Sob     o     sol      de     Parador

         Barco Negro: tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado

       À terceira saída de casa após a chegada as sabrinas à la Bolan já não saem do armário. Nos primeiros meses como que flutuo sobre as ruas de gente lúgubre, velhos e novos, homens, mulheres e até crianças insultam-me com olhares e expressões de escárnio pelas roupas que uso e os cabelos cacheados a cair sobre os ombros, ar angelical-endemoniado de jovem caravaggio em fuga, fora do tempo e do lugar. As radiosas auroras tropicais arquivei-as na memória em Londres mas não há meio de adaptar-me às manhãs tardias. Recém-chegado, o acaso - companheiro constante do caminhante errante - volta a operar mudança. Numa manhã ensolarada de domingo de início de Outono, ainda na cama a ouvir uma emissão de uma tal Rádio Universidade através da Emissora Nacional, a minha vida sofre uma guinada decisiva.

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       Vou de jacto no dia seguinte. Uma oportunidade que me cai de bandeja sem jamais ter nela pensado: adentrar o universo mágico que desde sempre povoa-me o imaginário. Espanta-me na primeira aula de montagem, em que João David Nunes passa um trecho do programa Pop 3-9-7 Metros como exemplo de como se edita e mistura sons, a colocação de voz e a dicção, o timing, o ritmo e a técnica de mistura de voz e sons de José Nuno Martins. Como no melhor cinema.