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Que isto é muito bom para passar férias é uma das grandes frases feitas sempre ditas e nunca escritas com todas as letras e cada vez mais me apercebo disso. Consigo viver de férias quase todo o ano, a trabalhar em – e sobre o que – dá-me mais gozo, e já não é mau. O círculo de relações alargado e em muitos aspectos fascinante. Mas com as convulsões do 25 o número de jornais reduziu-se consideravelmente, dos nove diários antigos só restaram quatro e três têm problemas financeiros. Aqui e ali aparecem uns matutinos e semanários novos mas ou com projectos editoriais de vincada filiação política – tendo quem os sustente – ou popularuchos ou sem fôlego editorial e/ou financeiro. A rádio continua limitada ao que era, só com uma emissora privada e a pagar – e render, até em termos de projectos – o mesmo de sempre. Ninguém ousa explorar vias alternativas, por falta de capacidade, espírito de iniciativa ou bago. Soares mete mãos à obra no saneamento das contas públicas no âmbito do projecto de adesão à Comunidade Europeia e impõe-nos um regime de austeridade sem precedentes. A mim dá-me para a amargura, acentuada altas madrugadas quando à meia luz ouço Billie Holiday. A vida política mudou mas na sociedade são evidentes os sinais de sufocamento. Terminadas as convulsões da ‘revolução’, findas as esperanças infinitas, o país parece de novo possuído pelo fatalismo que sempre o caracterizou; o fado volta a assumir o leme e o país a viver sob a sinistra atmosfera de abandono que leva tanta gente a partir ou a desejar partir. |