MÚSICA DO BRASIL

 em

           

ciberzine & narrativas de james anhanguera    

                  

De brechó, mas roupa tinindo de nova, jaquetão e mochila saídos do almoxarifado do glorioso British Army onde só fizeram escala sem ser desembalados entre a fábrica e os mercados de Camden e de Portobello, belo, numa rua insolitamente buliçosa aos sábados de manhã num bairro dormente, mais que adormecido, junto a Notting Hill Gate.

- Hi, Guil!!

Um espeto igual a Ed, ar de marinheiro mediterrâneo esquálido, fauces róseo-púrpuras, o cara ultra-famoso, Stephen Georgiou, filho do dono de um restaurante grego das redondezas a que deram a alcunha de Cat - Cat Stevens, bate no ombro de Gilberto Gil, que se dá com gregos e troianos no mundo do rock, franzino também após alguns meses de macrobiótica e reflexão sobre a prisão num quartel do Rio de Janeiro a que foi parar não porque roubou ou matou e a distância a que foi projetado no exílio forçado. Reflete horas a fio sentado sobre uma esteira de tatame e só fala quando, após longas sequências de dedilhamento e acordes, num paciente estudo de violão, como que perdendo a paciência grita mas eu tenho que dominar esses dois dedos!, querendo dizer separar o mais possível o mindinho do anelar para explorar ao máximo o potencial da mão na execução do que agora, mais que um meio de vida, é uma arma de resistência aos fantasmas da dúvida que o assaltam, longe da terra em que, ao ser obrigado a abandonar, lançou o seu maior sucesso popular, Aquele Abraço de despedida, temendo que seja a da própria carreira.

Gil acaba de lançar em vinil a necessária aposta numa carreira internacional a partir de Londres, com uma tocante versão solo de Can’t Find My Way Home, que Steve Winwood lançou no lendário LP do Blind Faith e de que fez a mais perfeita tradução do sentimento em relação ao difícil momento político que o seu país, sob ditadura militar, e existencial que ele, no exílio, vivem: Desça do seu trono e esqueça o seu corpo, alguém tem de mudar.

   

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Star à nascença, mas como muitos no meio com aversão a star e a sê-lo. Suéter de lã em grossas listras verdes, azuis, lilases e amarelas, tricotado à mão, talvez presente de algum hippie ou pechincha de Portobello ou Camden, onde se abastece de gravações mais ou menos obscuras dos anos 30, 40 ou 50 em 78 rpm ou 33 de nove polegadas, ou tricotado pela girlfriend Pig. De Peel, os cabelos lisos, ralos nas têmporas, vão até os ombros, atrás de uma barba igualmente castanha clara e bem aparada. Olhos de baixo para cima, pergunta quase em surdina, segurando a capa do disco do negro de cabelo blackpower e barba densa.

- Is that really special?

 

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Na fila do self-service vemos Ivan Lessa, fundador e correspondente do Pasquim, primeiro e por enquanto único órgão da imprensa alternativa brasileiro, que conhecemos de vista de uma incursão ao Zepelim, um bar de Ipanema. O português nos apresenta como dois amigos brasileiros.

- E alguém duvida? – ironiza o jornalista, cujo mau (ou, doutro ponto de vista, bom) humor é já lendário, apontando de longe para o passaporte entalado entre o cinto e a blusa de lã de Shetland roxa que acabo de comprar numa loja das imediações. – Brasil gigante, tricampeão do mundo de futebol, Sérgio Mendez and Brazil sixty-six, tudo bem! Mas não precisa exagerar! – alfineta, me jogando à cara o estigma de um outro ex-preso político no exílio, se bem que de certo modo voluntário, e acertando no alvo, logo enrubescido, porque ditadura à parte, e já tínhamos uma base mínima de formação política, dias antes em Santa Teresa jactava-me de estar em trânsito para o berço do football mal o capitão Carlos Alberto Torres ergueu a taça no Estádio Azteca da Cidade do México e interrogava-me sem empáfia se haveria ufanismo patriótico em se sentir orgulho de ser do país que levara também a famosa cantora, anos antes, a sugerir: so listen to the rhythm of the gentle bossa nova.

 

 

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Mas antes não passava uma semana sem ir ao alfaiate com alguma capa de disco ou foto de revista como modelo das peças que mandava fazer, as calças com abertura de bolsos oblíquas em relação à cintura e a experimentar, uma após outra, aberturas e tamanhos diferentes para as bocas-de-sino. Não tinha nada na cabeça, como já se dizia na época e comentava-se no trio dos mais novos, referindo-se à sua ‘alienação’, ou falta de consciência política, não se preocupando minimamente com os rumos do país e do mundo. Episódios como a prisão de Gilberto Gil e Caetano Veloso, que os mais novos seguiam atentamente a cada passo, em 1969, serviam para aprofundar nossas tentativas de compreensão da sociedade brasileira e do mundo. Mas ainda assim Lu Silveira foi um modelo para nós, que até por falta de dinheiro, mas também por princípio, por não termos dúvidas de que era melhor investir as mesadas em discos, jornais, revistas e livros, nos desleixávamos um pouco, com um estilo mais hippie, digamos assim. Mas seria impossível atingir a perfeição de alinhamento de Lu Silveira, o rei das redondezas, coroado quando tirou a carteira de condução e comprou um Karmann Ghia descapotável em segunda mão, que mandou pintar de cor de laranja num tom atingido com misturas que também ensaiou com o pintor. Na época mod, tinha predileção especial por música soul e rhythm and blues, mais toda aquela linha pop inglesa mais próxima à rítmica negra, como os sucessos dos Foundations, que era a música que animava as festas a que ia e de que fazia relatos picantes, pela maneira como se referia às sessões de dança com os brotinhos.

       O universo do trio era dominado por esse imaginário, do pop mais comercial, bolado e embalado pelo sistema ao mais bizarro, do último disco, revista ou livro que nos caía nas mãos a programas de TV como Dois na Bossa, de Elis Regina e Jair Rodrigues, Ensaio Geral, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e Jovem Guarda, de Roberto Carlos e a sua turma.

 

 

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Éramos assim absurdos em 1967, tinha eu 13 anos. Certo que já não pertenço à geração que nos anos 60 dinamitou as estruturas da sociedade, mas pode-se dizer que se fui precoce em alguma coisa foi em captar no ato a expressão mais profunda do que acontecia de novo e diferente. Mesmo que não entendesse o fenômeno em toda a sua amplitude. Mas o essencial era aquilo mesmo, desde que me lembro, aos cinco anos de idade, quando ouvi pela primeira vez Chega de Saudade por João Gilberto, em 1959. Em 67 copiei em mim um pedaço aqui outro ali da roupa que os pálidos Rolling Stones usavam na capa do LP Between the Buttons, camisa verde claro com grandes colarinhos presos nas pontas por botões, espampanante gravata florida com laço do tamanho de uma dália, que espantava os pequeno-burgueses quando passava na rua de casaco do terno apertado na cintura e que ia até muito abaixo da bunda, com forro do mesmo tecido da gravata e calças com bocas-de-sino que escondiam os mocassins, os cabelos já retomando os cachos de bebê. Era o mais pop possível para o meio em que vivia, tão longe da Swinging London, de onde chegavam todas as manhãs sons que davam-me choques de vitalidade pela novidade, a plasticidade alucinógena do órgão bem para cá de Bach de Gary Brooker em A Whiter Shade of Pale, a voz fanhosa de Mick Jagger atacando o estribilho de Ruby Tuesday, a não menos alucinoclássicobachiana All You Need is Love – e de recapitular agora dá para pensar em como o pop era barrock em 167. Fora, do outro lado do mar, Good Vibrations, com aquela sonoridade tão solar, sei lá. Só de pensar: 13 anos, e quando da casa da vizinha soa uma daquelas músicas de Johnny Rivers dá até vontade de chorar, sinto-me lá, naquelas jovens tardes de sábado tomando fôlego para viver e absorvendo sofregamente cada sensação trazida pelos discos através das ondas hertzianas antes ou depois de dar um mergulho na literatura clássica que formatou o meu disco rígido de romantismo hard, fosse Twain, Mirabeau ou Maupassant.

       Até que numa noite de 1969 vejo-me num show dos Mutantes, coisa rapidíssima, de uma hora, mas que durou tanto que parece que afinal nunca desci daquele ácido, ops!, quer dizer, nunca mais voltei daquela viagem. Puxa daqui e puxa dali em poucas semanas estava escrevendo algumas notas a propósito de um disco com uma compilação de sucessos dos Byrds, a ver se o fazia melhor que o de Jimi.

       Mas isso de rádio é uma coisa muito estranha. Nascido com o rock and roll em 1954, no auge da influência da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que se ouvia de uma ponta a outra do país-continente, uma de minhas primeiras e mais vivas lembranças é a do pequeno rádio de mesa de baquelite azul claro e creme. Cresci vendo a tarde a cair ao som das músicas irradiadas pelo serviço de altifalantes de uma favela num morro a umas poucas centenas de metros de casa, que também ouvia muito do radinho de pilha que passou a viver pendurado ao meu ouvido. Aos nove anos, com os Beatles, passei a tentar inventar um jeito de cantar em inglês Twist and Shout e I Wanna Hold Your Hand, quando só pensava em usar calças bem apertadas e sem vinco e botinas à-beatle. Um ano depois o Rio fez 400 anos e houve um concurso intercolegial para escolher o melhor trabalho sobre a efeméride. Nem sei como tive a idéia de escrever uma reconstituição da fundação da cidade, em que o morro de Santa Teresa teve papel estratégico, como se fosse uma reportagem de rádio ao vivo. Gravada em fita, a ‘reportagem’ foi escolhida para representar a escola, o que fez mal porque ninguém teve a idéia de amplificar o som do gravador que, posto no chão do salão de uma escola, com o bruá-bruá dos presentes, ninguém poderia ouvir, a não ser que encostasse o ouvido ao aparelho como nós.

Acaso? Premonição? Vocação? – Como? Nunca sonhei em ser radialista, nem músico ou cantor, e todavia...

 

Um dia, uma música (talvez Ponteio, de Edu Lobo, cuja pujança do galope de repente pode arrebatar inconscientemente qualquer um) ou Baby, de Caetano Veloso (quem sabe alienante na sua tamanha singeleza), ou quem sabe ainda a bachiana inesperada da introdução de Whiter Shade of Pale fez-me cavalgar um sonho que já à partida me parecia impossível, mas ainda assim insisti e por trocas e baldrocas fui levando aos trancos e solavancos, alucinadamente, até pensar que talvez tivesse engrenado e tomado a estrada dourada. Dali tudo passou a ser possível, mas eu talvez tenha errado em não me conscientizar de que, sonho por sonho, tem de ser vivido intensamente a cada instante – para que quem entre em contato se aperceba e se maravilhe com o próprio fato de tudo ser fruto de uma invenção mirabolante - no plano da loucura, e ao me contentar com o que obtivera tenha perdido o compasso da valsa para me estatelar na própria poça em que, louco desvalido, sempre me via refletido.

Um sonho sem meta. Cedo me apercebi de que o remédio era cavalgar o tigre em que montara sem pensar muito no destino, cavalgar só para não ficar parado sobre a fera que a todo instante ameaça me engolir.

 

Sou da geração que nasce quando a bossa nova germinava nas boates de Copacabana e que recebe o fruto do trabalho de seus mestres e dos alunos que se reuniam no apartamento de Nara Leão, também em Copa. Nasci no ano do suicídio de Getúlio Vargas e do primeiro disco de Elvis. Sambolero, dor de cotovelo, música imprópria para menores, e depois do rockabilly o hully-gully e o twist, The Beatles e O Barquinho, coisas que moldam uma existência para sempre.

 

 

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Filho único, embora com quatro anos de colégio interno na instrução primária entre 60 ‘irmãos’ nas costas e, apesar do diferencial de magreza, bem integrado ao grupo da rua, que disputava um torneio de bairro de pelada, e dos amigos da floresta, sou tímido e introspectivo por natureza e por força de ler e ouvir música por horas e anos a fio em solidão. Aos 12 anos quase não queria mais saber de bola, a não ser pelo que faziam o meu time, o Flamengo, e o Santos de Coutinho, Pelé e Pepe. Até Bob Dylan eletrificou o seu som em 65, quando a bem dizer nasce o rock (sem n’roll), mas o panorama pop era dominado pela Inglaterra, boa e má música junta às vezes numa só canção, que se impunha todavia ou por uma bela melodia ou por um achado sonoro: a voz efeminada de Chris Montez, o único feixe de acordes de Hello I Love You, do The Doors, a força vocal de Eric Burdon à frente do The Animals, cujo sucesso de The House of the Rising Sun chegou a encher tanto o saco quanto os de Roberto Carlos. O rock assume a maturidade e passa a explorar o formato LP com Revolver, dos Beatles, ou Aftermath, dos Rolling Stones, com um som padronizado ou uma idéia de conjunto e não somente uma coleção de canções.

       Roberto Carlos era a prova provada da excelência do pop brasileiro, ao lado de Erasmo. O vastíssimo potencial do mercado de disco local – aliado ao enorme poder da televisão, que num caso único, talvez só equiparável ao da RAI, na Itália, quando lhe faltou o futebol recorreu à explosiva música popular para atrair audiência, sob o efeito impulsionador do clamor internacional da bossa nova -, abrindo as torneiras em programas que cobriam todo o espectro da produção, um mercado que mal falava português e quase não tinha contato com o inglês, o italiano ou o francês, foi desde sempre pródigo em versões de canções para o idioma local, chegando a produzir um fenômeno como o Brazilian Bitles, cujo nome em inglês revelava a base do projeto: verter para o português os maiores sucessos dos quatro cavaleiros de Liverpool, cuja moda era copiada paulatinamente por Roberto Carlos e chusma, das roupas apertadas e botinas de bico fino de rockers aos topetes e franjinhas. No Brasil, fundo de quintal da Amerika, desde que me conheço usava Gumex, Glustora e tudo o que era brilhantina para alisar os cabelos indomáveis de judeuárabe.

       Ouvia as traduções brasileiras cada vez mais ligado no original e a minha queda para o canto e a música desaguou em ter de inventar um jeito de cantar em inglês através da música e depois falá-lo e, também a partir das leituras, ver a vida e o mundo com outros olhos, ingleses, de todos os tons claros. A minha introspecção casou-se da melhor forma com o tom reservado dos ingleses, junto de quem só causo estupefação pela ingenuidade própria da idade. Desfiz-me do que me restava do Brasil no momento em que pus os pés no aeroporto de Heathrow.

 

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- Ouçam isto. Stack Waddy, de Buxton. Vão tocar lá num festival semana que vem. Se quiserem vir, lhes dou carona. Tenho aqui uma fita deles que aliás, ao saber que vinham, pus no ponto para mostrá-la a vocês que vêm do Brasil, porque eles fizeram como que numa espécie de piada uma coisa que penso que acharão interessante.

Pelo ampli Akai estoura um hard rock inconcebível. ‘Feroz’, digo, só para corresponder a uma sua insistente interpelação com o olhar aos dois. Trabalham na construção civil, informa, o que nos ajuda a entender a razão daquele som de britadeira.

- Todo o disco que deveremos lançar é assim, com a única diferença que, no final, por brincadeira, eles gravaram uma sua versão – adivinhem de quê?

E após um hiato entra no ar uma versão de... Girl from Ipanema! Qual João Gilberto... O vocalista parece ter querido seguir à letra um dos supostos pressupostos da bossa nova – desafinar, e o acompanhamento tosco dá a entender que o executante pôs-se a gravar a base de violão logo após ter posto de lado a britadeira. Mas a mensagem dos Stack Waddy é clara: querem musiquinha bonitinha e bem tocada, seus burgueses de merda?!

 

 

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    O sistema colonial no Brasil fez com que escultores mulatos copiassem à risca o modelo estético europeu, de modo que até os querubins de altares e púlpitos das igrejas barrocas têm as caras rechonchudas e os cabelos louros encaracolados dos originais do Velho Continente, um modelo de gente que a própria terra quase não (re)produzia à época, por falta de homens e mulheres com esse tipo físico, e por demais contrastante com a fisionomia dos curumins e pardos de patente local. A magreza do então astro nascente Caetano Veloso, como que reproduzindo o modelo de mulato pele-e-osso de fome, me serviu de anteparo e me deu cobertura na adolescência esquelética, em que meus longos gambitos superiores e inferiores sempre foram motivo de chacota de colegas e amigos. Talvez essa diferença substancial tenha influído também na atitude de carregar nas tintas da diferenciação, deixando crescer barba e cabelo e me vestindo à teddy-boy e hippie de butique, ou pouco mais ou menos, como um dandy de pré-fim-de-século. Caetano foi além quando se pôs a defender a irmã, alvo de chacotas mais ou menos veladas por não ser o modelo de beleza à medida dos padrões estabelecidos para as misses, modelo ainda e sempre prevalecente no seu país, que juntamente com o futebol também no campo dos concursos internacionais de beleza está sempre a dois centímetros de mais um título ‘universal’. Propondo-me então a fincar o pé por uma revolução do regime de vida vigente, que esse seja também para mim um novo anti(porque tudo tem de ser anti)paradigma daquele que não se importa com as aparências, estando muito mais ligado ao miolo – a tal beleza interior.

 

 

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Tendo por credencial mais que a carta que me deram em Lisboa minha própria brazilian angel face, vou ao encontro de Richard Williams, do Melody Maker, que meses atrás publicou uma crítica entusiasmada ao disco de Gilberto Gil, considerando-o uma das surpresas do ano.

 

 

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– Em Roma, sê romano. Aqui, me divirto e me informo muito mais que no Rio de Janeiro no tempo em que ficava lá enfornado na floresta atento a cada toque, correndo que nem um louco atrás de todo tipo de informação que me pudesse abrir os horizontes. Aqui basta sair à rua e já tenho o mundo à disposição. Por enquanto nem em sonhos me passa pela cabeça voltar ou ir, como você, para um lugar como Lisboa. E no entanto ao mesmo tempo em que propicia toda essa abertura ao mundo e tamanha liberdade Londres me obrigou a cultivar a reserva, a não cometer a mínima gafe e, afinal de contas, to act cynical  - na deles, porque é o que fazem todo tempo. De qualquer modo, como Canta Caetano na mesma London, London - I came around to say yes and I say.

       Como Sally e Jimi da primeira vez, agora esse súbito encantamento por Aemília, que não descanso enquanto não vejo, mais uma mulher no horizonte, e outra vez Jimi – figura que se tornara quase mítica, por permanecer e sobreviver em Londres a duras penas, como diz, mas com grandes compensações.

- Estou como que acumulando vivência e experiências sobre coisas impensáveis no Brasil para aplicar um dia nem sei em quê. Nunca pensei que pudesse haver gente tão interesseira, materialista, individualista, que só quer saber de si mesma, já no ano passado se falava disso, você se lembra?, a propósito do bob simpático, da solicitude dos caras, a aparente amabilidade de que o Caetano fala na canção – a group approachs a policeman, he seems so pleased to please them - mas eles agem assim não por bondade, por impulso natural, mas por cultura adquirida, educação. São aparentemente gentis e amáveis porque se não agem assim destoam da manada, e sabemos bem que aqui, quando se destoa, é sempre dentro de certos limites, digamos, formais.

 

 

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- Porra, que desbunde! – diz Jimi a cada final de período escrito à mão. O meu amigo anda com um linguajar diferente. Logo à chegada me mostrou um dossier a que juntou umas folhas em que está fazendo um glossário de uma série de novos termos de gíria no Brasil, segundo ele mais uma prova de criatividade da população do país, apesar do regime de mordaça em que vive. Jimi tira as expressões de uma série de publicações da imprensa dita alternativa do Rio, entre elas uma admirável edição brasileira do Rolling Stone que pega na seção brasileira da BBC.

Passamos o artigo a limpo - mas com uma das folhas manchada de café com leite - e o enviamos para Lisboa pelo correio.

       Passo a noite do meu segundo sábado em Londres no quarto de Jimi em estado de quase transe folheando os excelentes jornais udigrudi brasileiros e, à falta de melhor, ouvindo rádio entre os altos e baixos da sintonia quando surge Kid Jensen abrindo o noticiário da meia-noite da Radio Luxembourg com a notícia de que, segundo ‘rumores’ que circulam em Londres, Jim Morrison morreu na véspera, de causa não precisada, num hotel em Paris.

 

 

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Vamos a Camden a pé. Uma incursão na marginália londrina para ver o brand new trend, que depois já não é tão novo assim, diz. Para começar, após o banho, Jimi põe uma gravação em cassete do novo disco de Caetano Veloso, o segundo que gravou em Londres, que tem uma música que me vai ‘pôr na onda, bicho’. O disco chama-se Transa, com Caetano dando conta de também estar na onda do novo linguajar brasileiro.

 

Walk down Portobello Road                Caminho em Portobello Road

to the sound of reggae                     ao som do reggae

I’m alive                               Estou vivo

The age of gold                          A era de ouro

is the age of the old                      é a era do velho

Expect the final blast                           Aguarde o estrondo final

I’m alive e vivo, muito vivo                 I’m alive e vivo, muito vivo

In the Electric Cinema                    No Electric Cinema

And in the sound of music                 E no som da música

Banging in my belly-belly-belly            Batendo na minha barriga-riga-riga

Nine out of ten movie stars                 Nove entre dez astros das telas

Make me cry                            Me fazem chorar

 I’m alive                               Estou vivo

 

 

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       Um dos maiores sucessos no rádio é Construção/Deus lhe Pague, de Chico Buarquepor esse pão pra comer por esse chão pra dormir, Deus lheee pagueee... – por uma vez quase sem exemplo um sucesso comercial diferente da cafonice costumeira e uma forma diferente de protesto em português.

 

 

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       Como nos anos 60 os cinemas Monumental, Império e S. Jorge foram palco de shows de music hall e concursos de conjuntos de rock, em 72 o Alvalade é balão de ensaio de uma experiência inusitada, três shows de rock com o ótimo Brian Auger’s Oblivion Express, o deutsche rock do Embryo e Beggar’s Opera, pobre representante do progressive sound, já em decadência. Sente-se ao menos uma lufada d’ar diferente no ambiente claustrofóbico de primavera marcelista, que é de arrancar os cabelos (compridos). No cenário nacional, Jorge Lima Barreto faz experiências do arco-da-velha, sobretudo ao redor do Porto, com a sua Anar Jazz Band e no livro A Revolução do Jazz, caso único na modalidade. Foi lançado recentemente um jornal quinzenal de cultura, & ETC., revolucionário na forma e no aspecto gráfico, mas que apesar de osanar sobretudo o surrealismo ainda me parece bastante sisudo. E ainda em português, no RCP-FM Nuno Martins toca quase todos os dias mais uma aula de contestação nas entrelinhas de Chico Buarque, ouça um bom conselho que eu lhe dou de graça, inútil dormir, a dor não passa.

 

 

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    Dali – ou de lá do Cais do Sodré – ruma-se ao Gato Preto, onde quando não se recorre à sopa do Bolero faz-se um repasto típico de arroz de coelho com vinho tinto a intervalar, passa-se pelo Dominó, onde se tem o raro deleite de ouvir a grande Carmen Costa, lamentavelmente também espécie de diarista do local, e acaba-se sempre no Cantinho dos Artistas, logo à entrada do Parque Mayer, que mais perto de um táxi-ambulância não há.

 

 

 

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       Do sul, apesar do arbítrio, chegam mensagens totalmente opostas, com a energia solar da chamada MPB, explosiva mistura de ritmos e estilos que faz Ed e Jimi concentrarem-se quase que exclusivamente nas novidades em música do Brasil, juntamente com novos termos de gíria. Depois do estouro de Construção, que se seguiu a um breve período de entressafra, a energia que parece esvair-se no rock, apesar de uma ou outra explosão crepuscular, tem de sobra na geléia geral brasileira, que pelas notícias que lhes chegam à Europa transborda para a poesia e o teatro, apesar da censura política e de costumes.

 

       Num jantar em casa de J.P.R., entre um e outro copo de tinto de Serpa, Guilherme Araújo faz questão de ouvir o último LP de José Afonso.

        - Estamos escolhendo repertório para o próximo disco da Gal e quem sabe não extraímos alguma coisa daqui.

- Ela vai gravar essa! – decreta enquanto ainda ouve Milho Verde, uma canção tradicional adaptada pelo mestre baladeiro com arranjo de José Mário Branco. A coisa tende a ficar por isso mesmo mas qual não é a surpresa quando meses depois começa-se a divulgar o repertório do disco, cuja campanha promocional acaba por ser facilitada pela proibição da exibição da capa, que mostra ventre e quadris da cantora (des)cobertos por uma tanguinha de índia, India sendo o título do disco. E lá está Milho Verde com arranjo de violões e percussão de Gilberto Gil.

 

 

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A 29 de março acontece o I Encontro da Canção Portuguesa, a primeira grande reunião de proscritos da chamada nova música portuguesa, coroada de ineditismo também pela presença de José Afonso: não há memória de uma atuação do autor de Os Vampiros (eles comem tudo e não deixam nada) numa grande casa de espetáculos, e causa estranheza que não tenha mais uma vez sido proibido de atuar. Sobretudo por isto, por uma vez sem exemplo o Coliseu dos Recreios fica abarrotado de um tipo de público diferente do habitual em shows musicais da casa, em clima de mega-comício político clandestino.

No fundo da imensa retrocena do palco italiano, entre artistas, jornalistas, padres à paisana e pides, ora pois não, acabo por sentar-me tamborilando num bongô ao lado do adaptador de Milho Verde, que dispara:

- Ouve cá. Sabes fazer a marcação do arranjo do Gilberto Gil de Milho Verde?

       O coração acelera.

       - Sei. Deixa ver.

Tum-tu-tu-ru-tu-tum – tam, tam

      Tum-tu-tu-ru-tu-tum – tam, tam - mostro.

       - Então, anda comigo quando eu entrar em cena, porque é a primeira música que vou cantar - convida o informalíssimo número um da resistência antifascista portuguesa, seja qual for a importância dos líderes políticos no exílio.

       Nervosíssimo piso pela primeira vez a boca de uma grande cena, mas logo me acalmo porque está a abarrotar de convidados do bardo, e é como se ali não esteja, atrás deles todos. Concentrado nos tambores para não errar a marcação repetitiva, não vejo nem ouço nada.

 

   

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       Com o trio musical em descanso JCP alteia a voz muitos decibéis acima dos sussurros da praxe para clamar de improviso uma melopéia poéticoetílica em prosa em que, olhando para as paredes, diz-se como Zavalita olhando as capas da New Yorker e tu, meu amigo Zavalita – e olha-me com um riso de doido e me abraça, obrigando-me a me afastar e a afastar as suas mãos com cuidado, sempre temendo uma reação inusitada de destemperamento -, dias e noites em conversas na catedral enquanto Kerouac espanta os mosquitos deitado no teto do carro na grande noite mexicana, e vai de declamar de cor trechos inteiros de On The Road ou Debaixo do Vulcão até interromper a cavalgada e, abrindo o sorriso em travessão grosso entre a barba densa mas sempre bem aparada, pegar o copo e sorvê-lo entre um ponto e vírgula e um ponto final de ai meu Deus.

 

                                 Essa nega fulô!...

                                      Ora se deu que chegou

                                      (isso já faz muito tempo)

                                      no banguê dum meu avô

                                      uma negra bonitinha

                                      chama Nega Fulô

- cola o poeta-tradutor de sobrenome italiano a colocar-se de súbito no centro da pista declamando como um trovão a imitar o brasilês e logo a amainar, em razoável interpretação do original.

 

                                 Essa Nega Fulô!

                                       Essa Nega Fulô!

- recita aos brados como a ver a nega.

       Ou então levanta-se ou dá uma volta meio curvado e, já quase a cair pelas tabelas, com um sorrisinho de louco translúcido declama também em brasilês:

 

                              Noite grande...

                           Apicum da beira da água está gostoso!

(porque põe uma exclamação onde Bopp não exclama, dando ao gostoso uma subida em escada de três tons, como a deliciar-se)

                        Hoje tem céu que não acaba mais

                            esticado até aquele fundo...

- porque reticencia com deleite apontando o teto com o braço esticado e a palma aberta a meia altura do corpo, olhando para a parede escura do mafuá como se estivesse a vê-lo – o céu.

      

                                 Não galgo, olho azul,

                                      fidalgo, 

                                      Mas um simples cachorro

                                      Já seco.

 

                                      Não cão

                                      de uma constelação.

                                      Mas um simples cachorro

                                      de beco.

- diz às vezes num sussurro a um palmo da minha cara, como a me fazer um galanteio, sempre com o sorrisinho maroto de bêbado, lançando-me cuspe na cara, o que me faz repeli-lo, enojado.

 

 

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    Último dia útil do mês, encontram-se muitos trabalhadores da SNT a levantar o chequezinho do salário no banco de Jorge de Brito à Avenida Fontes Pereira de Melo, encontro marcado com JCP, bolsos recheados seguimos para almoço ajantarado no Gambrinus. De táxi damos a volta larga à Rotunda. No rádio um sucedâneo do Roberto Carlos messiânico de A Montanha e Jesus Cristo, Antônio Marcos, debita um ei, irmão, vamos seguir com fé tudo o que ensinou o homem de Nazaré. Jogo-lhe à cara:

       - És amarelo?

  

 

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JCP e Jimi Sawyer, que passou a disputar comigo duelos de gravadores portáteis Philips em torno das novidades da música popular brasileira, combinam fazer uma reportagem para o Cinéfilo sobre os músicos ‘da noite’. Cabaré, de João Bosco e Aldir Blanc, destaca-se na trilha sonora da cinematográfica reportagem nos táxis que os levam de um antro a outro.

 

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  Aiiii, quem sabe de si nesses bares escuros

  quem sabe dos outros, das grades, dos muros – geme Elis no gravador

      Um cuba libre treme na mão fria

ao triste strip tease da agonia

lá fora a luz do dia fere os olhos...

 

 

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Selado fica ali um caso sui generis, de Grand Écart e-fe-ti-va-men-te, entre uma mulher madura e um pós-adolescente ingênuo, de dentes muito alvos e belo, apesar da extrema magreza, pureza quase virginal, que é o que no fundo mais encanta a mulher, num momento angustiante de insegurança pelas limitações políticas e por tabela financeiras impostas à profissão, após a saída de um divórcio. Não mudo mas por lá me instalo com minha coleção de discos de Roberto Carlos, que levo uma vez para provar-lhe como o Rei, embora em certos aspectos inegavelmente cafona, tem lá os seus grandes achados, o amor sempre tardio porque assim é obrigatório com uma dama do teatro, que só chega a casa de madrugada, duas vezes por semana em que tenho de escrever e ler os noticiários a partir das sete da manhã a voz treme mais que o habitual, porque também ainda não me habituei à nova faina, após uma hora de sono, já com as pancadas do corte peças de carne no açougue de baixo, banho quente e café da manhá só às dez e meia n’A Brasileira, dando-me alento para aguentar até à uma, quando é hora do banho de imersão e cama, que nunca é cedo.

 

 

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     - Rá, rá, rá! – entra gargalhando uma noite após mais uma representação. – Esta noite pus um olho negro ao Viegas! – o papel o permite, e afinal de contas Viegas é um estreante, substituto do ator principal, que se retirou por invalidez. Não se bebe e só ela fuma. E aprende a apreciar Roberto Carlos. Deliciamo-nos com Maria Bethânia a dizer Pessoa e Clarice e o mano Caetano Veloso.

 

 

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Aos onze meses de publicação do semanário musical Jimi muda-se para o Cinéfilo, onde inaugura colaboração com o terceiro artigo sobre Roberto Carlos que escreve em menos de um ano, intitulado Aquela Canção do Roberto, em que apela a referências a Andy Warhol, Sérgio Sant’Anna e ao Umberto Eco de Apocalíticos e Integrados para montar um pretencioso libelo de resgate intelectual do Rei como há muito Caetano Veloso e Augusto de Campos têm ensaiado no Brasil, depois de tê-lo acusado de cafonismo e alienante.

- Queremos que saiba que eu e o chefe de redação não estamos de acordo com o teor do artigo mas mesmo assim decidimos publicá-lo porque aqui não há censura de espécie alguma – notifica o cineasta Fernando Lopes, diretor da publicação.

 

 

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Não é rara a manhã de primavera antecipada em que arrumamos a casa ouvindo o disco Legal, de Gal Costa. Quase todos os dias passam manifestações em frente ao Técnico indo ou vindo do Ministério do Trabalho, na Praça de Londres, enquanto por incrível coincidência Gal comenta em canção de antes do recrudescimento da ditadura brasileira:

 

Coisa linda nesse mundo

é sair por um segundo

e te encontrar por aí

e ficar sem compromisso

pra fazer festa ou comício

com você perto de mim

 

Bananas do Malawi, zero-zero de Marrocos, Fourth, da Soft Machine, Amon Düul, Can, Magma, Brian Eno integral pós-Roxy Music com Taking Tiger Mountain (By Strategy) e Here Come The Warm Jets, Kevin Ayers, Eric Clapton de 161 Ocean Boulevard, Peter Tosh de Legalize It, de Santana Borboleta, Lou Reed em Sally Can’t Dance, Velvet Underground e, voilà, para mim quase insuportável mas estamos em democracia, Genesis e The Lamb Lies Down On Broadway e Supertramp, Crime of the Century, mais Bob Dylan Blonde on Blonde, um excelente Nat King Cole da tia, Dinner For One Please, James, e um não menos bom EP de Agostinho dos Santos, talvez a melhor voz masculina do Brasil. A noite está tão fria, chove lá fora, e esta saudade enjoada não vai embora....

 

 

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Entro num consórcio com Ivan e uma mulher de meia idade francesa que mora no Alto do Restelo para alugar uma casa com sala, três quartos, pequeno jardim e garagem, no Alto de Caselas, do outro lado da Avenida das Descobertas, onde mora a francesa, com quem Ivan diz estar tendo um caso. Apresenta-a numa tarde em que são servidos ao lanche chá de papoulas, bolinhos de haxixe e éter, após o que decidimos tomar um ácido. A subida é feita ao som de Os Alquimistas Estão Chegando de Jorge Ben e One Size Fits All de Frank Zappa, que abrindo com Inca Roads surpreende pela interessante analogia com Eram os Deuses Astronautas, de Ben, e que levam a viagem para a sátira e o sarcasmo, sinais caracteriais que passam a ser – ou passo a ver como - dominantes na personalidade de Ivan.

 

 

...

 

 

 

A trilha sonora a contento, ouvindo quase sem cessar Native Dancer, de Wayne Shorter, com Ron Carter e a turma de Milton Nascimento, em que o sopro langoroso do saxofonista, o fumo e a canção Tarde nos fazem sonhar com as mulheres para trás e à nossa frente:

                      das sombras quero voltar

                            somente aprendi muita dor

                            e vi com tristeza

                            o amor morrer devagar

                            se apagar

 

       Nas horas vagas, leio aqui e ali da única literatura da mochila o último número de Rock&Folk, em que me surpreendo com uma crítica ao último disco de Milton, Minas, e mais ainda com o teor & estilo do recensionista, Raoul Dengdett, que começa por chamar a atenção para a capa insolement hip e descanta:

 

Pas de gadget, pas de clins d’oeil accrocheurs, il y a avant toute chose la fabuleuse photo d’un regard. Deux yeux plus lourds que le poids de la terre; deux yeux qui savent, plantés dans la plus sensuelle face nègre que l’on ait vue, deux yeux qui témoignent, dans l’au-delà.

La gueule de Milton Nascimento, le corps de Milton Nascimento, tout cela est absolument indissociable d’une musique que prend immédiatement au ventre tant son caractère charnel – magique - s’impose d’emblée.

Nada de truques, nada de piscar d’olhos de cantada, o que se tem antes de tudo mais é a fabulosa foto de um olhar. Dois olhos mais pesados que o peso da terra, dois olhos sapientes, plantados na mais sensual cara negra que já se viu, dois olhos que testemunham, no além.

A cara de Milton Nascimento, o corpo de Milton Nascimento, tudo isso é absolutamente indissociável de uma música que de um golpe nos agarra pelo ventre porque seu  caráter  carnal – mágico – impõe-se  de  caras.

 

                                                                      

 

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     MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABO

         veja e leia também em revoluciomnibus.com

     MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABO

 Música  do Brasil de Cabo a Rabo é um livro com a súmula de 40 anos de estudos de James Anhanguera no Brasil e na América do Sul, Europa e África. Mas é também um projeto multimídia baseado na montagem de um banco de dados com links para múltiplos domínios com o melhor conteúdo sobre o tema e bossas mais novas e afins. Aguarde. E de quebra informe-se sobre o conteúdo e leia trechos do livro Música do Brasil de Cabo a Rabo, compilado a partir do banco de dados de James Anhanguera.

         

          CORAÇÕES FUTURISTAS nunc et semper  AQUI   

 

   Você já deve ter visto, lido ou ouvido falar de muita história da música brasileira da capo  a coda, mas nunca viu, leu ou ouviu falar de

uma como esta

  Música  do Brasil de Cabo a Rabo

   Todas as histórias limitam-se à matéria e ao universo musical estrito em que se originam, quando se sabe que música se origina e fala

de tudo.

   Por que não falar de tudo o que a influencia e de que ela fala sobretudo quando a música popular brasileira tem sido quase sempre um dos melhores veículos de informação no Brasil? Sem se limitar a dicas sobre formas musicais, biografia dos criadores  e títulos de maior destaque. Revolvendo todo o terreno em que germinou, o seu mundo e o mundo do seu tempo, a cada tempo, como fenômeno que ultrapassa - e como - o fato musical em si. 

Destacando sua moldura

   dessa janela sozinho olhar a cidade me acalma

  dando-lhe enquadramento

    estrela vulgar a vagar, rio e também posso chorar...

histórico, social, cultural e pessoal. 

     Esta é também a história de um aprendizado e vivência pessoal.

De um trabalho que começou há quatro décadas por mera  paixão infanto-juvenil, tornou-se matéria de estudo e reflexão quando no exterior, qual Gonçalves Dias, o assunto era um meio de estar perto e conhecer melhor a própria terra distante e por isso até mais atraente. E que como começou continuou focado em cada detalhe por paixão.                    

Música  do Brasil de Cabo a Rabo

NARRATIVA DE APRESENTAÇÃO CO N TINUA  AQUI

AQUI CONTINUA APRESENTAÇÃO DE ÍNDICES E LINKS PARA TRECHOS DE CONTEÚDO ACESSÍVEIS NESTE revoluciomnibus.com

                                                                                                                                                               

MÚSICA DO BRASIL  DE CABO A RABO       

ÍNDICES

Indice onomástico mais de 3000 referências

artistas personagens e personalidades citados e com obras citadas e comentadas standards internacionais associados

ENTRADA PARA ARTISTAS E REPERTÓRIO CITADOS E TRECHOS ACESSÍVEIS 

     PORTAL DE TODAS AS ENTRADAS PARA

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clássicos coletâneas STANDARDS

RITMOS ESTILOS FOLGUEDOS E INSTRUMENTOS

fontes bibliográficas 

FILMES VÍDEOS PROGRAMAS DE RÁDIO E TV PEÇAS TEATRAIS 

                                         

     ÍNDICE DOS CAPÍTULOS

          em negrito capítulos ou seções de capítulos com trechos acessíveis a partir de seus títulos

                        

O LIVRO DA SELVA 

      Productos Tropicaes   e   Abertura em Tom Menor

        1.    O BRASIL COLONIZADO

                raízes & influências Colônia e Império   

         1. A  Um Índio     1. B  Pai Grande         1. C   Um Fado  

        2.     TUPY E NOT TUPY 

formação de ritmos e estilos urbanos suburbanos e rurais    

    Rio sec. 19-sec. 20 - Das senzalas às escolas de samba

        3.     Os Cantores Do Rádio    

                      a  ESTreLa SoBE

              CARMEN MIRANDA DE CABO A RABO

                                                   fenômeno da cultura de massa do século XX

                        

        4.     BOSSA NOVA do Brasil ao mundo      

                Tom Jobim   INÚTIL PAISAGEM  

                    de Rumo à Estação Oriente 

      5.  BOSSA MAIS NOVA o Brasil no mundo

 

  O LIVRO DE PEDRA

        PARA LENNON & McCARTNEY           

        VIDA DE ARTISTA crise e preconceito = inguinorãça

        CENSURA: não tem discussão. Não            

        POE SIA E MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

        O SOM É MINAS: OS MIL TONS DO PLANETA        

        MARIA TRÊS FILHOS

        (SEMPRE) NOVOS BAIANOS         

        NORDESTONTEM NORDESTHOJE

       RIO &TAMBÉM POSSO CHORAR       

       FILHOS DE HEITOR VILLA-LOBOS

INSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTAL

              Sax Terror      

       SAMBA(S)

       BLEQUE RIO UM OUTRO SAMBA DE BREQUE        

       FEMININA

       MULHERES & HOMENS NO EXÍLIO

             o bêbado exilado & a liberdade equilibrista

       ANGOLA          

       ROCK MADE IN BRAZIL

             ou Quando a rapeize solta a franga

       LIRA PAULISTANA            

       CULTURA DA BROA DE MILHO

       LAMBADA  BREGANEJO AXÉ  E  SAMBAGODE

       RIO FUNK HIP SAMPA HOP

             E DÁ-LE MANGUE BITE RAPEMBOLADA

       DRUM’N’BOWSSA            

       CHORO SEMPRE CHORO     

       INSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTAL II  

              SAX TERROR NA NOVA ERA

ECOS E REVERBERAÇÕES DO SÉCULO DAS CANÇÕES  

             De Pelo Telefone a Pela Internet

 

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