Aos onze meses de publicação do semanário musical Jimi muda-se para o Cinéfilo, onde inaugura colaboração com o terceiro artigo sobre Roberto Carlos que escreve em menos de um ano, intitulado Aquela Canção do Roberto, em que apela a referências a Andy Warhol, Sérgio Sant’Anna e ao Umberto Eco de Apocalípticos e Integrados para montar um pretensioso libelo de resgate intelectual do Rei como há muito Caetano Veloso e Augusto de Campos têm ensaiado no Brasil, depois de tê-lo acusado de pirosismo e alienante.

- Queremos que saiba que eu e o chefe de redacção não estamos de acordo com o teor do artigo mas mesmo assim decidimos publicá-lo porque aqui não há censura de espécie alguma – notifica o realizador Fernando Lopes, director da publicação.

A pequena redacção do semanário musical mudou, preparando-se para uma remodelação do pasquim, que do ponto de vista gráfico e editorial está mais catita mas continua sem condições de vender mais de dois mil exemplares por semana. Ensaio malograda tentativa de melhoria de ordenado. Jimi não aparece e todos pensam que seja um meu pseudónimo, até porque sou eu que corrijo o brasilês das suas prosas. Uso-me disso ao pedir aumento no íssimo, íssimo, íssimo, como diria Álvaro de Campos. Não mo concedem.

- Sendo assim Jimi Sawyer deixa de escrever para o jornal.

- Mas se ele não existe!...

- Ah, não existe? Então a partir desta semana ele deixa de colaborar.

Vou ao Cinéfilo oferecer a colaboração do parceiro.

       - Porreiro, pá, diz Fernando Lopes. – Estávamos mesmo a pensar em contratá-lo, mas por motivos éticos não quisemos chamar-te. Quer dizer - desculpa -, chamá-lo.

Por intermédio de António Castro mudo-me para os recém-inaugurados Serviços de Noticiários da Rádio Renascença, quando à saída do Século ouço de Diogo Barata notícias de uma reunião de suboficiais da tropa tendo em vista um golpe a ser apoiado por Spínola, que perdeu a guerra na Guiné-Bissau.