revoluciomnibus.com  James Anhanguera ERa Uma Vez A RevolUÇÃo  ...IV ERa Uma Vez A RevoluÇÃO VERÃO QUENTE

            A Primavera de 75 é radiosa mas curta, porque o Verão quente se antecipa sem dar margem à utopia.

 

Os acordos de Alvor sobre a suposta partilha do poder de Angola e os rumos políticos de Moçambique aumentaram o caos nos portos moçambicanos e angolanos, soldados misturados a ‘cidadãos de segunda’ a tentar a todo o custo partir para Lisboa no primeiro navio.

A mãe de Júlio da Maianga e Caleb tinha um punhado de angolares que pretendia trocar à chegada a Lisboa mas o dinheiro não valia nada e os filhos convenceram-na a gastá-lo por lá mesmo e esconder liamba no estofado do sofá, que ficou retido com o resto da tralha num contentor no cais de Alcântara.

Os pied noir lusos são rapidamente assimilados e ganham status, supremacia, aproveitando-se de benesses: a partir dos campings são rapidamente assentados. IARN chega a ser termo altamente pejorativo mas não tarda muito e já estão na mó de cima, a fazer o que sempre fizeram em Angola e Moçambique, explorar bares e restaurantes. Torna-viagem africanos, como os brasileiros dos tempos de Eça e Camilo, servem à direita de contrapeso à avassaladora onda esquerdista que toma as rédeas da automotora.

           Vasco Gonçalves faz o impossível para administrar o país num Verão muito quente não só do ponto de vista político, com o governo a não ter controle sobre o chamado Poder Popular de que pretende ser o representante. O homem vira noites e mais noites insones em busca de uma solução político-institucional para a situação de constantes atritos que se vive em todos os sectores da sociedade. No que diz mais directamente respeito à gestão política Aliança Povo Unido, Grupo dos 9, Copcon do camarada Otelo, em torno de quem se agrupam os partidos ditos de extrema-esquerda, emeéles, trostkistas e brigadistas. O país continua a ser assolado por uma onda de ocupações, entre as quais uma das que mais dá que falar é a do próprio jornal República, que obriga o grupo dirigente do PS a arremedar Spínola e convocar a ‘maioria silenciosa’ para uma manifestação contra o extremismo na Fonte Luminosa e fundar um outro diário, Luta. Vive-se num contexto inédito: mais que uma autogestão jugoslava um processo semi-espontaneista de implementação da baderna. Nem o maior especialista em Marx ou Lenine saberia o que fazer, porque entre teoria e prática há uma distância igual às interpretações tão díspares de uma cabeça a outra. Numa importante conferência de imprensa realizada alta madrugada no Palácio de São Bento e transmitida em directo pela RTP o Camarada Vasco sua em bica pelo calor da noite e das luzes de reflectores mas ao que consta também porque mantém a fibra graças a muito speed, e em resposta a uma pergunta sobre uma situação muito concreta, chega a dispara(ta)r: Ao referir-se a uma situação análoga, o camarada Lenine disse que...

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