Ed é também um puro, claro, bem mais jovem que qualquer daqueles marmanjos tudo somado simpáticos, uns mais outros menos foram os que nos deram a maior felicidade das nossas vidas, claro, até certo ponto, tretas e mais tretas, não há premeditação alguma na ‘ocupação’ da Renascença – o que está na base é o impulso de preservar/consolidar a liberdade de expressão -, ele estava lá a ver e a viver aquilo tudo e em linha de máxima o que houve foi que, a borrar-se nos dois sentidos, o Padre Américo pisgou-se para o retiro na Várzea de Sintra e a bem dizer deixou a rádio por conta de quem a fazia, uma coisa é planear golpes, outra muito diferente são os acasos – ou o dedo de Deus, para quem acredita – a fazer a engrenagem pôr a máquina em movimento e esta a movimentar-se como que por fortuna e, veja-se só, Soares, não o homem do projecto político, mas o simpaticão carismático, quando Ed e JCP estão na Ribadouro a matar umas imperiais e uns pecebes depois dO Último Tango em Paris, uma da manhã, e ele a adentrá-la, ainda jovem, bochechudo e bonacheirão, um calor de rachar, todo à vontade em mangas de camisa e sem sombra de seguranças, vai-se a ver a vir de mais uma discussão seríssima sobre os rumos desta merda toda e a cumprimentar toda a gente, mesa a mesa por que passa, isto sim é que é um figurão – olha lá, pá, ele a beber também a sua imperialzita, pois não é de estalo?, comenta JCP à socapa, e vai de fazer um brinde, sublinhe-se, não ao homem do projecto político, que nesse como é óbvio estamos a cagar, mas porra, ao gajo sem peneiras, tás a ver ou não tás?, que chega com toda a naturalidade à Ribadouro como à Brasserie Lipp e está-se nas tintas, não tem cá pruridos, abanca e toma cá com a gente a sua imperialzita, são ou não são novos tempos, seja que merda for que venha a acontecer? – discursa JCP. E brinda-se.