revoluciomnibus.com  James Anhanguera ERa Uma Vez A RevolUÇÃo  ...IV ERa Uma Vez A RevoluÇÃO ÁFRICA ADEUS

     A possível revolução tricontinental de que tanto se fala permanece ainda no plano do desejo. Chico Buarque surpreende num misto de mensagem de apoio, choro de inveja – sei que há muito a nos separar, tanto mar... - e pedido de envio urgente de um cheirinho de alecrim, baforada de cravos. No Algarve começam as negociações entre o governo e os líderes dos movimentos de libertação sobre o futuro de Angola. É mais uma frente de atritos a abrir-se em toda a sociedade, porque nem só os brancos e mestiços naturais lá de tão longe e indivíduos ou grupos com eles envolvidos na metrópole têm alguma coisa a ver com aquilo, na medida em que a ninguém de bom senso passa pela cabeça a continuação da guerra ou a possibilidade de criação de uma grande federação luso-afro-asiática, o Commonwealth português spinolista. Ergue-se um coro de descontentamento em relação ao líder português das negociações, Mário Soares, os reaças a dizer que está a entregar Angola aos turras a troco de nada deixando-a entregue ‘à própria sorte’, como se ainda houvesse algo a negociar. Os ‘africanos’ estão em maus lençóis. Financiados pela África do Sul e pelos fazendeiros da Rodésia tentam tomar o poder e falham em Moçambique. Intensifica-se o movimento de chegada de ‘retornados’. Os paquetes que antes transportavam ida-e-volta soldados rasos e cabos nos beliches de terceira e milicianos, suboficiais, oficiais e ‘brancos de segunda’ na primeira e segunda classes agora embarcam na ida tropas para a última comissão de serviço enquanto em manifes no Cais de Alcântara exige-se que não seja enviado nem mais um soldado pras colónias e voltam pejados de colonos e colonizados mais a sua tralha, deixada em contentores em Alcântara à espera de revista da Alfândega, que não dá conta do recado.

 

     Em termos de governo os executivos bastante fardados limitam-se a tentar gerir o caos cada vez mais evidente e abrangente, enquanto nos bastidores e meandros políticos e sociais os partidos ensaiam articulações de tentativa de controlo do aparelho através dos ex-capitães de Abril que podem manipular.

     A jovem direita, em representação da velha, encontra cada vez mais dificuldades, porque também a ninguém passa pela cabeça manter o regime de sesmarias de antes, embora a longo andar seja impossível subvertê-lo (mudarão as moscas, uma nova geração de capitalistas à boa maneira a substituir os que estiveram encastelados nos seus feudos, sem concorrência interna ou externa), e tenta criar um braço político mais articulado, através de partidos como o PPD, da jovem raposa Francisco Sá Carneiro, que congrega a ala independente da extinta União Nacional, a que o MFA também deu uma mãozinha ao afastar Thomaz e Caetano.

     A direita ‘burra’ salva do naufrágio reúne-se em torno de partidecos como o PDC mas por trás dos panos associa-se a mercenários na opção pela via extra-parlamentar tipo neo-fascista italiana, com atentados à mistura.

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