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É deste centro de controle e auto-controle (paranóia) policial que provém a orientação política que se esboça em Portugal, e que no plano policial traduz-se em campanhas que, para usar uma expressão estafada, só servem para despertar o polícia que há em nós. A droga tem sido pretexto para uma enorme campanha de denúncias só equiparável à caça aos pides do pós-25. A dita ‘esquerda revolucionária’ europeia discute a questão, lançada pelo grupo político italiano Lotta Continua. A 18 de Junho os jornais ‘de esquerda’ Liberation e Rouge publicaram o Appel du 18 Juin (joint, a pronúncia é a mesma), em referência ao famoso discurso de De Gaulle conclamando à união dos franceses contra o nazismo, e em que os abaixo-assinados declaram ter ‘fumado’ uma ou mais vezes e pretender ‘fumar’ de novo. Um dos signatários, o anti-psiquiatra David Cooper, que em Grammar of Living publica extenso manual sobre o uso de certas drogas para libertar a consciência, escreveu no Libé um manifesto intitulado Ne fummons pas de cannabis baseado no argumento de que o seu uso desmobiliza o indivíduo para um trabalho de intervenção política e pode ser um entrave no relacionamento com organizações que ‘poderão ajudar-nos a atingir o comunismo total’... Os editores da secção de cultura e espectáculos do jornal Página 1 (Grupos de Dinamização da União Popular) publicaram sem conhecimento do resto da redacção o manifesto do 18 seguido de uma nota em que denunciam o alheamento por parte da ‘esquerda’ portuguesa dos problemas inerentes à questão num país onde, segundo absurdas estatísticas oficiais, 100 mil ‘fumadores’ consumiriam 300 quilos de erva por semana. O recuo da ‘esquerda’ em relação a uma questão sobre a qual desde 68 havia um consenso ao contrário é um sintoma de fracasso e uma revisão de estratégia em relação a uma massa trabalhadora que não desliga das estruturas ‘oposicionistas’ tradicionais do tipo PS e PC, prestes a tomar o poder em França para fazer o mesmo que a direita, como acaba de dar conta François Mitterrand ao afirmar que uma vez lá chegados os aliados do Programa Comum irão adoptar uma política de ‘gestão do capital’. A proibição pelas autarquias de vários festivais de rock de norte a sul e leste a oeste do Hexágono foi apoiada por representantes de organizações ‘esquerdistas’, para quem eles não passavam de brinquedos de nanas a alimentar o circo vicioso de exploração comercial da música. Que não se faça nada à margem do showbizz é tão deplorável como impedir os jovens de desfrutar do pouco de liberdade e prazer consentidos pelo sistema, insurgiu-se um filisteu, para quem chato mesmo é que malta ainda jovem finja esquecer-se de que este é ‘um país onde as paredes já cantaram é proibido proibir.’ |
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