40 anos da tragédia do Sarriá

      do histórico scudetto da Roma de Falcão

        e do nascimento do futebol-indústria na Itália

                                                 

     5 de julho de 1982 – 14 de maio de 1983   

   1982-85 · 2022-2025

                        Falcão 
                          Zico Sócrates
                               Cerezo Júnior Dirceu
                                           Edinho  Batista  Pedrinho
                                                   Juary Elói Luvanor
                                                                                                     

                   James Anhanguera

  A triste

  e bela

  saga dos

  brasilianos

                          da tragédia do Sarriá às arenas italianas

                            Leia o livro e assista o jogo 40 anos depois

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  A triste

  e bela

  saga dos

  brasilianos

         da tragédia do Sarriá às arenas italianas

O oitavo rei de Roma

O Doutor Diretas 

Rebuliço na corte do rei Arthur  

Rei morto... fim da Monarquia

 

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A triste

  e bela

  saga dos

  brasilianos

         da tragédia do Sarriá às arenas italianas

     epílogo  

           Rei morto... fim da Monarquia

   

 Zico (“Minha vida é o Flamengo”), que o destino não quis que eu visse no Olímpico, quem diria, regressa ao Maracanã, sede do seu reino, com a camisa rubro-negra, no dia 13 de julho de 1985. O jogo Flamengo e Amigos de Zico integra o pacote de promoções para o reembolso dos 2,5 milhões de dólares investidos na mega-operação montada pela Estrutural para resgatá-lo das garras do dragão, como fantasiou um filme promocional exibido pela TV Manchete antes do jogo - Volta Galinho. Dadas as circunstâncias, uma volta inevitável.

 

 

  

       Sócrates bem que tinha a idéia fixa de voltar e encontrou na briosa Ponte Preta de Campinas, com grandes planos para vincar seus 85 anos de existência, o clube ideal para o ansiado regresso. Armou-se um pool - o mago fez escola... - e ele vestiu a camisa alvinegra e foi carregado em triunfo nos ombros dos torcedores da macaca, como um brasiliano recém-chegado à mais famosa ou recôndita cidade italiana. Mas o negócio acabou por não se concretizar. Segue outra polêmica, agora

sobre se na ânsia de voltar não rompera unilateralmente o contrato com a Fiorentina. Os Pontello já nem queriam ouvir falar nele e vice-versa e o purgatório continuou até o início da temporada seguinte. Os tifosi viola ficaram ainda mais furiosos quando souberam que ele poderá ter sido o principal obstáculo para a ida de Falcão para Florença.

      Enfim, graças a um outro pool montado pela Estrutural, Sócrates brilha no Maracanã com a popular camisa do Flamengo, poucas vezes ao lado do Galinho, que logo após a volta fora vítima da sanha de um zagueiro do Bangu...

       Ostracismo e descontrole gerencial dos Pontello, crise de liderança determinada pela ausência de Antognoni, que de fato encerrou a carreira no fatídico 12 de fevereiro de 1984, breve mas decisiva ausência de De Sisti no início de temporada. Entre tantos pretendentes, Sócrates teve a má sorte de escolher o pior. A Fiorentina foi mesmo um presente de grego e, dadas as circunstâncias, até um simples toque de calcanhar poderia parecer, mais do que presunção do craque, um acinte.

        Houve também em seu caso um choque insuperável de duas culturas, a dos jovens empenhados do seu jovem país no limiar de uma suposta nova era com a dos qualunquisti (que não estão nem aí para empenho político e sequer para a política) do futebol italiano. E uma tremenda de uma incompatibilidade entre a austeridade de fato dos de resto também fantasiosos florentinos com a fantasiosa austeridade de Sócrates. Em tal contexto não havia hipótese de diálogo. E o choque foi além dos limites.

        Sócrates não deu só fintas. Fez finta. Fingiu. Ficou na sua. Na cidade das flores, foi discreto e cavalheiresco quanto pôde, não perdendo a pose nem nos piores momentos. E sequer perdeu tempo para falar nisso.

         - Ah, deixa pra lá....

      Ao público, não interessava. Só iria piorar. Diz somente o absolutamente inevitável. Dadas as circunstâncias, e sendo brasileiro - de quem se espera comportamentos “arquetípicos” como extroversão e grandiloquência - foi circunspecto até demais, sem nunca extrapolar. Cada qual com seu caráter e sua maneira de ser, entre brasilianos e outros stranieri todos fazem o mesmo jogo. Comportam-se como visitas que são. Com muita ginga e esperteza. Já são homens maduros e brincalhões na medida. Elói pode dizer tudo - ou quase - o que se passou. Admitir até os próprios erros. Perdeu o jogo. Não há nada a fazer. Sócrates divide porque é naturalmente polêmico. Júnior, Zico, Pedrinho ou Edinho - o superlacônico Edinho, que vai logo se desculpando por falar pouco e ressaltando que entre amigos é mais aberto -, cada um do seu jeito, do extremo norte ao extremo sul da Bota, todos ficam na sua.

“Dez cretinos e um inteligente”, foi a definição do elenco dada pelo presidente do clube à saída da reunião. Quem é o inteligente? Socrates ou Peccione, de quem se diz a meia-voz nos bastidores ser o companheiro que cria mais problemas ao Dottore, em um ambiente em que os atletas estão divididos em grupos?

              Guerin Sportivo

 

        Sobre o presente de grego, mais do que deduções à distância do que se passou nos treinos e nos vestiários a resposta de Daniel Bertoni à interpelação dos jornalistas foi taxativa:

         - Daniel, como é que você se sente no Napoli? Melhor que na Fiorentina?

        - Bem melhor. Aqui existe um ambiente coletivo que não encontrei na Fiorentina e em campo tenho muito mais liberdade de manobra.

      Quanto a Sócrates só jogar de primeira taí o comentário do insuspeito Roberto Bobby Gol Bettega, italiano como Valcareggi e também perito no assunto, à participação brasileira na Copa de 82:

      - Imagino o que seria o Brasil com Zoff no gol - disse, antes de destacar Sócrates, Falcão, Zico e Júnior como os que mais o impressionaram no esquadrão e de rematar para gol:

      - Nunca se excederam em personalismos sul-americanos, jogaram o mais possível de primeira.

      A Fiorentina irá passar da mão dos aristocratas-construtores para a fina flor da artistocracia do cinema italiano, os Cecchi Gori. Zeffirelli aplaudiu mas também não deu em nada. A Fiorentina ainda irá obrigar Batistuta a ser artilheiro da Série B! 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

 

     Falcão jogou outra vez no Olímpico com a camisa 5 do time com que viveu a maior glória e na sequência das cinco memoráveis partidas com a seleção brasileira na Espanha a consolidação do seu prestígio internacional. Despediu-se no Olímpico, recreio da sua corte, num melancólico amistoso com o Ajax. Não poderia despedir-se em Subiaco...

 

      Finalmente, Viola, a bruxa má, conseguiu operar a máxima vingança, talvez ardilosamente preparada por dois anos, quem sabe à espera de aplicá-la à primeira fraqueza (no caso física) do rei. Chegou ao ponto de inverter em parte o quadro totalmente desfavorável que se lhe apresentara dois anos antes, durante o primeiro “caso Viola-Falcão”, chamando a si o apoio de um vasto setor da tifoseria romanista. No último round da luta entre titãs a galera dividiu-se a favor de um e de outro talvez até porque no auge do processo movido por Viola para a rescisão do contrato o advogado Colombo tenha sido obrigado a super-expor-se e com palavras que às vezes vão além da rispidez acabou por romper a imagem de polidez pacientemente cultivada ao longo de cinco anos pelo seu representado.

 

       Difícil seria imaginar meses antes um laziale que fosse falar mal do rei dos arquirrivais e afinal - nem mesmo eles ousavam desmentir isso - de toda Roma (mesmo um rei bom pode não ser do agrado de todos...). Falcão perdeu o processo, terá talvez perdido em parte a majestade - rei morto... - mas não perdeu a pose, e olha ele lá, dois anos depois, recebendo personalidades e fazendo entrevistas no grande salão de visitas dominical da RAI.

 Ao soar o gongo no derradeiro embate Viola-Falcão, quando mais uma vez Roma não falava noutra coisa, o deputado comunista Massino Serafini fez uma despedida solene: 

   - Tornei-me romanista por amor a Falcão. Somente por sua culpa o futebol tornou-se para mim uma espécie de filosofia, de visão do mundo. Não poderei resignar-me à idéia de ver esse jogo voltar a ser uma simples sucessão de pontapés.  

 

       A revista Placar declara extinta a praga de Sarriá: os craques estão de volta. Uma agência de publicidade de São Paulo armou uma operação análoga à da Estrutural para resgatar Zico e Falcão prepara-se para tornar-se monarca de São Paulo, sede da sua nova grife. Não no time mais popular de uma cidade mas no mais “aristocrata”. O número 5 do São Paulo, Márcio Santos, tremeu na base ao saber que o rei de Roma estava chegando. Tudo indicava que a praga caíra agora sobre o técnico Cilinho, que não teria condições de administrar situação tão delicada: um jogador com posto de titular garantido por méritos próprios contra um craque que chega com disposição de mostrar-se em condições de disputar sua última Copa do Mundo. Mas tudo acaba bem: o São Paulo sagra-se campeão paulista e por problemas físicos Falcão é obrigado a ver longos trechos dos jogos do banco de reservas ou das cadeiras sociais. E também ficaria muito tempo no banco de reservas na renovada seleção de Telê Santana que disputou a Copa do México.

       Tudo bem que o joelho não desse garantias. Tudo bem que o toscano e maquiavélico Viola tenha armado uma arapuca para finalmente arredar o arquirrival de cena, agora que já não tem mais Nils Liedholm para exigir a sua permanência. Mas Sven Goran Eriksson, depois de tanto as esfregar, pode ter lavado as mãos. Não pareceu ir muito à bola, como dizem os portugueses, com os brasileiros que encontrou no Benfica e logo tratou de fazer Fernando Martins contratar dois vikings - um dos quais, Stromberg, excelente. Eriksson não será mais um daqueles treinadores que prefere atléticos nórdicos e ingleses a brasileiros? E quanto a liderança de equipe, “técnico em campo”, essas coisas, ele foi bastante claro à chegada a Roma:

       - Num verdadeiro time de futebol não pode haver um líder. Nossos adversários devem ter medo de defrontar toda uma equipe, não apenas um atleta.

         Eriksson coadjuvante da bruxa má? Liedholm dirá das suas mais tarde...

         23 de abril de 1987. Aos 65 anos, Liddas continua no Milan e sem que se saiba prepara o regresso a Roma, atendendo a convite da bruxa má. Sem preconceito, chegará a deixar Renato Portalupi e Andrade - que depois de tanto vem-não-vem lá acabaram por vir - mofando no banco. A Roma de Eriksson continua aflitivamente mal. De Milão, indignado como qualquer bom romanista, il barone manda o recado:

        - Deixei a Eriksson a equipe mais forte do mundo, uma obra harmoniosa, com uma defesa muito sólida, magistral na marcação à zona, um meio campo de uma fantasia inatingível, baseado no trio Falcão-Cerezo-Conti, e um ataque maduro. Ainda que considere Eriksson um dos melhores técnicos do mundo é preciso que se diga que nem sempre é fácil juntar a força atlética aos dotes de talento futebolístico.

 

 

Si, Sonia. La Braga. Roma, maggio del 1984.
Havia aquela Sônia em suas vidas, da diva de Dancin’ Days dois anos antes, a do triunfo italiano tudo somado sobre o Brasil “dell’altro pianeta” e da primavera do triunfo falhado de alguns protagonistas do futebol da geração com a qual a modalidade põe a máscara de um star system e de uma indústria global em uma fatalística disputa de pênaltis.
Eram três da matina quando Anhanguera a deixou no lobby del Grande Hotel depois de uma janta e uma longa... entrevista, evento raro, uma diva encantatória na cidade e no cenário dos interiores do capolavoro cinematografico em vida nua e crua ou alucinação.
Quanto encanto e momentos de êxtase por inebriantes manifestações de sensualidade e beleza, Giulia, Gabriella... uma tigreza di unhas negras e íris cor de mel, fosse o diretor Jabor, o autor de Dancin’ Days Gilberto Braga, Caetano Veloso, James Anhanguera. Jabor, Braga, o autor da telenovela marco de uma era, entre alusões, só alusões – a trilha sonora de repastos e caminhadas, canções, o murmúrio da água nas fontes – a um caso d’amore no Panteon, o Olimpo romano.
Deveria ter rolado uma sessão de fotos para ilustrar a entrevista na tarde seguinte, mas Sônia foi embora ao que parece imprevistamente, antecipando a viagem a Nova York. O que aconteceu entre aquela quase alba e a manhã da partida?
Só muitos anos depois ela falará abertamente sobre o caso – e para mais, de uma paixão – de que ele nunca falou e sobre a qual nunca se especulou, peorque se deu num paraíso longínquo... Um breve parêntese de amor no ocaso que já prefigurava – mas não se podia prever – de uma fulgurante carreira de dez anos.

 

 

     Os craques voltam. E para que Brasil voltam Zico, Falcão e Sócrates? Para o país do futuro que parece estar finalmente a um passo de encontrá-lo. Que conhece seu extraordinário potencial e acredita que agora só pode dar certo. Com esperanças desmesuradas na chamada Nova República, que terá um plano de saneamento econômico em que todos acreditarão fervorosamente até malograr da forma mais burlesca e concluir-se que o regime mudou para tudo continuar quase na mesma. Porque ao menos já se pode dizer o que se pensa, embora a maioria da população, subnutrida e sem instrução, não possa ou não saiba nem o que pensar...

     Mas voltam também com o entusiasmo de participar na construção de um país novo, com um futebol mais bem organizado e em que os cartolas serão seguramente mais sérios e honestos... Até a seleção de Telê é chamada de Seleção do Povo, porque o povo quis diretas e quis a volta de Telê, tão criticado em 82 por aparentemente insistir em jogar no ataque mesmo quando lhe bastava garantir um empate...

     Futebol-arte na Nova República. Os torcedores que se deslocam à concentração da seleção da Toca da Raposa ainda trazem no braço a tarja preta de luto pela morte de Tancredo, que morreu a 21 de abril no Brasil da esperança...

          Revista Placar, de São Paulo, 30 agosto 1985: SEMPRE a recordação da "tragédia do Sarriá"

            Será que Roma terá um dia um outro rei?

 

      A Roma de Falcao passou a ser a Roma de Cerezo, do polonês Boniek, do dinamarquês Bergreen. De Eriksson. Ganhou uma Copa Itália. Com Cerezo, por mais um ano, ainda vá. Quando ele já tanto cabeça quanto pernas estava em forma ninguém o segurava. Nos momentos difíceis, com aqueles dois braços longos que nem varas abananando de baixo para cima, os dentes arreganhados, incentivava a galera a dar o sangue no tifo, e ela gostava do ardor com que o nero - no bom sentido - vindo de tão longe dava os tubos pelo seu time. Com Cerezo, o malabarista Conti e o bravo jovem segundo homem do meio campo Giannini jogando como um brasiliano, quando ia bem o estádio voltava a explodir de alegria. Mas - honra lhe seja feita - nunca mais foi como no tempo do rei de Roma.

      

 

 

       No ano seguinte Cerezo foi dar o sangue na Sampdoria, que crescia pouco a pouco. Que tristeza! Não havia mais bandeiras brasileiras no estádio. O verde-amarelo até que combinava com o vermelho e amarelo mas aquele azul e amarelo da solitária bandeira sueca embaixo da Curva Sud ou o vermelho e branco da bandeira polonesa... Nada a ver!

       Será emocionante assistir, quando a Sampdoria jogar em Roma, o técnico iugoslavo Vujadin Boskov gentilmente ordenar a Cerezo para sair de campo minutos antes do final das partidas só para agradecer à galera da Sud. Ele, sorridente, sairá correndo e tirando a camisa blucerchiata que, depois de beijada, irá jogar para a galera, agradecendo os aplausos e o incentivo, aplaudindo e abanando os braços, incentivando também a galera a não perder a garra na torcida pelo seu time. O Olímpico também é casa sua. Casa nostra.

      Falando de um dos craques da “geração perdida”, um pé frio, ele será campeão italiano de 1991 com a Sampdoria, esquadrão pacientemente construído ao longo de uma década. Irá mudar-se para o já campeão brasileiro São Paulo de Telê Santana - outro pé frio...  - e sagrar-se bicampeão da Copa Intercontinental com Raí. Palhaço quando menino, é craque na vida. Atleta disciplinado e dedicado, encerra a carreira aos 42 anos, após cumprir a promessa de jogar no Atlético Mineiro, onde se formou e se revelou ao mundo, ganhando um salário mínimo (só porque pela lei laboral brasileira não podia trabalhar de graça). E ei-lo ali à frente do Vitória da Bahia a revelar-se excelente técnico, levando um “timeco” de província às semifinais do Brasileirão de 1999 e sagrando-se campeão japonês com o Kashima Antlers de Zico no ano seguinte.

 

 

      De Júnior nem se fala. Como qualquer trabalhador honesto cumpriu seu contrato de três anos com o Torino, sempre entre os melhores jogadores do campeonato, depois foi para Pescara, onde permaneceu outro triênio sempre entre os melhores do campeonato e encerrou a carreira no Flamengo, onde carregará times fracos nas costas até os 37 anos com o mesmo empenho e categoria que exibirá por aí no tal do beach soccer, onde aprendeu a jogar bola e que lhe deu a estrutura muscular que fará com que pareça que sua vida de glórias não possa terminar, até os 47 anos, quando o antigo capacete já tinha embranquecido precocemente e ele já há muito vinha sendo chamado de ”vovô”. Só conquistou títulos importantes com o Flamengo, mas na Itália foi também um campeão.

 

 

      Contra todos os prognósticos, menos o dele, Dirceu participou na sua quarta Copa do Mundo depois de conhecer a sua quarta locação italiana em Como e quando finalmente pendurar as chuteiras irá morrer num acidente de viação, como se não pudesse viver longe dos campos.

 

 

     Luvanor e Pedrinho lá andaram pelo limbo do calcio até o primeiro voltar ao Brasil para uma passagem efêmera pelo Flamengo e o segundo pendurar as chuteiras como rei de Catânia. Pedrinho quase se mudou para o Brescia, que subia para a Serie A, mas seu time ainda tinha chances de regressar à Primeira Divisão e ele teve que fazer um gol justo contra o clube que o estava paquerando!

 

 

    Sócrates ainda jogará no Santos aos 37 anos de idade, numa passagem igualmente efêmera e em que também presenteou a torcida do peixe com alguns números.  Abrirá uma clínica de medicina esportiva em Ribeirão Preto e em 2000 será técnico do Cabo Frio, que faz uma ainda mais efêmera passagem pela Primeira Divisão do Rio de Janeiro.

 

 

    Elói jogou por uns meses no Botafogo e passou feito um cometa pelo Porto, com que ainda assim sagrou-se campeão europeu de 1987 ao lado de... Juary!

 

 

    Batista não foi com a Lazio para a Série B, antevendo que nela se manteria a mesma situação de choques e divergências de sempre e as mesmas implacáveis críticas cairiam outra vez sobre mim, o único estrangeiro do time, e encerrou a carreira quatro anos depois.

 

 

    Edinho permaneceu em Udine até o final da década, quando voltou ao seu Fluminense, onde encerrou a carreira.

    Guerin Sportivo

 

 

    E depois de andar quatro anos de cidade em cidade o porco nero! - no mau sentido - dos interistas foi para o time do técnico Artur Jorge. Como quase sempre entrou no segundo tempo da final da Copa dos Campeões Europeus de 1987 e quando menos se esperava ei-lo a dar o primeiro título continental ao futuro vencedor da Copa Intercontinental.

    Os jornais italianos exultam:

                                                     Juary, re d’Europa!

   O gol do triunfo foi assinado a dez minutos do fim por um simpático brasileiro, Juary, que na Itália (jogando na Inter e no Avellino, Ascoli e Cremonese) tornou-se benquisto mas não teve muita sorte, testemunhou a Gazzetta dello Sport.

      Lembram-se de Juary? Venceu a Copa dos Campeões - anunciou em título o Corriere della Sera, que deu ao piccolo brasiliano a melhor nota do jogo contra o Bayern de Munique.

     A Europa aos pés de Juary, entronizou La Stampa de Turim.

     Juary é o milagre do Porto, consagrou também em título o la Repubblica.

 

 

 

      Zico, dado por acabado antes de completar 32 anos, terminará a carreira aos 40 no Japão, onde ajudará a lançar as bases do futebol profissional local. 

     Voltou a Udine em 1989, quando foi recebido como um príncipe e nomeado embaixador da campanha de promoção da região que se candidatava a hospedar a seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1990. O processo penal, contra cuja sentença o jogador recorrera, fora entretanto transformado em processo administrativo mas Arthurzico, como era chamado na infância, não aceitou a anistia.

    - Só aceita o perdão quem cometeu algum crime e como disse desde o início sou inocente - reiterou na ocasião.

    Segundo ele nem todos os poderes políticos do Friuli foram favoráveis à sua contratação pela Udinese. Havia quem quisesse derrubar Lamberto Mazza a qualquer custo.

    - A população soube que nos bastidores muita coisa foi feita de forma errada - disse, antes de deixar na autobiografia Zico Conta Sua História uma sentença lapidar sobre sua experiência no mundo do futebol dentro e fora dos campos:

    - É muito grande a distância entre os torcedores, sua paixão, sua explosão de alegria nos estádios, e os dirigentes, com suas manobras sinuosas, fechados entre quatro paredes, suas armadilhas e seus ardis.

 

 

 

    Corrado Ferlaino lá montou um timaço à volta de Maradona. Levou Santo Garella para o gol, juntou primeiro Antônio Careca e depois Alemão ao pibe e o Nápoles foi duas vezes campeão da Itália e Maradona o sucessor de Platini.

 

             

 

   Sobre Falcão nem é preciso falar. Casou-se com uma e depois com outra brasileira...  E nunca se sabe...

 

 

 

    Roma, segunda-feira, 5 de julho de 1982. Brasil e Itália preparam-se para entrar em campo no Estádio de Sarriá. Em Roma, Dimitri Mikhoudis, um filósofo grego apaixonado por futebol e pelo più bel calcio del mondo, trava diálogo de vero tifoso com um camarada romano sobre o desfecho do jogo de Barcelona.

    - Hoje vocês vão levar uma surra histórica, verão. Com esse Brasil, então...

    - Olha que a bola é redonda...

    - Por isso mesmo! Se ela fosse quadrada vocês ainda teriam alguma chance!

 

                                                                                                                                    Guerin Sportivo

 

                                                                                                           *

                 © de ilustração  Júnior Toro   revoluciomnibus imagem

    o quadrinho do

                                                        

 

Parece como com uma mulher. Fica-se sem saber se não se olhou bem as outras ou se só o Guerin Sportivo nos fazia ver o balé do futebol em toda sua beleza plástica.

Havia outras revistas talvez mais bonitas que o Guerin. Mas nenhuma tinha fotografias com a qualidade estética do "velho" semanário bolonhês (fundado em 1912) "de crítica e política esportiva" que os jornalistas de todas as publicações ou seções de esporte de publicações de informação geral no estrangeiro consultavam nem que fosse só para ver  como se deve fotografar um esporte como o futebol, que faz com que todos os participantes se movam em total harmonia ou então em grande contraste de movimentos.

Reproduzindo ao longo da narrativa de A triste e bela saga dos brasilianos algumas fotos históricas do Guerin queremos também render homenagem a um dos melhores produtos entre os muitos de raríssima qualidade com que a "douta e gorda" Bolonha encanta o mundo.

     

                    

                                 

                          

                           

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créditos autorais: Era Uma Vez a Revolução, fotos de James Anhanguera; bairro La Victoria, Santiago do Chile, 1993 ... A triste e bela saga dos brasilianos, Falcão/Barilla: FotoReporters 81(Guerin Sportivo, Bolonha, 1982); Zico: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior e seleção brasileira de 1982: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Edinho: Briguglio, Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Antognoni: FotoReporters 81, Guerin Sportivo, Bolonha, 1981. E-mAIL

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