Numa manhã de sexta-feira, dia de saída do pasquim – com muito boa apresentação gráfica para os padrões normais -, ele e Eloísa decidem mandar para dentro um pedaço de uma coisa que parece cortiça e que Ivan lhes deu a dizer tratar-se de peiote. Mascar aquilo ou rolha parece dar na mesma, mas mascam. O tempo passa e nada.

            Decidem ir à praia. Chegados à Costa apanham o comboio para o quilómetro 10. Ed comprara o jornal o jornal na vila. Abre-o ao chegarem e vai directo ao seu artigo. Está lá na íntegra mas para sua surpresa logo abaixo está uma reacção com o dobro do tamanho do crítico de televisão Correia da Fonseca, que se revela partidário da linha dura, linha do operário leal, linha médio-baixa foleira como as neo-revistas revis(ionis)teiras do Teatro Adoque, montado numa tenda no Largo do Martim Moniz.

- Que filhos da puta! Como podem agir assim? Vá que publicassem uma reacção a isto na próxima semana. Mas logo abaixo e com o dobro do espaço?!

            Ed já está escaldado por uma sua reportagem sobre os rumos das multinacionais de discos nos novos tempos que, segundo o editor do jornal foi cortada por questão de espaço mas seguramente pelo seu discurso no trecho cortado. A estratégia da cooperativa de jornalistas para dar certo é clara: ou camuflam-se e são favoráveis a qualquer coisa parecida com uma nova senhora ou decidiram não bulir com a nova (des)ordem das coisas ou não querem ofender os amigos Tordo e Ary. Decide deixar de escrever para o jornal e vai oferecer os seus préstimos ao jornal novo, lançado por Artur Portela Filho para servir de canal de difusão de uma terceira força emergente no MFA, a do chamado Grupo dos Nove de Melo Antunes. A linha que se poderia chamar de centro, mas também de ficar em cima do muro, à coca, a ver para que lado sopram os ventos, nem tanto ao mar (linha terceiro-mundista de opção pela criação de um novo triângulo do Atlântico Norte ao Sul), nem tanto à terra (o europeismo do PS e da centro-direita representada pelo foleiríssimo PPD).