light
That the last mushroom aroused
The last mushroom
Atomic mushroom
TROPICALIA DE CABO A RABO
TROPICALIA
DE CABO A RABO
Gilberto
Gil também ditava as suas em depoimentos-entrevistas, mas
dizia sobretudo por música, letra e música ou em parcerias
históricas com Torquato Neto e José Carlos Capinan.
Caetano Veloso escrevia e recitava manifestos. E era o
próprio manifesto. Um poço de contradições aparentes.
Mutantes
(1968-1969), Novos Baianos (1972-74), Macalé-Wally
Sailormoon (Salomão) (1972-74), Jorge Mautner (1974) e
o guitarrista Lanny Gordin em gravações de C. Veloso e
G. Gil são boas expressões do clima q também havia por
aqui, quando Arembepe ternou-se o símbolo de desbunde
(o termo é daqueles anos).
Tropicália, of course – contracultura brasileira: de
Oswald de Andrade e a antropofagia a Vicente Celestino
-, nela incluindo Teatro Oficina de São Paulo (diretor
José Celso Martinez Correia), Glauber Rocha e Hélio
Oiticica (artes plásticas), entre outros produtores de
várias áreas.
Caetano
Veloso não gostava do termo tropicalismo, por
implicar com ismos. Tropicália foi nome
transplantado por Luís Carlos Barreto da exposiçáo
de instalações de Hélio Oiticica no MAM do Rio de
Janeiro em 1967 para a cuca dos tropicalistas que
batizou o movimento, que em verdade não era
movimento de nada: havia de fato uma patota de
altíssimo gabarito – Caetano, Gil, Mutantes, Tomzé,
Torquato Neto, José Carlos Capinan, Gal Costa - com
ela passou com muita força Jards Macalé e o jovem
Waly Sailormoon (Salomão), saudado por Gal em Meu
nome é Gal (Roberto Carlos-Erasmo Carlos) em 1969 ou
Barra 69 - e por extensão Rogério Duprat, Júlio
Medaglia e Damiano Cozzella (arranjadores, jovens
maestros da área de música de concerto) e Lanny
Gordin, guitarrista, filho de um inglês de Hong
Kong. A de Lanny parece estória de pirata. Como ele
conta, sua lenda parece ter terminado num banho de
ácido lisérgico (LSD).
Rogério Duarte também foi citado como entre um lado
e outro da linha mas sua piração pode ter sido
paranoia por dura de prisão Barra 69, era dos
milicos.
Na sequência de tantos momentos épicos na cultura
brasileira no século XX – poetas e escritores muito
bons, da dimensão de Graciliano Ramos e Guimarães
Rosa, as linhas de Niemeyer, Bandeira, João Cabral,
hélas! Villa Lobos, Pixinguinha, Brasília, Bossa
Nova... a Tropicália acabou por ser – até Caetano
Veloso gravar Odara, em 1976, em plena
ditadura, dedurado pela oposição ao regime, a
esquerda br, no que foi então chamado patrulhamento
ideológico – a expressão brasileira do desbunde da
contracultura. Eles influenciaram muita gente. Não
era só música, canção, mas postura / visão além na
vida e na cultura. Como manifesto de pretensões:
Tropicália ou Panis et circenses – o latinório
errado.
Lá a guerra do Vietnã, aqui ditadura. Tropicália
visão crítica bem-humorada (festiva? Sim, nesse
plano o mundo era a um tempo muito trágico - a
matança africana, a guerra do Biafra, Bangla Desh -
e festivo, muita, muita novidade, o homem aluna - e
no Brasil. NO Brasil a Tropicália é postura up to
date / nova / inovadora / atualizada / sintonizada /
antenada com o mundo em matéria de sons e imagens
físicas e poéticas.
Dá para vê-la como Versão atualizada do modernismo,
iconoclasta e autocrítica.
Uma práxis radical. Tudo somado, porque muito bem
tocada o resultado é de longuíssima duração: entre
Lanny Gordin e Mutantes eles produziram pop de alto
padrão.
|
O
TURBILHÃO
versão
brasileira com tradução simultânea dos bons (e maus)
humores de lá de fora e daqui ”do lado de dentro“ (dos
muros) como dizia Torquato Neto, que andou
frequentando o hospício D. Pedro II, no Engenho de
Dentro, Rio de Janeiro.
Contemporânea de fenômenos revolucionários
(conquista espacial, satélites de comunicação,
desenvolvimento tecnológico – Lunik 9 e Cérebro
Eletrônico, de G. Gil –, mal-estar pelo estado de
abundância e muita carência, guerra e crescente
tecnocracia), no plano interno era reflexo e refletia
movimento análogo em outras áreas e artes, no Brasil
com a Tropicália uma minoria da juventude gerou uma
explosão de alto impacto que se manifestava também em
outros campos artísticos, refletindo-se e refletindo
as propostas revolucionárias (evolucionárias) de cada
uma delas, artes plásticas - ver, para sentir o clima
Hélio Oiticica:
cinema
(Glauber Rocha e uma plêiade de superoitos superoiteiros
e longas que cuspiam e escarravam na narrativa linear,
do chamado underground ou undigrudi ou udigrudi – nomes
da época - e Teatro Oficina (O Rei da Vela, de Oswald de
Andrade). Onda de vanguarda em plena ditadura,
contribuiu para o seu imediato recrudescimento (a
entrada no período mais duro) com o AI-5 em dezembro de
1968.
Esse mesmo
tipo de abordagem da realidade e leitura da vida era
feito no pop-rock e vertentes musicais populares em
todos os quadrantes. Zappa faz relato detalhado, etapa
após etapa, é o cronista sardônico tipo Crumb e Shelton
do pesadelo do sonho americano. Toda a canção da época,
do hemisfério norte ao sul, foi crônica daqueles dias –
nego metia o bedelho em tudo, relatava, alertava,
comentava e opinava. O curioso é que em nenhum outro
lugar houve ao mesmo tempo tantos postulados teóricos,
políticos (e de costumes) e existenciais, em música, em
catadupa, aplicados à vestimenta e à vestimenta musical:
as guitarras distorcidas e estridentes de Sérgio Batista
(Mutantes) e Lanny Gordin, ins-pirados nos ases
nascentes da guitarra, de Clapton a Hendrix, seus
mestres, quase assumiam dimensão política. Gilberto Gil,
que segundo Caetano Veloso (Verdade Tropical, 1997), ao
tomar contato com Jimi Hendrix se rende
incondicionalmente ao brinquedo, participou numa
passeata contra a guitarra elétrica um ano antes de a
adotar para sempre. Primavam, como os congêneres do
Hemisfério Norte, pelo fora do comum e pela
informalidade.
Há de
início recados políticos explícitos, como Soy loco por
ti, América e críticas ao estilo de vida moderno (Ele
falava nisso todo dia, Gilberto Gil). Nas vésperas do
AI-5, vestido de roupas hipermodernas, plastificadas,
injuriado com a eliminação de um festival de
concurso de Questão de Ordem,
apresentada por G. Gil com os Mutantes, à frente
do mesmo trio Caetano Veloso usou a apresentação de uma
criação sua inspirada em pichação do Maio de 68 em Paris
(É proibido proibir) para botar discurso
inflamado contra o quadradismo, a caretice
estética e o gosto padrão, fosse qual fosse, dado,
orientado, imposto, estatuído, estabelecido - crítica de
cultura e da civilização e grito pela abertura da mente
a outras esferas de visão e raciocínio. Como lá fora.
O
laboratório experimental de ideias e de sons, colhidos
das ou sugeridos pelas mais variadas fontes – Gil chegou
a exibir seu instrumental de sacadas dos anos em que
trabalhou no departamento de publicidade e marketing de
uma multinacional de produtos de higiene corporal –
expunha permanentemente questões de ordem estética,
reflexões sobre o gosto padrão dominante no Brasil
(brega: Coração Materno, de Vicente Celestino e outros
momentos como Mamãe não chore, Caetano-Torquato Neto) ou
o descompasso entre o tempo das sofisticadas
dissonâncias da bossa nova e o das estridências da
guitarra – porque ”as notas dissonantes se integraram ao
som dos imbecis“, “chega de saudade” (Saudosismo, C.
Veloso) e desfecha guitarrada a fechar.
Desbunde e
deboche: em Objeto Semi-Identificado, de G. Gil e
Rogério Duarte com o maestro R. Duprat: “eu gosto mesmo
é de comer com coentro uma moqueca, uma salada, cultura,
feijoada, lucidez, loucura” (...) “a cultura, a
civilização só me interessam enquanto sirvam de
alimento, enquanto sarro, prato suculento (...),
informação”.
O
modernismo atacou da mesma forma iconoclasta o
beletrismo e uma visão limitada e opressora / colonizada
da identidade nacional.
Tropicalismo é uma forma
antropofágica de relação com a cultura. Devoramos a
cultura que nos foi dada para exprimirmos nossos
valores culturais. Não tem nada a ver com as doces
modinhas nem surgiu para promover o xarope Bromil. A
estrutura desse programa se assemelha ao ritual de
purificação e modificação e utiliza para isso as
formas mais fortes de comunicação de massa tais como
missa, carnaval, dramalhão, candomblé, teatro, cinema,
sessão espírita, poesia popular, Chacrinha,
inauguração, discurso, demagogia, sermão, orações,
ufanismo, revolução, transplante, saudosismo,
regionalismo, bossa nova, americanismo, turismo,
getulismo.
Torquato Neto e José
Carlos Capinan - Vida, Paixão e Banana do Tropicalismo
1967-1968 - programa de TV
encontros
e reencontros - contexto
1965-1966:
depois de protagonizarem Nós por exemplo em
Salvador quatro jovens baianos afluem no sul-maravilha.
Maria Bethânia é convidada a substituir Nara Leão no
show Opinião, com Zé Ketti e João do Vale, em
Copacabana, e tem por escorte o inseparável mano Caetano
Veloso. Se enturma com o violonista Jards Macalé, que
também dá as caras em Opinião, a quem apresenta
Guilherme Araújo, regressado ao Rio de Janeiro de um
estágio de produção de TV na Radiotelevisione Italiana.
Gilberto Gil segue para São Paulo para trabalhar no
departamento de marketing e publicidade da multinacional
Gessy Lever. No chamado eixo Rio-São Paulo de então,
pós-golpe militar de 1964, o domínio entre jovens cabeça
é da dita esquerda festiva, a da UNE (União Nacional de
Estudantes) e do seu Centro Popular de Cultura (CPC)
marxista-leninista-ó-trotskista que agrega pessoal do
novo teatro tupiniquim que encena Opinião e logo
depois Arena conta Bahia, com o trio
Gil-Bethânia-Caetano sob direção de Augusto Boal, em São
Paulo. O protesto contra a ditadura militar nascente é A
TÔNICA nas artes em geral e, na música popular, entre os
incuráveis jovens discípulos da sempre revolucionária
bossa nova, impera a música de protesto, que pela sua
influência incurável pintava como uma BN nacionalizada,
passe a expressão, que depois o distinto chamou Bossa 2.
Nessas, Caetano se agrega a Gil em São Paulo e a eles se
juntam Guilherme e Gal, ops, então ainda Maria da Graça,
que desce da Bahia escoltada por Waly Salomão,
entrementes Sailormoon. Não se esqueçamos da
absorção pela patota dos bardos José Carlos Capinan, de
Candeias, no Recôncavo Baiano, Tomzé, de Irará, na
Bahia, e Torquato Neto, da tristeresina piauense, e que
por obra e graça de Guilherme, segundo Caetano Veloso,
Maria da Graça, que entretanto divide um LP com Caetano
Veloso (Domingo), desponta como Gau, melhor, Gal,
por conta sabe de quem: France Gall, a famos´ssima
parceira de Serge Gainsbourg em Poupée de cire,
poupée de son! Isso mesmo. Junte-se-lhe uma pitada
de Beat Boys e Mutantes por influência, na
contrrramão da históriaaa, da Jovem Guarda e a
manhã tropical inicia. O desbunde, o caos legal.
Para uma contra
cultura da usura
TROPICÁLIA
TRIPS CÁLIDOS NO PAÍS DOS MUTANTES
Nós por exemplo - Salvador, Teatro
Vila Velha, 1964: Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Tomzé
Arena conta Bahia - Sâo Paulo, 1965,
direção: Augusto Boal, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto
Gil
No ano de 1967 Gil começa a trilhar novos
caminhos. O fenômeno da contra cultura, o psicodelismo e o som
dos Beatles agitam o mundo e o levam a repensar o seu trabalho
musical.
as guitarras
distorcidas e estridentes de Sérgio Batista (Mutantes) e
Lanny Gordin, ins-pirados nos ases nascentes da guitarra,
de Clapton a Hendrix, seus mestres, quase assumiam
dimensão política. Gilberto Gil, que segundo Caetano
Veloso (Verdade Tropical, 1997), ao tomar contato
com Jimi Hendrix se rende incondicionalmente ao brinquedo,
participou numa passeata contra a guitarra elétrica um ano
antes de a adotar para sempre. Primavam, como os
congêneres do Hemisfério Norte, pelo fora do comum e pela
informalidade.
Assumem o subdesenvolvimento brasileiro,
aproveitam elementos estrangeiros e reinterpretam-nos segundo
uma ótica antropofágica (...) adotam uma atitude de
questionamento de costumes e comportamentos que ultrapassam a
própria música.
Gilberto Gil viu sua prisão de dois meses
em 1968 / 1969 como uma sanção ao meu pensamento, à minha
atitude, era uma coisa toda contra os limites de expressão
da minha condição psíquica.
Há de início
recados políticos explícitos, como Soy loco por ti,
América e críticas ao estilo de vida moderno (Ele
falava nisso todo dia, Gilberto Gil). Nas vésperas do
AI-5, vestido de roupas hipermodernas, plastificadas,
injuriado com a eliminação de um festival de
concurso de Questão de Ordem,
apresentada por G. Gil com os Mutantes, à frente do
mesmo trio Caetano Veloso usou a apresentação de uma criação
sua inspirada em pichação do Maio de 68 em Paris (É
proibido proibir) para botar discurso
inflamado contra o quadradismo, a caretice estética e
o gosto padrão, fosse qual fosse, dado, orientado, imposto,
estatuído, estabelecido - crítica de cultura e da
civilização e grito pela abertura da mente a outras esferas
de visão e raciocínio. Como lá fora.
Se vocês forem em política tão bons como
são em estética, estamos fritos - ofegante Caetano no palco do
Tuca.
CONTRACULTURA
TROPICÁLIA
É
proibido proibir C'est interdit
d'interdire
vai
além dos males políticos e prospecta a razão desses males,
quase que só por impulso mas por manha já
CONTRACULTURA
E
A MANHÃ TROPICAL SE INICIA
TROPICÁLIA
indignado com a
eliminação da peça concorrente no festival de G. Gil, uma Questão
de Ordem, Caetano Veloso banca um comício contra o
quadradismo, a caretice estética, uma crítica ao gosto padrão
das elite e o do público médio, seja qual for, dado, imposto,
estatuído, orientado, crítica de cultura e civilização para um
outro lugar
o modernismo atacou da mesma forma o
beletrismo e a visão equivocada colonizada opressora da
identidade nacional. Numa fase posterior Oswald de Andrade, o
blagueur, foi militante do PCB, a que renunciou acusando pesado
o estalinismo nomeadamente do dedo-duro Jorge Amado, quando
passou a postular contra o patriarcalismo.
Odara despoletou o polícia que todos temos na
cabeça e a sanha das patrulhas ideológicas, hoje no poder ou
pouco + ou - . Provocação q é bom neca.Esse mesmo tipo de
abordagem da realidade e leitura da vida tinha de montão no
pop-rock e vertentes musicais populares em todos os quadrantes.
Curioso é que em nenhum teve ao mesmo tempo - e bem vistas as
coisas em permanência - a colocação de um postulado teórico
aplicado em letra e música e na vestimenta musical, e vestimenta
pessoal, as guitarras retorcidas de Sérgio Dias Batista e Lanny
Gordin, estudo aplicado dos ases da guitarra em parada, de
Clapton a Hendrix - e a guitarra era a bandeira de uma outra
dimensão, se quiser, política.
South America is my name, world is my
name, my size
Gal Costa, Guilherme Araujo, Gilberto Gil e nariz de Dominguinhos em
filme de Fernando Assis Pacheco em Cannes, MIDEM, 1973
Guilherme
Araujo: impulso e apoio básico e transcendental no sobe e
desce da polêmica
https://www.youtube.com/watch?v=tLuzTt0V928&t=415s
COROLÁRIO
COLIRIUM CONTEXTUALIAÇÃO CLIMA
na
batata em documentário UMA NOITE EM 67 que enquadra,
reproduz e recria 40 anos depois o conteúdo desta webpage bolada
a partir da mesma congeminação apenas seis anos depois desses
acontecimentos seminais e q em 1973-74 já pareciam pre-história
mas q rolou por bem mais q uma noite em 67: Chico Buarque: Roda
Viva, Caetano Veloso: Alegria Alegria, Gilberto
Gil: Domingo no parque, Edu Lobo: Ponteio. III
Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, Teatro
Paramount, São Paulo.
James Anhanguera na revista semanal Cinéfilo, de Lisboa, 18-24
de outubro de 1973
os poetas desfraldam a bandeira
Gilberto Gil e Sandra Gadelha BACK IN lONDON
Gilberto Gil no palco no Circo Massimo, na via della
Conciliazione, na região do Vaticano, e na escadaria de Piazza di
Spagna, em Roma,
durante o megaevento Bahia de Todos os Sambas na estate romana de
1983 no documentário homônimo de Leon Hirzsman e Paulo Cesar
Saraceni
Autogozador e crítico em 1968, acadêmico de factu em
2022-04-10
MÚSICA
DO BRASIL DE
CABO A RABO
fontes
bibliográficas e obras de consulta
ciberzine & narrativas de james
anhanguera
http://revoluciomnibus.com/Música%20do%20BR%20I%20Indice%20H.htm
A Divina Comédia dos
Mutantes – Carlos
Calado, São Paulo, Editora 34, 1994
Anos 70 Novos e Baianos – Luiz Galvão, São
Paulo, Editora 34, 1997
Balanço da Bossa & Outras Bossas – Augusto de Campos, São Paulo,
Editora Perspectiva, 5ª ed., 1993
Balanço da Bossa Nova – Júlio Medaglia in Balanço da Bossa &
Outras Bossas – Augusto de Campos, São Paulo, Editora
Perspectiva, 5ª ed., 1993
Caetano
Veloso – Esse Cara – Héber
Fonseca, Rio de Janeiro, Editora Revan
Caetano – Por Que Não? – Gilda Korff
Diegues e Ivo
Lucchesi, Rio de Janeiro, Editora Leviatã Publicações,
1996
Caetano Veloso – Un Cantautore Contromano – Marco
Molendini, Roma, Stampa
Alternativa, 1994
Corações Futuristas – notas sobre música popular
brasileira– James
Anhanguera , Lisboa, A Regra do Jogo,
Edições, 1978
Contracomunicação – Décio
Pignatari , São Paulo, Editora Perspectiva,
1971
De Como a MPB Perdeu a Direção e Continuou na
Vanguarda –Gilberto
Mendes, in Balanço da Bossa &
Outras Bossas – Augusto de Campos,
São Paulo, Editora Perspectiva, 5ª ed., 1993
Fragmentos
de Brilhante – colagens de belezas & tristezas do Brasil e
da MPB – James Anhanguera, Lisboa, edição do autor/Pau
Brasil, 1979
Geração em Transe – Memórias do Tempo do Tropicalismo
– Luís Carlos Maciel
Música Popular Brasileira – José Eduardo Homem de Mello, São Paulo,
Editora Melhoramentos/Edusp, 1976
O Palco de Gilberto
Gil – A Invenção dos Espaços –
Gilda Korff Diegues e Ivo Lucchesi, Rio de Janeiro,
Editora Revan
Os Últimos Dias de Paupéria (Do Lado de Dentro) –
Torquato Neto, Editora
Max Limonad, 2ª ed. revista e ampliada, Rio de Janeiro, 1982
Tropicália – Alegoria, Alegria – Celso Favaretto, São Paulo, Kairos, 1979
Caetano Veloso - textos, notas, estudos de Paulo
Franchetti e Alcyr Pécora, Literatura Comentada, Abril Educação,
São Paulo, 1981
Gilberto Gil - textos, notas, estudos de Fred de Góes,
Literatura Comentada, Abril Educação, São Paulo, 1982
Música do
Brasil de Cabo a Rabo é um livro com a súmula de 40
anos de estudos de James Anhanguera no
Brasil e na América do Sul, Europa e
África. Mas é também um projeto multimídia
baseado na montagem de um banco de dados com
links para múltiplos domínios com o melhor conteúdo
sobre o tema e bossas mais novas e afins. Aguarde. E
de quebra informe-se sobre o conteúdo e leia trechos
do livro Música
do Brasil de Cabo a Rabo,
compilado a partir do banco de dados de
James Anhanguera.
MÚSICA
DO BRASIL
DE CABO A RABO
Você
já deve ter visto, lido ou ouvido falar de muita
história da música brasileira da
capo a coda,
mas nunca viu, leu ou ouviu falar de uma como
esta. Todas as histórias limitam-se à matéria
e ao universo musical estrito em que se
originam, quando se sabe que música se origina e
fala de tudo. Por que não falar de tudo o que a
influenciade
que ela fala sobretudo quando a
música popular brasileira tem sido
quase sempre um dos melhores
veículos de informação no Brasil?
Sem se limitar a dicas sobre formas
musicais, biografia dos criadores e
títulos de maior destaque.
Revolvendo todo o terreno em que germinou,
o seu mundo e o mundo do seu tempo,
a cada tempo, como fenômeno que ultrapassa
- e como - o fato musical em si.
Destacando sua moldura
nessa
janela sozinho olhar a cidade me acalma
dando-lhe enquadramento
estrela
vulgar a vagar, rio e também posso chorar
...
histórico,
social, cultural e pessoal.
Esta é também a história de um
aprendizado e vivência pessoal.
De
um trabalho que começou há mais de meio século por
mera paixão
infanto-juvenil, tornou- se matéria de estudo
e reflexão quando no exterior, qual Gonçalves
Dias, o assunto era um meio de estar perto e
conhecer melhor a própria
terra distante e por isso até mais
atraente. E que como começou continuou focado em
cada detalhe por paixão.
CONTINUA
AQUI
CORAÇÕES FUTURISTAS
nunc et semper AQUI
MÚSICA
DO BRASIL
DE
CABO
A RABO
MÚSICA DO BRASIL
DE
CABO
A RABO
ÍNDICE DOS CAPÍTULOS
capítulos, seções de capítulos com
trechos acessíveis a partir dos títulos,
em azul DeLink
1.
O BRASIL COLONIZADO
raízes & influências Colônia e Império
2.
TUPY E NOT
TUPY formação
de ritmos e estilos urbanos suburbanos e
rurais
Rio sec. 19-sec. 20 - Das senzalas às
escolas de samba
fenômeno
da cultura de massa do século XX
5. BOSSA MAIS NOVA o
Brasil no mundo
Detalhe de cenário de
Rubens Gershman para montagem de O Rei da
Vela, Teatro Oficina, 1967
O LIVRO DE PEDRA
PARA
LENNON & McCARTNEY
VIDA
DE ARTISTA crise e preconceito = inguinorãça
CAETANO VELOSO
CENSURA: não
tem discussão. Não
POE SIA E MÚSICA
POPULAR BRASILEIRA
Milton
Nascimento
O SOM É MINAS: OS MIL
TONS DO PLANETA
MARIA TRÊS FILHOS
(SEMPRE)
NOVOS BAIANOS
NORDESTONTEM NORDESTHOJE
RIO &TAMBÉM POSSO CHORAR
Gal Costa Jards Macalé Waly Sailormoon
Torquato Neto Lanny Maria Bethânia
Conversa de Botequim
FILHOS DE HEITOR VILLA-LOBOS
INSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTAL Sax Terror
SAMBA(S) BLEQUE RIO UM
OUTRO SAMBA DE BREQUE
FEMININA
MULHERES & HOMENS
NO EXÍLIO o bêbado exilado & a
liberdade equilibrista
ANGOLA
ROCK MADE
IN BRAZIL ou Quando a rapeize solta a
franga
LIRA
PAULISTANA
CULTURA DA BROA DE MILHO
LAMBADA BREGANEJO AXÉ E SAMBAGODE
RIO FUNK HIP SAMPA HOP
E DÁ-LE MANGUE BITE RAPEMBOLADA
DRUM’N’BOWSSA
CHORO SEMPRE
CHORO
INSTRUMENTISTAS &
INSTRUMENTAL II SAX TERROR
NA NOVA ERA
ECOS E REVERBERAÇÕES DO SÉCULO DAS
CANÇÕES
DE PELO TELEFONE A PELA INTERNET
MÚSICA DO BRASIL em A triste e bela saga dos
brasilianos
MÚSICA DO
BRASIL em ERA
UMA
VEZ
A REVOLUÇÃO
Elifas Andreato: capa do
LP Confusão Urbana Suburbana e Rural de
Paulo Moura
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Anhanguera; bairro La Victoria, Santiago do
Chile, 1993 ... A triste e bela saga dos
brasilianos, Falcão/Barilla:
FotoReporters 81(Guerin Sportivo,
Bolonha, 1982); Zico: Guerin Sportivo,
Bolonha, 1982; Falcão Zico, Sócrates, Cerezo,
Júnior e seleção brasileira de 1982: Guerin
Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Edinho:
Briguglio, Guerin Sportivo, Bolonha,
1982; Falcão e Antognoni: FotoReporters 81, Guerin
Sportivo, Bolonha, 1981.
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