revoluciomnibus.com | James Anhanguera | ERa Uma Vez A RevolUÇÃo ...IV | ERa Uma Vez A RevoluÇÃO | 28 de setembro |
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Quatro e um quarto da tarde de sábado no drugstore Apolo 70 abarrotado. Um café, uma passada pela livraria, e quando estamos a dar os bilhetes à entrada do cinema, Ivan desabafa: - E deve haver uma porrada de trabalho no meu turno com o golpe. - Golpe?! - Então não sabes?! Diz que houve uma tentativa de golpe esta noite. Mas como, não ouviste falar?! Mas onde é que estiveste?! (Poder-se-ia estar em Marte...) - Fui ao cinema à meia-noite, e por sinal, vê lá tu, vi Z. Voltei para casa e não falei com ninguém, porque Jimi não estava lá, nem liguei a telefonia. Golpe de quem? - Do Spínola, parece. O Galvão de Melo está preso no Sheraton. Vamos passar por lá depois disto? Só se prossegue o diálogo à saída: - Mas explica-me lá, sabes de algum detalhe do golpe? - Não sei quase nada. Só que há ou houve tentativa de golpe com o Spínola por trás. Mas parece que acabou. Vai-se a ver e foi só uma reacção peremptória da esquerda às manobras do Spínola. Até eu sair de casa o Galvão de Melo, que também aparece envolvido na coisa, se recusava a render-se e estava no Sheraton, cercado. Golpe dentro do golpe? A aventura continua cinco meses depois. Há dois dias, Vasco Gonçalves acedeu em ir à tourada de fim de estação... no Campo Pequeno... com Spínola para quê?, ser humilhado por representantes da chamada ‘maioria silenciosa’. Anda cá com truques do Tricky Dick o homem do monóculo, que sem meios de sobrevivência num universo esquerdista convocou para ontem uma manife em seu apoio da também por ele chamada de Maioria Si... que não houve. Quem deu o golpe em quem – ou se antecipou a que golpe? Nada é claro e está definido. Sente-se pela primeira vez que, como dá a entender o PC, que passa a vida a alertar para os perigos do esquerdismo – a doença infantil do comunismo -, a guerra de gabinete poderá levar a qualquer ponto, inclusive a um regresso ao passado com o homem do monóculo a substituir o de incisivos à tubarão. Chaimites do recém-criado Copcon, chefiado pelo major Otelo Saraiva de Carvalho, estão à volta do Sheraton, onde uma multidão grita slogans como Morte à reacção! Morte à reacção! enquanto espera para ver Galvão de Melo sair algemado. O homem do monóculo não engana ninguém mas no dia seguinte bota discurso na televisão a dizer que é um santo, queixando-se de que antagonistas não olham a meios para derrotá-lo e a acenar com o fantasma do extremismo. Espera-se que finalmente vá parar na cadeia, mas é-se obrigado a achar muito bom que se demita. |
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