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Umas poucas centenas de trotskistas atendem à convocação. Chegados ao hospital decidem fazer sit-in até que Eduardo Peralta seja libertado. A reportagem da RR, reforçada por Leite Vasconcelos, dá notícias regulares do acontecimento até que, vindo da Rua Buenos Aires até mesmo em frente ao hospital, um número idêntico de militantes do Movimento para a Reconstrução do Partido do Proletariado (MRPP), a fazer uma não menos espectacular aparição no cenário, coloca-se face a face com o pessoal abancado no sit-in em atitude de provocação. Seguem-se escaramuças entre os jovens maoistas e trotskistas até que os mais novos filhos da Revolução Cultural (mesmo em idade) expulsam os sequazes de Ernest Mandel, que desaparecem no escuro do esquecimento sem deixar rasto. A Renascença segue par e passo o acontecimento mas após o noticiário das 23 horas um chico que a esta altura já está no centro das atenções pelas suas atitudes bombásticas em prol do restabelecimento imediato da lei & da ordem pura e dura e que pela própria cara de tacho inspira antipatia em quem, como criança, delira com o espírito ao mesmo tempo de brincadeira reinante após 48 anos de jejum, aproxima-se lentamente da carrinha Opel creme, o proverbial ar carrancudo, farda verde-oliva com blusão de couro castanho e boina grená de rigor, para ir directo ao ponto, o capitão Jaime Neves, comandante da Região Militar de Lisboa, abeira-se do carro até a janela do motorista, apoia o braço direito na janela e dirigindo-se primeiro ao homem que há um mês deu a senha para a saída dos militares dos quartéis, que se limita a olhá-lo impávido, e depois também a mim, sentado no banco traseiro, declara: - Boa noite. Comunico que os senhores estão proibidos de dar mais informações sobre o que se passa aqui. E já se prepara para fazer uma retirada em grande estilo, como um lidador a pé após uma série de chicoelinas no touro, quando é surpreendido pelo homem a que começara a dirigir a ordem. - Quem se responsabiliza pela ordem? No ar de perplexidade e vexame que por alguns segundos se instala na expressão do capitão dá para sentir que as suas bolas, com a distância encurtada em virtude da posição em que se encontra, fazem tóiiiin no chão. - O comando da Região Militar de Lisboa – responde a custo, mas já aparentemente recomposto. - Só iremos acatá-la mediante notificação por escrito – lança-lhe o locutor e jornalista. - Tudo bem, daqui a pouco a entregaremos – riposta a resignada autoridade. Quem a traz é o ajudante de ordens. Leite entra no ar para informar que a RR interrompe a reportagem da Estrela porque foi proibida pela RML de noticiar o que se passa. |
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