40 anos da tragédia do Sarriá

                        do histórico scudetto da Roma de Falcão

              e do nascimento do futebol-indústria na Itália

                                                 

     5 de julho de 1982 – 14 de maio de 1983   

   1982-85 · 2022-2025

                        Falcão 
                          Zico Sócrates
                               Cerezo Júnior Dirceu
                                          Edinho  Batista  Pedrinho
                                                   Juary Elói Luvanor
                                                                                                    

                   James Anhanguera

  A triste

  e bela

  saga dos

  brasilianos

                          da tragédia do Sarriá às arenas italianas

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  A triste

  e bela

  saga dos

  brasilianos

        da tragédia do Sarriá às arenas italianas

 

O oitavo rei de Roma

O Doutor Diretas 

Rebuliço na corte do rei Arthur  

Rei morto... fim da Monarquia 


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  A triste

  e bela

  saga dos

  brasilianos

        da tragédia do Sarriá às arenas italianas

 

O oitavo rei de Roma

     primeiro capítulo - nona parte                                

 

      A adversária mais próxima da Juventus é a Fiorentina de Giancarlo De Sisti, o romano da Roma e da própria squadra viola, com que foi campeão em 1969, garboso integrante da azzurra na final da Copa de 70 contra o esquadrão de Pelé & companhia.

      A Fiorentina parece querer repetir o feito de há dois anos, quando ultrapassou a Roma e lutou até o fim para roubar o scudetto à altiva Signora. Está em segundo lugar com menos três pontos que a líder quando é vítima de um acidente de consequências imprevisíveis.

      Décima-sétima rodada, 12 de fevereiro de 84. Zico ganha um prêmio de consolação ao fazer seu décimo-sexto gol em 16 partidas no derby das Três Venezas, que os alvinegros friulanos perdem em casa para o Verona. Platini também faz o seu na vitória da Juve sobre a Lazio (2-1), mantendo a mesma distância do rival.

       - Alô?

      - Carisssimo, saudações meridionais! Preciso para hoje ainda de uma materinha de 50 a 60 linhas sobre o Antognoni. Saber dele se ele vai ficar mesmo fora do campeonato, quantos anos tem, se é casado, se sempre jogou na Fiorentina, quem vai ficar no lugar dele, porque o Bearzot tirou ele da seleção e o cacete.

      - ...

     - Você não sabe o que é fechar uma página de Internacional no domingo sabendo das coisas e não tendo informação. Para você ter uma idéia cada agência está dizendo uma coisa. Disseram que ele, o Antognoni, tinha quebrado a perna direita, depois a esquerda. Disseram que o Oriali (tuh) Alô?

      - Alô.

      - Sim. Como eu ia dizendo, disseram que o Oriali tinha feito um gol para a Samp. Depois disseram que o avante da Roma, o Patrizio Hernandez, tinha sofrido pênalti, que o Nela tinha sido expulso e que o Tancredi defendeu... Verdadeiro samba do crioulo doido. A gente entra em pânico a essa hora. Sorte que seguramos aqui um arquivo pessoal para desfazer estas loucuras. Mas tem coisa que não dá para adivinhar!

      - D’accordo.  A matéria segue em instantes.

 

                                                                            

   A triste e triste saga de Giancarlo Antognoni

 

     Já aos 19 minutos do primeiro tempo do jogo Fiorentina-Sampdoria da 17ª rodada do campeonato italiano de futebol o meia-esquerda Giancarlo Antognoni havia sofrido uma carga no joelho à entrada da grande área adversária, falta que ele mesmo cobrou abrindo o placar, que fecharia em 3 a 0 para os toscanos.

     O jogador ressentiu-se do toque até o final do primeiro tempo, quando o seu técnico perguntou-lhe se não preferia ser substituído. Mas, toscano de nascimento e defensor da camisa violeta desde que, formado na Juventina, de Perugia, chegou a Florença vindo da disputa da Serie D (Quarta Divisão, amadora) com a Astimacobi, o garboso e aguerrido Antognoni, que completa 30 anos em 1º de abril, parece decidido a dar tudo pela Fiorentina, primeiro a cabeça, agora a perna, como disse De Sisti depois do incidente.

       Em novembro de 1981 a Fiorentina perseguia a Juventus na corrida pela liderança do campeonato. Em disputa pela posse da bola com o goleiro Martina num jogo contra outro time genovês, o Genoa, o jogador levou um chute na têmpora que quase o matou. Sofreu uma parada cardíaca de 25 segundos de que só se recuperou através de respiração boca-a-boca. Ficou quatro meses fora dos gramados e, apesar de ele mesmo ter ilibado o genovês de qualquer culpa, a imprensa italiana em peso condenou o goleiro pela sua jogada perigosa.

       Menos de um ano após o regresso, em lance de bola dividida com Pellegrini, da Sampdoria, a poucos metros do local do acidente com Martina, Antognoni cai no chão e só tem ânimo para acenar na direção do juiz da partida. Ao se aproximar para saber do seu estado jogadores do seu time e adversários lançam as mãos ao céu e cobrem a cara em atitudes de desespero. Vierchowod, da Sampdoria, tem acessos de vômito e um dos dois argentinos da Fiorentina, Bertoni, cai em pranto. O relatório médico fala de fratura completa e exposta de tíbia e perônio da perna direita, a que Antognoni estava apoiado para jogar a bola.

        O jogo foi disputado em meio a grande violência. Oriali levou um ponto na cabeça e, conforme relato da TV italiana, outros jogadores fiorentinos exibiam marcas de luta áspera. Do banco da Fiorentina saíram ordens para os visitantes retaliarem os violentos genoveses.

       Testemunhas oculares ilibaram Pellegrini: o juiz Giuseppe Mattei, que estava próximo ao local, disse que foi um lance totalmente fortuito e o próprio meia Pecci, colega de Antognoni, que foi uma jogada inofensiva. Segundo ele, Pellegrini botou a perna para chutar a bola.

         Preferia perder a partida a perder Antognoni desse jeito - comentou De Sisti no Hospital Toscano, para onde o jogador foi levado.

         O azar parece rondar a carreira do antigo capitão da seleção italiana, em que Giancarlo Antognoni atuou em 73 partidas oficiais e de que foi afastado em virtude do plano de rejuvenescimento da equipe bolado por Bearzot para a tentativa de reconquista do t ítulo mundial em 1986. Na Copa da Argentina ele sofreu uma lesão que o fez jogar abaixo de suas capacidades até ser substituído por Zaccarelli. No ano passado, no jogo da semifinal contra a Polônia, saiu mais uma vez de campo lesionado e não pôde atuar na vitoriosa final contra a Alemanha.

        Domingo, ele - que era considerado indispensável em seu time - disse adeus à luta pelo scudetto deste ano, que a Fiorentina está novamente perseguindo. Antognoni será operado hoje e os médicos prevêem que só regresse aos treinos em quatro meses.

                             FotoReporters 81   Guerin Sportivo

            

         Juventus e Zico mantêm a liderança na rodada seguinte, em que a Fiorentina parece ressentir-se da perda do capitão. É derrotada por 3 a 1 em Udine e superada na tabela por Roma e Torino.

         A Iuve vence de forma sensacional o Milan na casa do adversário (3-0), com um gol de Platini. O francês ficou a apenas um gol de Zico, que não fez esperar muito pelo seu 17º tento, mantendo a distância que o separava do rival. Foi o seu oitavo gol magico de falta, na definição da crítica.

         A Lazio vence a Samp (2-0) e Batista faz um gol - um refresco para o volante brasileiro, que até aqui não se inserira bem na equipe, que luta contra toda a sorte de vicissitudes: já trocou de técnico - caso raro na Itália - e perdeu seu maior ídolo, o centroavante Bruno Giordano, que fraturou uma perna. Batista teve nota máxima da crítica entre as atuações do time romano. Se o brasileiro jogar sempre assim não temos nada a temer, disse o novo técnico laziale, Carosi.

         Quase todos os times com brasileiros correm risco de rebaixamento.

         Com o campeonato sob o domínio absoluto da Juventus as notícias de maior apelo são as relativas ao calciomercato.

       - Sr. Liedholm, se a Roma pudesse jogar com três estrangeiros, que outro jogador brasileiro gostaria de ter em sua equipe?        - Sócrates, que me agrada muito como jogador e como atleta. Sob os dois pontos de vista é exemplar. Mas penso que será difícil que venha para a Itália, porque está pedindo dinheiro demais.

       Todo mundo está de olho grande no Doutor, personagem central da boataria que corre solta na Itália e no Brasil e que o está levando ao desespero:

       - Não posso mais ouvir falar da Itália. Tudo o que a imprensa escreve me irrita, me tira tranquilidade. Vou passar a pedir 100 mil dólares por entrevista. Só peço um pouco de calma para fazer um bom contrato com meu time e liderar a seleção brasileira na Copa de  86.

      Não quero Sócrates nem Falcão, resmunga o novo presidente da Inter de Milão, o industrial de hotelaria Ernesto Pellegrini, que ao assumir anuncia a primeira sensacional batida de martelo da temporada, a contratação de Rummenigge, o Panzer. O poderoso tedesco ultrapassa Zico na tabela de transferências e passa a ser o segundo jogador mais caro do mundo. A Inter desembolsou cinco milhões de dólares pelo seu passe e irá pagar-lhe 900 mil ao ano por três anos.

       Notícias provenientes de Liverpool, onde o Benfica defrontou o time local para as quartas-de-final da Copa dos Campeões Europeus, dão conta da histeria e crispação reinantes nos bastidores do futebol em meio mundo, em virtude do apelo irresistível da Itália.

       A ótima exibição do meia-esquerda benfiquista Chalana no primeiro tempo da partida aumenta a bolha especulativa em torno de uma sua possível compra pela Roma. O ex-craque e atual embaixador benfiquista Eusébio fala do astro português como um dos melhores jogadores do mundo e o título da entrevista da ex-Pantera Negra moçambicana à Gazzetta dello Sport parece um reclame:            

           “Comprem Chalana; é melhor que Maradona”

           Meu marido não jogou tão bem no segundo tempo porque ninguém lhe passou a bola. Está na hora de ir para a Itália - propagou Anabela Chalana.

       Os jornais informam que o procurador do jogador, Manuel Barbosa, assistiu ao jogo ao lado de um emissário da Roma. Acossado pelos jornalistas, o presidente Fernando Martins, do Benfica, diz que desconhece esse tal sr. Barbosa  e ameaça:

        - Essa história de intermediários mexe-me com os nervos. Estou pronto a negociar com o presidente Viola, de quem aliás sou amigo, mas se ele me manda um intermediário bato-lhe com a porta na cara.

 

    

  Tarde luminosa de  março, Estádio Olímpico superlotado e cheio de bandeiras, faixas e fumaça multicolorida. A Roma - com exibições muito irregulares até aqui - muda de uniforme. Aurirrubro, não amarelo-vinho, como nos últimos anos. Disputa o jogo de ida das quartas-de-final da Copa dos Campeões Europeus contra o Dínamo de Berlim, clube do Ministério do Interior alemão-oriental, com cinco presenças consecutivas no certame.
   Apesar de contar com quatro astros da Copa do Mundo a Roma mostra-se muito nervosa e não consegue superar a defesa adversária. No segundo tempo o time melhora e um tiro em cobrança de falta do capitão Di Bartolomei faz a bola explodir no poste e desestabiliza a férrea defesa do time do outro lado da Cortina. Agora quem treme é o Dínamo. Graziani abre o placar e os romanos desembestam. Cerezo leva a bola do meio campo à grande área, resiste a cargas de três adversários e é derrubado, mas a bola sobra para Pruzzo que aponta o segundo gol. O terceiro é marcado a um minuto do fim pelo próprio Cerezo, que leva a platéia ao delírio numa das suas melhores exibições na Itália.

   

 

      Zico sofre uma lesão em amistoso com o Brescia, Udinese-Ascoli empatam sem gols e o Galinho vê Platini ultrapassá-lo na tabela de artilheiros, com 18 gols contra 17. A partir daqui o campeonato italiano passará a viver um remake readaptado do platinismo, nome dado ao complexo de inferioridade dos brasileiros em relação aos argentinos até os anos 50. Daqui para a frente o calcio estará sob o domínio absoluto do francês, que transformou a cobrança de um pênalti ultra-duvidoso no gol do empate a uma bola que a Juventus - segundo fortes suspeitas, outra vez agraciada pelo juiz - impôs à Sampdoria, em Gênova. O scudetto já foi dado à Juventus há muito tempo, dispara Liam Brady, da Samp, que conquistou dois títulos nacionais com a zebrona, externando os humores de boa parte dos tifosos em relação ao alegado super-poder da Juve nos meandros cautchísticos. Dominado pela Juve e Platini, o calcio volta à era do preto-e-branco.

     O Napoli de Dirceu continua apanhando de todo mundo, mesmo em casa, e após perder por 2 a 1 no Estádio de San Paolo com a Roma está na contingência de cair para a segundona. Como a Lazio, que empata a zero no Olímpico com o fraco Milan. A oito rodadas do fim, a situação é péssima também para Genoa, que perdeu em Turim com o Torino, e Pisa, goleado por 3 a 0 pela Inter - em franca recuperação -, em San Siro.

     Os jogadores cataneses já estão conformados com a despromoção mas não os tifosi da cidade do Etna. Sua fúria levou à interdição do estádio municipal e a partir de agora os torcedores são obrigados a viajar centenas de quilômetros até Palermo ou Messina só para ver seu time cumprir tabela.

 

 

                Batista, Pedrinho, Luvanor e Elói com Dirceu e Juary

                                                                               em

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Parece como com uma mulher. Fica-se sem saber se não se olhou bem as outras ou se só o Guerin Sportivo nos fazia ver o balé do futebol em toda sua beleza plástica.Havia outras revistas talvez mais bonitas que o Guerin. Mas nenhuma tinha fotografias com a qualidade estética do "velho" semanário bolonhês (fundado em 1912) "de crítica e política esportiva" que os jornalistas de todas as publicações ou seções de esporte de publicações de informação geral no estrangeiro consultavam nem que fosse só para ver  como se deve fotografar um esporte como o futebol, que faz com que todos os participantes se movam em total harmonia ou então em grande contraste de movimentos.Reproduzindo ao longo da narrativa de A triste e bela saga dos brasilianos algumas fotos históricas do Guerin queremos também render homenagem a um dos melhores produtos entre os muitos de raríssima qualidade com que a "douta e gorda" Bolonha encanta o mundo.

     

                    

                                                            

                           

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créditos autorais: Era Uma Vez a Revolução, fotos de James Anhanguera; bairro La Victoria, Santiago do Chile, 1993 ... A triste e bela saga dos brasilianos, Falcão/Barilla: FotoReporters 81(Guerin Sportivo, Bolonha, 1982); Zico: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior e seleção brasileira de 1982: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Edinho: Briguglio, Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Antognoni: FotoReporters 81, Guerin Sportivo, Bolonha, 1981. E-mAIL

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