revoluciomnibus.com  James Anhanguera ERa Uma Vez A RevolUÇÃo  ...IV ERa Uma Vez A RevoluÇÃO O NORTE EM CHAMAS

       O Norte, e particularmente o Minho, parece prestes a incendiar-se, com a direita enraizada no poder local a tentar escorraçar os partidos de esquerda mais os seus grupos de ‘dinamização cultural’ da região. Vez ou outra é incendiada uma casa ocupada pelo PC. Do resto do país tem-se notícias de ocupações de fábricas e herdades. Também O Século está sob ocupação. A fuga dos capitalistas faz com que a emissão de passaportes pelos consulados brasileiros de Lisboa e Porto chegue a demorar quatro meses. No consulado de Lisboa a bicha para pedidos de visto de entrada dá a volta à Rua da Emenda. Gente com medo do comunismo, muitos com fortes motivos para inesperadamente ter também de ‘fazer o Brasil’, como tantos dos seus compatriotas da mais baixa condição social nos últimos séculos. Ocuparam-lhes as fábricas, os negócios. Mas nem todos foram pegos assim tão desprevenidos, ou rapidamente arranjarão maneira de safar-se através de redes de recepção e auxílio articuladas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Alguns recomeçarão vida nova investindo no Brasil rendimentos postos a salvo, porque o fluxo de capital dos bancos portugueses ainda não está sob controle das ‘forças revolucionárias’. Champallimaud tenta a todo o custo obter das autoridades uma garantia de salvaguarda dos seus interesses e os do país, ao que assegura numa entrevista que consegue publicar em A Capital, note-se, agora dirigida pelo Desmoulins ao contrário. Mas ninguém pode garantir nada. Muitos dos que tomam o rumo do Brasil foram escorraçados dos seus postos por colaboração ou no mínimo conivência com arbitrariedades do regime deposto.

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