revoluciomnibus.com  James Anhanguera : ERa Uma Vez A RevolUÇÃão. ...I I     TERRA DA DAMA ELECTROACÚSTICA   radioDAYS IV

           Música como rádio. Para contar um causo. Dizer e tentar ir além do que diz uma poesia, sonorizando-a, pois é a forma de escrita mais próxima da arte dos sons. Nasci com ela, conheço-a bem, agora faço-a.

Espectáculos e reportagens, depois o rock, para que foi feita, como demonstra George Lucas, e os jockeys põem-se a galopar sobre aquele ritmo estonteante em Top 40 até surgir o FM, Tom Donahue e a revolussom: ganha força também o material menos palatável, muito melhor do ponto de vista ‘lírico’ que é por si mesmo documental e comentário vocal e instrumental/sonoro, e bem assim o documentário, reportagem desde A Guerra dos Mundos, com forte influência do neo-realismo nos melhores momentos no pós-guerra. Quando trabalhava como jornalista na BBC o poeta Dylan Thomas escreveu Under Milk Wood, um ‘drama radiofónico’ com texto em prosa, poesia e canções em que evocou a vida numa cidade imaginária da sua costa galesa natal.

Ao ler e ser informado sobre isso tomo melhor tino de um meio muito mais complexo e abrangente que o emissor de folhetins, programas humorísticos, noticiário e música que cresci a ouvir. Algumas emissões são já pós-modernas, a fazer a síntese da matéria dada & dadá, como Campus, de Michel Lancelot, na Radio Europe 1, que passa em revista, dos mais variados ângulos e com estilo e forma claros e directos que seria impossível empregar em Portugal, os acontecimentos mais emocionantes dos anos 50 e 60: o ‘regresso às origens’, a luta contra a segregação racial, o movimento estudantil, a luta armada de norte a sul das Américas. Ou as reportagens que Adelino Gomes realiza no Página 1: um repórter inato com um extraordinário dom de elocução mesmo quando transmite de um telefone de beira de estrada, como durante o Rallye Paris-Persépolis-Paris.

Num sentido completamente diferente não deixa de ser também impactante o estilo sofisticado do Em Órbita, que faz escola em matéria de padrão radiofónico em FM pelo rigor e clareza dos breves textos que o actor-locutor Cândido Mota debita e, como os textos, o conteúdo musical bastante ‘elitista’ mas que cativa, ao mesmo passo em que até enerva, pela depuração e o bom gosto, folk song, folk-rock e country-rock; rock barulhento, rock mesmo, nenhum. O cada vez mais obscuro e obscurantista Bob Dylan como papa.

25 antes durante depois ..............

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