revoluciomnibus.com  James Anhanguera ERa Uma Vez A RevolUÇÃo. IV     ERA UA VEZ A REVOLUÇÃO   UTOPIOS

Aliás, com tanto Marcuse de primeira e segunda mão empinado nos últimos anos e em todo um Verão quase só de retiro para estudo & reflexão e pela minha própria origem, numa ponta extrema da sociedade ocidental, um país com pouco ou nenhum know how tecnológico, a economia baseada na exportação de produtos primários em bruto e onde ainda existem extensos lagers de grupos tribais, é difícil não enxergar as diferenças e aceitar que seja aplicável, urbi et orbi, o princípio de internacionalismo proletário e o conceito marxista de um só processo histórico humano, porque apesar da fúria colonialista nem todos caminhamos ainda na mesma direcção.

- E se caminhamos é melhor sustar logo a marcha dos que estão lá para trás, ao que se diz ainda na pré-história, como os ianomamis do Território de Roraima – prescreve Lu Silveira, em ‘viagem de estudo da revolução portuguesa’ após, num golpe magistral, ter pulado do playboysmo mod e do bricolage de feira hippie para uma carteira do curso de sociologia da Universidade de São Paulo, noites depois, quando uma janta na casa do correspondente da revista Veja, deslocado de Paris para dar o devido relevo aos acontecimentos portugueses, degenera em ardente discussão político-quase-filosófica.

- Mas isso é impossível! – escandaliza-se o correspondente.

- Ao ponto a que chegámos – rebate o sociologando neo-hippie -, é melhor sonhar com a Ilha da Utopia, ilhas de fantasia, vias alternativas, com o momento em que o espírito de taba, sem qualquer tipo de poder a não ser os sobrenaturais, possa voltar a prevalecer, a anos-luz da cultura dominadora que se expandiu de forma vil, autoritária, por todo o mundo, que amargar um pesadelo uniformizado à Mao Tsé-Tung. Marx pensava a sociedade humana no estádio de industrialização a que chegara na Europa e nos EUA, e quase só aqui, num tempo de diligências, locomotivas e barcos a vapor recém-inventados. Vai-se a ver e pela lógica do seu tempo o resto do mundo não deveria passar de um quintal, um subúrbio longínquo de Londres, Paris e Berlim e o índio era apenas um ser primitivo que só poderia ser digno da admiração de um Rousseau ou de um Montaigne. Depois dele vieram Freud, o foguete espacial e Marcuse, a dizer que não tarda nada um estudante como eu será mais um negro-escravo no mundo de trabalho automatizado – se tiver trabalho!

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