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Mais uma vigília de Ed, esta menos cansativa, porque dá até para dormir a sono solto no banco traseiro da carrinha. Quando acordo os militantes do MRPP continuam abancados em frente ao hospital, bloqueando o tráfego do e para o Jardim da Estrela. Dos chaimites que desde o início da noite estiveram posicionados à entrada da Ave Infante Santo só resta um a vigiar a turba. Nada acontece pela manhã até que já perto do meio-dia ouve-se o barulho crescente de cascos de cavalos no alcatrão do outro lado do jardim, na direcção do Cemitério dos Ingleses, de onde cerca de vinte deles, montados por homens fardados, fazem a sua aparição. - É a tropa de choque! – gritam os emerrepumpuns alarmados já a retirar-se para dentro do jardim enquanto os cavaleiros armados e protegidos com escudos e capacetes começam a disparar bombas de gás lacrimogéneo para dispersar a turba. Após um mês de férias forçadas a tropa de choque da Guarda Nacional Republicana faz a sua sensacional reaparição. Armado com o indefectível UHER Ed corre atrás dos maoistas quando alguns deles já fecham o portão do jardim em frente à Basílica, sobre o qual voam bombas atiradas pelos geeneérres. Ed, que jamais esteve sequer perto de uma manife estudantil, seguindo o exemplo dos jovens irados ata o lenço de pescoço à cara e quase sem fôlego relata ao gravador os efeitos mais imediatos do gás lacrimogéneo num ser humano. Findo o relato retira-se pelos fundos do jardim e apanha um táxi para a Renascença, onde o chefe e Leite discutem a atitude a tomar face ao primeiro acto de censura oficial pós-25 de Abril. Decide-se apelar ao ministro da Comunicação Social, Raul Rego, para que faça prevalecer o princípio da liberdade de expressão inscrito no Programa do MFA. Mal estreou no cargo e o ex-director do República já se envolve em quezílias, agora do outro lado da barreira. No contexto a dura admoestação contida no comunicado causa um forte abalo ao ex-resistente antifascista e velho republicano, que no gabinete dá conta de não se afeiçoar muito bem a um cargo em que, pela posição estratégica do PS, aparentemente entre a direita, representada pelo general Spínola e acólitos como o capitão Jaime Neves, e a esquerda, na presença do PCP, vive a pisar em casca d’ovos. O texto, transmitido de hora a hora, intima o ministro a vir a público dizer a sua sobre a questão, mas onde está ele que não se pronuncia? – reclamam adendas já no dia seguinte.
Entre uma e outra música já se ouve um ganda instant-hit, Maré Alta - que a liberdade está a passar por aqui, uma crónica à la minute. De boas intenções e expectativas ilimitadas estamos a regalar-nos. |
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