revoluciomnibus.com  James Anhanguera ERa Uma Vez A RevolUÇÃo  ...IV ERa Uma Vez A RevoluÇÃO FESTA E COMÍCIO

em plena Revolução, Fevereiro de 1975

      Não é rara a manhã de Primavera antecipada em que arrumamos a casa a ouvir o disco Legal, de Gal Costa. Quase todos os dias passam manifestações em frente ao Técnico a ir ou vir do Ministério do Trabalho, na Praça de Londres, enquanto por incrível coincidência Gal comenta em canção de antes do recrudescimento da ditadura brasileira:

             Coisa linda nesse mundo

             é sair por um segundo

             e te encontrar por aí

             e ficar sem compromisso

             pra fazer festa ou comício

             com você perto de mim

       Ivan trabalha na Emissora Nacional, a emissora oficial a esta altura não se sabe muito bem de quê. Dá-se a notícia, e a maior parte de quem é notícia fala em ‘defesa das conquistas revolucionárias’, ou seja, muitas ocupações de fábricas, casas e propriedades agrícolas, sobretudo herdades alentejanas. Autogestão e ‘nacionalização’ estão na ordem do dia. Primavera no clima, o final de Inverno é de fortes ventos de Leste, mas mais daqui de dentro mesmo. Nada de novo no front. Prevalecem na propaganda as directrizes da 5a Divisão do Estado Maior das Forças Armadas, que substitui a SEI marcelista e que grosso modo segue as tendências comunistas, sendo directamente relacionada ao PC e ao MDP-CDE, sua frente algo castrista.

 

     Respeito no meio jornalístico é como manteiga em sande de esfaimado. O caudaloso Sempre Fixe despeja paginões e mais paginões de relatórios e resoluções do PCP/MDP-CDE e da 5a Divisão e coisas afins e Edgar, com moderação, manda umas bolas para canto a falar de contracultura na Amerika e no Brasil. o jornal é falsamente independente. Quem o controla tem de facto iaúfa de ousar, num clima de crescente controlo do aparelho de Estado pelo PC. No fundo anda tudo à nora e muitos a tentar enganar o pato. Edgar já não pode mais ouvir o que chama de novo nacional-cançonetismo que pulula na rádio desde a marcha do Avante! e que atinge o paroxismo com o Fado do Operário Leal de Fernando Tordo e Ary dos Santos. Um ano depois já é de mais. Revisionismo nacional-popular que logo após o reviralho o melhor (...) que produziu foi coisas do tipo abaixo o capitalismo que vive da exploração, viva a revolução popular, abaixo o capital e a burguesia, reforma agrária e proletária, abaixo a guerra colonial. Que nos valha o santo GAC, Grupo de Acção Cultural, ramo de ligação de José Mário Branco à marxista-leninista UDP, e a sua A cantiga é uma arma e eu não sabia – ainda o que se safa pelo mínimo de qualidade e dotes do líder como orquestrador e produtor.

  25 antes durante depois ..............

             revoluciomnibus.com    IV Era uma vez a revolução 33           James Anhanguera

               ir para PORTAL de acesso a outros trechos e a Índice Remissivo de